"Manuel não disse ontem? Que mesmo aquilo que ele joga fora, ninguém mais tem permissão de tocar. Isso não é Manuel me ajudando; é Manuel agindo por si mesmo."Vendo que Rosana estava absorta em seus pensamentos, a Sra. Sarah se aproximou, segurando a mão dela com o desespero de quem agarra uma última esperança, e implorou:— Rosana, por favor, em nome do que já vivemos, converse com o Sr. Manuel. Peça para ele deixar nosso Pedro em paz, está bem?Rosana arqueou os lábios em um sorriso de escárnio e respondeu:— Naquela época, quando vocês destruíram a nossa família Coronado e levaram meu pai à prisão, por que não consideraram o que vivemos juntos? Eu acredito que o mundo dá voltas, e agora a volta chegou, não é?— Sim, sim, a família Ribeiro fez mal a você e aos Coronado, mas tínhamos nossos motivos...A Sra. Sarah tentou justificar aqueles acontecimentos, mas hesitava em revelar o segredo. Ela sabia que, se revelasse tudo, Pedro só acabaria se prejudicando ainda mais.Observando a he
A Sra. Sarah foi tomada por uma fúria avassaladora após ser completamente humilhada por Rosana e, sem hesitar, ergueu a mão, pronta para dar um tapa. No entanto, Rosana segurou firmemente o pulso dela e disse:— Você é mais velha, não quero brigar com você. Eu sugiro que vá embora agora e use esse tempo para pensar em uma maneira de salvar seu filho, não acha melhor?Ao terminar de falar, Rosana empurrou a Sra. Sarah para longe, abriu a porta e saiu.A Sra. Sarah, indignada, seguiu Rosana pelo corredor e gritou:— Rosana, você acha que é o quê agora? Só porque foi a mulher com quem Manuel se divertiu, acha que se tornou alguém mais importante? Pode esperar para ver! Se ao meu Pedro acontecer alguma coisa, se ele perder um fio de cabelo que seja, eu juro que você vai se arrepender!A voz estridente da Sra. Sarah quase chamou a atenção dos colegas da empresa. Felizmente, os seguranças chegaram rápido e a escoltaram para fora.Depois que a Sra. Sarah foi embora, Rosana sentiu uma mistura
Rosana, distraída, pensava: “Minha habilidade na cozinha foi forçada por Manuel, afinal.” Manuel era extremamente exigente com a comida e, no início, para agradá-lo, Rosana se dedicou imensamente a descobrir o que ele gostava. Ela sentia uma leve tristeza no coração; esses costumes acabaram se tornando marcas profundas em sua memória. Que triste! Naquele momento, Rosana ouviu Natacha dizer:— Hoje nem almocei, estou morrendo de fome! Me serve mais um pouco de caldo de galinha, pode ser?Rosana viu que Natacha tinha bebido o caldo até a última gota e, enquanto servia mais uma porção, brincou:— O Sr. Joaquim nem deixa você comer direito? Olha só para você!Natacha fez um gesto de desprezo e reclamou:— Nem me fale disso! Você não tem ideia, a Joyce quase me matou de raiva hoje! Minha cirurgia estava marcada para a manhã, e a dela para a tarde. Mas a Joyce insistiu em passar na frente para atender o paciente primeiro, porque precisava comprar um presente à tarde e, à noite, ia jantar
Rosana voltou para casa, encontrou o cartão bancário que Natacha havia deixado e o guardou na gaveta.Ela sabia que Natacha não tinha aparecido apenas para jantar. Mas o que Rosana não esperava era que, depois de já ter transferido uma boa quantia na última vez, Natacha agora também trouxesse um cartão para ela. Embora se sentisse tocada, Rosana sabia que essa não era uma solução ideal. Afinal, a amizade era para apoiar e aquecer o coração, e não para ser um peso para ambas....Enquanto isso, na casa da família Marques.Após o jantar, Joyce, solícita, disse:— Manuel, venha cá, vou trocar o curativo da sua ferida. Preciso ver se não está muito grave! E se acabar infeccionando? — Disse ela, tirando uma caixa de primeiros socorros. — Trouxe até meu próprio material. Sou médica, claro que minha técnica de curativos é bem melhor que a de uma clínica qualquer.Manuel respondeu com calma:— Não precisa, amanhã eu mesmo posso ir ao hospital para fazer o curativo.A Sra. Maria interveio pro
Depois de falar, Manuel se levantou, olhou o relógio e disse:— Já são quase nove horas. Ainda preciso trabalhar mais quando voltar para casa, então eu vou indo.Sra. Maria chamou Manuel, dizendo:— E a Joyce? Já está tão tarde, você ainda vai deixar a moça voltar sozinha?Manuel não teve tempo de recusar, pois Joyce interveio rapidamente:— Tia, hoje eu vim de carro. Como o Manuel ainda tem coisas para resolver, que ele vá primeiro.Sra. Maria estava cada vez mais satisfeita com Joyce. Ela se voltou para o filho e disse:— Olha só a Joyce! Que moça tão bondosa e atenciosa! No futuro, se você ousar maltratar a minha nora, eu não vou perdoar!Manuel sorriu de leve, respondendo:— Se a senhora gosta dela, então está ótimo.Assim, Manuel foi o primeiro a deixar a casa.Um brilho calculista passou pelo olhar de Joyce, que disse à Sra. Maria:— Tia, eu também já vou. Da próxima vez, volto para visitar a senhora.Sra. Maria assentiu com a cabeça, dizendo:— Certo, vá com cuidado. Quando che
Diante da insistência de Joyce, Manuel fez uma expressão severa e disse:— Você pode fazer o que quiser. Mas, se eu descobrir mais uma vez que você está me seguindo, ou que contratou alguém para fazer isso, você terá que arcar com as consequências que não conseguirá suportar. Se não acreditar, pode tentar!Depois dessas palavras, Manuel entrou no carro e se afastou, acelerando a saída.Joyce ficou olhando o carro de Manuel se afastar cada vez mais, visivelmente irritada. O olhar de Manuel tinha sido assustador, como se, se ela o seguisse novamente, ele fosse capaz de matá-la."Mas se eu não seguir o Manuel, como vou saber quem é aquela mulher?"...Quando Manuel chegou à casa de Rosana, já estava perto das dez horas.Bateu na porta, mas ninguém respondeu. Contudo, as luzes dentro da casa estavam acesas.Ele pegou o celular, só para perceber que estava sem bateria e desligado.Manuel bateu com mais força na porta e disse:— Rosana, abre logo a porta! Se você não abrir, vou chamar alguém
Rosana se sentou quieta à frente de Manuel, seus olhos observando a nova bandagem em seu braço. Era óbvio que a troca havia sido feita com mais cuidado, bem diferente da maneira apressada e desajeitada com que ela havia feito ontem. A forma como ele estava agora envolto no curativo parecia profissional, o que a fez pensar na noiva de Manuel, que, como médico, certamente teria sido capaz de cuidar dele melhor. Uma pontada de tristeza atravessou o coração de Rosana.Mesmo agora, enquanto Manuel degustava o caldo de galinha que ela preparou, Rosana sentia que aquilo era uma espécie de recompensa, como se fosse um prêmio dado por Manuel, e não um simples gesto de carinho ou necessidade.No final, Manuel não apenas terminou o caldo, mas também comeu todo o frango.— Está bom. — Foi a avaliação dele, sincera e direta.Rosana pegou a tigela, e em silêncio, foi até a cozinha lavar a louça.Manuel a seguiu até a porta da cozinha, e com um tom casual, disse:— Eu posso contratar uma empregada
O coração de Manuel se apertou inexplicavelmente.Manuel sabia, mas a obsessão e o ressentimento que carregava em seu peito eram tão profundos que ele só podia ser cruel com Rosana. Somente assim poderia tentar curar as feridas de sua infância, somente assim poderia compensar os anos de sofrimento que sua mãe havia suportado por ele.Manuel manteve o rosto impassível, como se as palavras de Rosana não tivessem abalado seu interior.Em silêncio, ele pegou o colar, caminhou até ela e, sem dizer uma palavra, colocou ele ao redor do pescoço de Rosana. Ela até pôde sentir o toque frio de seus dedos contra sua pele.Então, ouviu a voz de Manuel, fria e distante, vindo de trás dela:— Na vida, é importante sempre pensar nas consequências de tudo o que fazemos. Não ponha todas as suas esperanças em Cristóvão, senão, tenho medo de que você possa acabar perdendo tudo.Com essas palavras, Manuel se virou e se dirigiu para a porta, como se estivesse prestes a deixar a casa de Rosana.— Espere! — R