- Quando você vai se divorciar dela?

Dentro da sala VIP, a garota encarava o homem à sua frente, seus olhos cheios de paixão.

Josiane Lima estava do lado de fora da sala VIP, com as mãos e os pés gelados, olhando fixamente para o rosto bonito e imponente do homem, assim como aquela garota, sem piscar. Seu rosto estava ficando cada vez mais pálido.

Aquele homem bonito era o marido dela, Henrique Gomes.

Ele era mudo e trabalhava como garçom nesse clube. Ela saiu mais cedo do trabalho hoje para encontrar ele e irem juntos para casa, mas não esperava presenciar aquela cena.

Normalmente, ele vestia o uniforme de garçom, mas nesse momento ele estava de terno, com o cabelo curto perfeitamente arrumado, uma expressão nobre e fria. Seus gestos eram de uma elegância distante que ela nunca havia visto antes.

Ele abriu levemente os lábios, sua voz era baixa e agradável:

- Vou falar com ela em breve.

Ela fechou os olhos abruptamente e se virou para ir embora.

Ele podia falar, sua voz era tão bonita, mas ela não esperava que a primeira frase que ouviria dele seria sobre o divórcio.

Josiane estava atordoada, achando que tinha confundido a pessoa.

Aquele homem nobre e frio, como poderia ser o Henrique que ela conhecia? Como Henrique poderia se divorciar dela?

Ela saiu do clube e viu que estava chovendo. Logo ficou encharcada. Ela pegou o celular e por impulso ligou para ele.

Josiane caminhou até a janela da sala e, através da chuva embaçada, olhou para dentro.

Viu ele pegar o celular, suas sobrancelhas escuras se franziram e ele desligou a chamada sem expressão, em seguida, começou a digitar.

Logo, ela recebeu uma mensagem dele.

Henrique: "Josi, você esqueceu que eu não consigo falar? Como você pode me ligar?"

Josiane olhou para a mensagem, sentindo uma dor aguda no coração, como se uma lâmina a perfurasse!

"Por que ele mentiu para ela?"

"Quando ele recuperou a voz?"

"Quando ele conheceu aquela garota?"

"E quando ele decidiu que queria se divorciar dela?"

Milhares de perguntas rondavam sua mente. Ela queria confrontar ele, mas tinha medo de encarar o olhar frio dele e não conseguir suportar a dor.

Um ano atrás, ela encontrou ele sem memória e mudo, Henrique sabia apenas como escrever seu nome, o resto ele havia esquecido completamente.

Ela começou do zero, ensinando ele a ler, a linguagem de sinais e, até mesmo, a amar ela. Depois, eles se casaram.

As pessoas diziam que 21 dias eram suficientes para criar um hábito. Ela tinha passado um ano com ele, realmente se acostumou com sua presença, se acostumou com seu sorriso gentil.

Então, ela acreditava que tudo isso era mentira, que ele não iria se divorciar dela.

De volta para casa na chuva, Josiane tomou um banho quente, preparou as comidas favoritas de Henrique e se sentou à mesa, esperando pacientemente.

Quando o relógio marcou dez horas da noite, a porta se abriu e ele entrou, trazendo com ele um ar frio.

Josiane percebeu que ele havia trocado de volta para o uniforme de garçom.

Seu coração doeu de novo, sem motivo aparente.

Ela, por um momento, não conseguiu distinguir se o que tinha visto durante o dia era real ou apenas uma alucinação.

- Josi, o que aconteceu com você? - Henrique se aproximou e, ao ver seu rosto pálido e expressão atordoada, perguntou aflito em linguagem de sinais.

No rosto bonito dele havia preocupação e nos olhos negros havia ansiedade. Mas na mente de Josiane, o que estava presente era a imagem dele digitando friamente no celular, se virando logo em seguida para conversar e rir com outra mulher.

Era um pouco irônico.

- Henrique, você está com cheiro de perfume de outra mulher. - Josiane disse, evitando seu toque.

Ele ficou tenso, respondeu em sinais:

- Hoje fui chamado para ajudar na sala VIP, deve ser o perfume de alguma cliente. Vou tomar um banho agora.

Ele se levantou e foi para o banheiro. Logo, o som da água começou a ecoar. A maneira como ele explicou, nervoso, não parecia ser mentira, de jeito nenhum.

Josiane se levantou e entrou diretamente no banheiro, sem se importar em se molhar, abraçou ele, fechando os olhos com força.

- Henrique, hoje eu fui te procurar.

Os movimentos do homem pararam, e depois de um momento, um suspiro escapou.

- Você já sabe de tudo.