SilviaO escritório da presidência do Grupo Lambertini é imponente. O luxo discreto, a sofisticação nos detalhes... Mas nada me desconcerta mais do que os dois homens que estão diante de mim. Darlan, que me trouxe até aqui, e David Lambertini, o próprio presidente do império. A simples presença deles carrega um peso que poucos suportariam.— Sente-se, Silvia — David aponta para a cadeira à minha frente.Faço o que ele manda, tentando ignorar o nó no meu estômago. Sei que não estou aqui para qualquer coisa. Meu sobrenome pode ser forte na máfia, mas nesse escritório, tudo o que importa é minha competência.— Vamos direto ao ponto. — David entrelaça os dedos sobre a mesa. — Você vai entrar como coordenadora de operações. No início, seu trabalho será mais de observação. Preciso que identifique falhas, entenda o caos e descubra onde está o problema.— E, principalmente — Darlan se inclina, o olhar fixo em mim. — Descobrir quem está roubando.Minha respiração vacila por um segundo. Não so
Silvia CarusoEntrei no prédio imponente do Grupo Lambertini com a cabeça erguida, mas por dentro, um furacão de pensamentos se agita. Estou prestes a assumir um cargo de extrema responsabilidade em um ambiente que, à primeira vista, parece caótico. A máfia não me preparou tão bem assim para lidar com pressão, confesso que o meu pai me poupou de muita coisa, mas será que estou pronta para isso? Respiro fundo, ajusto a postura e sigo até o elevador. Meu destino é a presidência.As portas metálicas se abrem e acompanho os irmãos exalam poder e domínio sobre tudo ao redor. David inclina levemente a cabeça, avaliando-me com aqueles olhos afiados, enquanto Darlan sorri de canto, sempre carregado de um charme perigoso.— Pronta para o caos? — Darlan brinca, mas sua pergunta carrega um peso real.— Se não estivesse, não estaria aqui — respondo firme, sem desviar o olhar.David assente em aprovação e faz um gesto para que eu o siga. Caminhamos pelos corredores amplos e sofisticados até chegar
NinaA madrugada ainda pairava sobre o quarto quando abri os olhos, sentindo o calor envolvente do corpo de Santiago pressionado contra o meu. O quarto estava silencioso, mas era um silêncio carregado. Carregado do desejo que ainda pulsava entre nós, das marcas que deixamos um no outro durante a noite.Eu me virei lentamente, encontrando seus olhos escuros fixos em mim. Havia um brilho predatório ali, algo intenso e inebriante que me fazia esquecer como se respirava. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Santiago deslizou a mão para minha nuca e me puxou para um beijo urgente, faminto, como se a noite não tivesse sido suficiente. Como se ele precisasse me sentir novamente, se perder em mim mais uma vez.Suas mãos viajaram pelo meu corpo, percorrendo minhas curvas com uma reverência possessiva, como se cada toque dissesse: você é minha.Senti seu corpo sobre o meu, quente, duro, cheio de necessidade. Ele se encaixou entre minhas pernas, e eu arqueei o quadril, buscando mais, dese
DanielA noite cheira a álcool, suor e promessas vazias. As luzes piscam num ritmo frenético, e o grave da música faz o chão vibrar sob meus pés. Boates sempre foram o refúgio perfeito para quem quer esquecer, afogar problemas em copos cheios e corpos vazios. Mas essa noite, sei que nada disso vai apagar a merda que está prestes a acontecer.Darlan me chama para relaxar na Gemini, e eu aceito sem pensar muito. Deixo Lizandra em casa e sigo para o bar, onde ele já me espera com um copo cheio. Assim que me sento, Derick aparece e completa o trio. Entre goles de whisky e conversas jogadas fora, o assunto inevitável surge.— Precisamos dar um jeito nesses dois — Darlan resmunga, girando o copo na mão. — David e Lizandra ainda se amam, mas são dois cabeças duras.— A gente tem que ajudar — Derick concorda, mais sério do que o normal. — Mas sem forçar a barra. Lizandra está grávida, não pode se estressar.Eu balanço a cabeça, pronto para dar minha opinião, mas então vejo algo que me faz so
DanielSe tem uma coisa que me diverte mais do que irritar David, ainda não descobri. Vejo ele se aproximando devagar, achando que está sendo discreto, mas já conheço os passos desse filho da mãe. Troco um olhar rápido com Darlan, e é nesse instante que decido tornar o dia mais interessante. Inclino-me casualmente para ele e solto a bomba com um sorriso de canto:— Pedi a Liza em casamento. E ela aceitou.Darlan arregala os olhos e engasga tão forte com o café que acho que vou ter que socorrer. Ele me encara, incrédulo, sabendo que eu iria provocar David, mas sem imaginar que eu ia soltar algo desse nível. David para no meio do caminho, os punhos cerrados, e sua expressão se contorce de raiva pura. Ele não diz nada, mas o jeito que os músculos de sua mandíbula se movem me faz saber que ele está se segurando para não me socar aqui mesmo. Sem outra opção, ele se vira e marcha para o estacionamento como um touro prestes a atacar.E então, como se nada tivesse acontecido, Liza aparece. El
LizandraSaio do banheiro resmungando. Se continuar assim, vou ter que acampar lá dentro. Preciso urgentemente me acostumar com essa nova realidade de ir ao banheiro de dez em dez minutos. Mas, assim que piso de volta, a cena diante de mim me faz esquecer qualquer incômodo.Darlan e Daniel estão rindo como duas crianças, um empurrando o outro enquanto brincam com algum jogo idi0ta. Meu primeiro impulso é revirar os olhos, mas antes que eu possa abrir a boca para reclamar, Daniel solta algo que me deixa em choque:— Não há algo melhor que irritar o David, dizer que pedi a Liza em casamento. E que ela aceitou foi cômico!Meu coração quase para.— Do que vocês estão falando? — pergunto, confusa.Daniel arqueia uma sobrancelha e ri, divertindo-se com a minha expressão.— Tá bom, Liza. Confesso. David apareceu por aqui tentando se esgueirar sem ser notado, e eu, como sou um cara gentil, resolvi facilitar a vida dele e soltei um: "Vou casar com a Liza."Arregalo os olhos, minha cabeça giran
DavidO sangue ferve nas minhas veias assim que vejo Lizandra encostada em Daniel Malta, como se pertencesse àquele lugar, como se ele fosse o porto seguro dela. Meus punhos se fecham involuntariamente, e a única coisa que consigo pensar é que preciso sair dali antes de fazer uma merrda. Sem pensar duas vezes, entro no carro e arranco com tudo, deixando o estacionamento para trás com o motor rugindo como um aviso.A raiva me consome. Meus pensamentos giram em torno da cena que acabei de presenciar, da voz de Malta soando na minha cabeça como um maldito disco quebrado: "Pedi a Liza em casamento. E ela aceitou." Filho da putta. Ele sabe exatamente como me atingir. Mas não vai ficar assim.Meus punhos se fecham antes mesmo de eu entender a situação por completo. Sinto o sangue correr quente pelas veias. Não pode ser verdade. Daniel é um brincalhão, mas esse tipo de provocação? Ele não ousaria...Darlan engasga com o café, olhando para ele como se tivesse ouvido a maior heresia do mundo.
DavidMeu peito pesa como se estivesse carregando o próprio infern0 dentro de mim. O mundo lá fora segue em frente, mas eu estou preso, sufocado pela verdade que acabei de descobrir. Gêmeos. Dois filhos. Meus filhos. E a mulher que carrego na pele, na mente, em cada batida errada do meu coração... eu a perdi. Eu fui burro o suficiente para afastá-la. Agora, ela está seguindo sem mim.Dirijo como uma pessoa vazia, vou até minha cobertura, sem rumo, sem razão. Mas não estou completamente sozinho. Pelo retrovisor, vejo outro carro blindado me seguindo. Lucca. Ele se tornou um amigo, são muitos anos que ele me escolta, mas sei que nesse momento, ele está me vigiando. Deveria me sentir protegido, mas a única coisa que sinto é um vazio que me engole por dentro.Ao atravessar a porta, sou atingido por uma avalanche de lembranças. O cheiro dela ainda está aqui, impregnado nos lençóis que nunca mais troquei. Lembro de quando a conheci por completo, seu corpo, seus desejos, suas inseguranças.