Liana O céu escurece de repente, como um prenúncio do caos. Estou no comando do helicóptero, os controles firmes sob minhas mãos, enquanto as gêmeas, Alice e Alícia, seguem atentas às instruções de Camila, a instrutora especializada em armas e estratégias. O som dos disparos ecoa pelos fones de ouvido, competindo com o zunido das hélices. Hoje, o treino é de tiro de precisão, e elas não decepcionam.— Ajuste o foco, Alice. Respire fundo e... atire — orienta Camila.Alice segura o fuzil CZ 750 TSR, ajusta a luneta e dispara. O alvo móvel, a 500 metros de distância, é perfurado exatamente no centro.— Boa, garota! — celebra a instrutora.— Sua vez, Alícia — Camila continua, a voz firme. — Alvo à direita, 600 metros, movimento em zigue-zague. Respire, alinhe a mira, e quando sentir o momento... dispare.Alícia ajusta a postura, os olhos brilhando com a adrenalina. Ela prende a respiração, pressiona o gatilho e o projétil corta o ar com precisão cirúrgica. O alvo metálico gira com o impa
Darlan Eu entro na La Russa Logística, aqui, tudo é fachada. Uma empresa de transportes comum para quem olha de fora, mas, na verdade, a verdadeira sede da nossa máfia. Escritórios, almoxarifados e caminhões servem de camuflagem para algo muito maior. Nada acontece aqui sem que eu e David saibamos. Nada.Caminho pelos corredores, meu destino claro, a ala feminina. Silvia Caruso está aqui. Ela ainda se sente um peixe fora d'água, e eu entendo. A filha de um dos nossos, porém traidor, mas a família não podemos deixar desamparada, e agora ela faz parte disso, mas, diferente dos outros, não foi treinada para esse mundo. Ainda.Quando a encontro, ela está sentada, folheando alguns documentos. Sei o momento exato em que me vê, porque seu corpo endurece, mas logo ela se recompõe e sorri. Uma tentativa fraca de disfarçar o nervosismo.— Darlan.— Silvia. — Dou um meio sorriso. — Espero que esteja se acostumando.Ela assente com a cabeça.— Faz parte da minha nova realidade, não?Cruzo os br
DanielO cheiro amargo do café recém passado preenche o ar, mas não é isso que me desperta. Há algo no ambiente, uma tensão invisível que antecede uma tempestade. Meu instinto grita antes mesmo de eu virar o rosto e ver Derick se aproximando. Nunca é boa coisa quando ele aparece assim, impaciente, o olhar cortante varrendo a lanchonete como se estivesse pronto para matar alguém.Finjo desinteresse, pegando meu café enquanto converso com alguns colegas. Mas ele não desvia, não hesita. Quando para ao meu lado, já sei que vem problema.— Precisamos conversar, Malta. Agora. — A voz dele está carregada de urgência, mas diferente de outras vezes, não há ameaça, nem sarcasmo.A surpresa se espalha pelo meu rosto antes que eu consiga mascará-la. Não é normal Derick me chamar para um papo assim, ainda mais sem arrodeios. Meus olhos deslizam para Lizandra, que está sentada à mesa, distraída com o celular. Derick também a olha e, num gesto inesperado, se aproxima dela e beija o topo de sua cabeç
SilviaO escritório da presidência do Grupo Lambertini é imponente. O luxo discreto, a sofisticação nos detalhes... Mas nada me desconcerta mais do que os dois homens que estão diante de mim. Darlan, que me trouxe até aqui, e David Lambertini, o próprio presidente do império. A simples presença deles carrega um peso que poucos suportariam.— Sente-se, Silvia — David aponta para a cadeira à minha frente.Faço o que ele manda, tentando ignorar o nó no meu estômago. Sei que não estou aqui para qualquer coisa. Meu sobrenome pode ser forte na máfia, mas nesse escritório, tudo o que importa é minha competência.— Vamos direto ao ponto. — David entrelaça os dedos sobre a mesa. — Você vai entrar como coordenadora de operações. No início, seu trabalho será mais de observação. Preciso que identifique falhas, entenda o caos e descubra onde está o problema.— E, principalmente — Darlan se inclina, o olhar fixo em mim. — Descobrir quem está roubando.Minha respiração vacila por um segundo. Não so
Silvia CarusoEntrei no prédio imponente do Grupo Lambertini com a cabeça erguida, mas por dentro, um furacão de pensamentos se agita. Estou prestes a assumir um cargo de extrema responsabilidade em um ambiente que, à primeira vista, parece caótico. A máfia não me preparou tão bem assim para lidar com pressão, confesso que o meu pai me poupou de muita coisa, mas será que estou pronta para isso? Respiro fundo, ajusto a postura e sigo até o elevador. Meu destino é a presidência.As portas metálicas se abrem e acompanho os irmãos exalam poder e domínio sobre tudo ao redor. David inclina levemente a cabeça, avaliando-me com aqueles olhos afiados, enquanto Darlan sorri de canto, sempre carregado de um charme perigoso.— Pronta para o caos? — Darlan brinca, mas sua pergunta carrega um peso real.— Se não estivesse, não estaria aqui — respondo firme, sem desviar o olhar.David assente em aprovação e faz um gesto para que eu o siga. Caminhamos pelos corredores amplos e sofisticados até chegar
NinaA madrugada ainda pairava sobre o quarto quando abri os olhos, sentindo o calor envolvente do corpo de Santiago pressionado contra o meu. O quarto estava silencioso, mas era um silêncio carregado. Carregado do desejo que ainda pulsava entre nós, das marcas que deixamos um no outro durante a noite.Eu me virei lentamente, encontrando seus olhos escuros fixos em mim. Havia um brilho predatório ali, algo intenso e inebriante que me fazia esquecer como se respirava. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Santiago deslizou a mão para minha nuca e me puxou para um beijo urgente, faminto, como se a noite não tivesse sido suficiente. Como se ele precisasse me sentir novamente, se perder em mim mais uma vez.Suas mãos viajaram pelo meu corpo, percorrendo minhas curvas com uma reverência possessiva, como se cada toque dissesse: você é minha.Senti seu corpo sobre o meu, quente, duro, cheio de necessidade. Ele se encaixou entre minhas pernas, e eu arqueei o quadril, buscando mais, dese
DanielA noite cheira a álcool, suor e promessas vazias. As luzes piscam num ritmo frenético, e o grave da música faz o chão vibrar sob meus pés. Boates sempre foram o refúgio perfeito para quem quer esquecer, afogar problemas em copos cheios e corpos vazios. Mas essa noite, sei que nada disso vai apagar a merda que está prestes a acontecer.Darlan me chama para relaxar na Gemini, e eu aceito sem pensar muito. Deixo Lizandra em casa e sigo para o bar, onde ele já me espera com um copo cheio. Assim que me sento, Derick aparece e completa o trio. Entre goles de whisky e conversas jogadas fora, o assunto inevitável surge.— Precisamos dar um jeito nesses dois — Darlan resmunga, girando o copo na mão. — David e Lizandra ainda se amam, mas são dois cabeças duras.— A gente tem que ajudar — Derick concorda, mais sério do que o normal. — Mas sem forçar a barra. Lizandra está grávida, não pode se estressar.Eu balanço a cabeça, pronto para dar minha opinião, mas então vejo algo que me faz so
DanielSe tem uma coisa que me diverte mais do que irritar David, ainda não descobri. Vejo ele se aproximando devagar, achando que está sendo discreto, mas já conheço os passos desse filho da mãe. Troco um olhar rápido com Darlan, e é nesse instante que decido tornar o dia mais interessante. Inclino-me casualmente para ele e solto a bomba com um sorriso de canto:— Pedi a Liza em casamento. E ela aceitou.Darlan arregala os olhos e engasga tão forte com o café que acho que vou ter que socorrer. Ele me encara, incrédulo, sabendo que eu iria provocar David, mas sem imaginar que eu ia soltar algo desse nível. David para no meio do caminho, os punhos cerrados, e sua expressão se contorce de raiva pura. Ele não diz nada, mas o jeito que os músculos de sua mandíbula se movem me faz saber que ele está se segurando para não me socar aqui mesmo. Sem outra opção, ele se vira e marcha para o estacionamento como um touro prestes a atacar.E então, como se nada tivesse acontecido, Liza aparece. El