Sob o domínio do Cowboy
Sob o domínio do Cowboy
Por: Lya Flor
Capítulo 1

Oliver

Escutei os trotes do cavalo no solo enquanto mantinha meus olhos fechados.

A brisa fresca acariciou meu rosto como um bom amigo. 

A solidão, que a muito tempo me abraçava de forma confortável, tornou-se mais que uma companhia para mim, agora ela é uma fiel amiga.

O homem se aproximou, e mesmo de olhos fechados eu sabia quem era.

_ Senhor, um dos gados fugiu. Não conseguimos encontra-lo.

Acabei rindo. Homens que a muito tempo trabalham para mim nessa fazenda conseguiram perder um dos gados? É até engraçado, são todos experientes e ainda sim comentem erros idiotas como esse.

_ Vá.

Ouvi ele se retirar. Respirei fundo, sentindo mais um pouco o perfume da macieira que fazia uma ótima sombra em dias de calor. Quando abri meus olhos observei Darcy, minha égua que me acompanha a mais de dez anos nestas terras. Ela é uma guerreira e ama correr.

Me levantei, sentindo meus ossos estalarem. 

_ É Darcy, este cowboy aqui está ficando velho...

Ela relinchou como se estivesse entendendo cada uma de minhas palavras.

Tenho uma afinidade com Darcy como nunca tive com nenhum ser humano, nem mesmo com Liam, meu irmão mais novo.

Mesmo após a morte dos nossos pais permaneci distante, e Liam também.

Sempre fomos muito diferentes um do outro, e eu sei que no fundo Liam nem sequer sente minha falta, mas sei que sentimos falta dos nossos pais. Eram bons conosco, como pais devem ser, e rígidos quando necessário.

Meu pai era um fazendeiro que cavalgava o dia inteiro no sol, e no fim do dia sempre presenteava minha mãe com alguma flor que encontrara por acaso ou algo que ela queria muito. 

Pude acompanhar esse amor mutuo dos dois por vinte anos até que o acidente aconteceu.

Ao retornarem de uma viagem de negócios o carro dos dois bateu contra uma vaca na estrada, causando a morte de ambos na mesma hora. 

Tragédias assim são comuns por aqui, infelizmente.

Montei em Darcy, colocando os pensamentos longe. Ela pode sentir meus sentimentos dolorosos e começou a correr.

Ficamos quase uma hora a procura do gado até que finalmente encontrei. 

Peguei meu velho laço que estava agarrado ao suporte da sela de Darcy. Girei-o no ar com precisão e arremessei em direção ao boi que nem sequer resistiu. 

Quase duas horas depois, cavalgando vagarosamente cheguei na fazenda. Meus homens me encararam com um olhar de admiração, e as mulheres com luxuria. 

Já estou acostumado a ter esses olhares em cima de mim, e tudo bem. 

Quando finalmente meus pés tocaram o chão guiei Darcy até o celeiro para que tivesse o descanso merecido. 

Estava cansado, sentindo cada vez mais meu corpo dolorido. Não é por falta de exercício físico, não consigo entender porque me sinto tão exausto. Talvez seja pela idade, afinal já tenho quase quarenta anos, ou talvez eu possa ter alguma doença e não saiba.

_ Patrão, deseja alguma ajuda?

Perguntou Nathaly quando coloquei meus pés no casarão.

_ Não.

Ela me seguiu até as escadas. Nathaly supre meus desejos quando preciso, mas ultimamente não sinto vontade nem de fazer sexo. Há algo de muito errado comigo. 

_ Tem certeza? O senhor anda meio estranho ultimamente... está se sentindo bem?

Olhei para ela com raiva. Sei que Nath criou sentimentos por mim, mas não sinto absolutamente nada por ela. 

Virei-me e segui para o meu quarto, deixando-a sem a resposta que desejava.

Quando entrei no meu quarto respirei fundo e olhei pela janela a propriedade radiante, com centenas de cabeças de gado, com muitas plantações incluindo de café. Há muito dinheiro girando aqui, mas nada consegue me fazer feliz. Minha conta bancária é recheada, tem tantos zeros que nem consigo contar, mas mesmo assim me sinto infeliz. Não gasto esse dinheiro com nada, nem com as coisas mais idiotas possíveis.

Minhas botas estão furadas, minhas camisetas surradas e minhas calças costuradas. A única coisa inteira nas minhas vestimentas é meu chapéu e meu cinto. Nada mais.

Até quando vou me sentir tão infeliz? Pensei que dinheiro comprasse felicidade, mas me enganei.

Pensei que sentiria, algum dia, o mesmo amor e afeto que meus pais sentiam um pelo outro, mas jamais imaginei que fosse tão complicado achar um par, alguém em quem eu possa confiar.

Desde que eles partiram eu procuro alguém, alguém que jamais encontrei e duvido muito que, a essa altura da vida, eu vá conseguir encontrar.

A maior parte das mulheres que se aproximam de mim é por interesse, somente isso.

Não me acho um homem feito, sou rústico, barbudo e grande. Não sou estúpido, somente um homem calado. Inspiro medo somente em quem realmente tem que me temer, e nada além disso.

Só espero não morrer sozinho, apenas isso...

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