LizandraEu ando de um lado para o outro na sala, sentindo meu peito subir e descer em um ritmo frenético. As palavras de Liana ecoam na minha cabeça, cada frase carregada de uma certeza que eu não consigo ignorar. "David mudou. Ele está sofrendo." Meu coração aperta, e eu levo as mãos ao rosto, tentando conter a avalanche de sentimentos que me domina.Eu o amo. Isso nunca esteve em questão. Mas amar não significa esquecer. Não significa simplesmente apagar a dor, como se nada tivesse acontecido. Meu corpo sente a falta dele. Dói fisicamente, como se um pedaço de mim estivesse faltando. As noites são longas, solitárias, e a ausência de David pesa sobre mim como uma sombra constante.Mas e se Liana estiver certa? E se ele realmente tiver mudado? E se essa dor que eu carrego só puder ser curada voltando para ele?Respiro fundo e encaro meu reflexo na janela. Eu sei o que preciso fazer.Caminho até o quarto e troco de roupa rapidamente. Nada de hesitações. Visto uma calça jeans, uma blus
DanielO tédio é um veneno. Um veneno que corrói, que me deixa inquieto, com os nervos pulsando e a necessidade de aliviar a tensão. E eu já sei exatamente como. Pego o celular e deslizo os dedos até o nome que me interessa. Maia.— Onde você está? — digito direto ao ponto.A resposta vem quase instantânea:— Em casa. Entediada.Sorrio. Isso facilita as coisas.— Estava pensando em nós. Naquele dia, depois da aula... Você sabe. Preciso matar a saudade.Ela demora alguns segundos para responder, o suficiente para me deixar ainda mais ansioso.— Também estou precisando, Daniel. Quero transarr com um gostoso.Rio com seu jeito direto. Eu gosto disso nela. Sem joguinhos. Sem enrolação.— Estou indo te buscar. Nem precisa perder tempo se arrumando. Aonde vamos, roupas não serão necessárias.— Vou só tomar um banho e colocar um vestido bem folgadinho... para facilitar na hora.Maldita provocadora. Arranco as chaves do carro da mesa e saio sem pensar duas vezes.Quando Maia entra no carro, e
DavidMeu telefone vibra sobre a mesa, e um frio percorre minha espinha ao ver o nome do soldado que deixei na escolta de Lizandra. Algo dentro de mim diz que não é uma boa notícia.— Fale. — minha voz sai cortante.— Senhor, sua mãe está na casa da senhorita Lizandra.Fecho os olhos e respiro fundo. Então ela decidiu agir por conta própria. Parte de mim quer ligar para ela agora mesmo, mas algo me impede. Se minha mãe está lá, é porque acredita que pode fazer algo por nós.Os minutos se arrastam, minha paciência no limite, até que o telefone vibra novamente.— Ela saiu da casa. — o soldado informa.Aperto o celular com força, mas apenas concordo com um som abafado e encerro a chamada. Meu peito está apertado, e a ansiedade cresce. O que ela fará agora?Dessa vez, o telefone toca mais rápido do que eu esperava. Atendo sem paciência.— O que foi agora? — rosno.— A senhorita Lizandra saiu pilotando uma moto de alta cilindrada. — A voz do homem sai tensa, mas ele continua. — Está acele
DavidMinha respiração falha. Sinto um nó se formar na minha garganta, algo quente e doloroso. Não sou um homem que se permite fragilidade, mas agora, na frente dela, me permito.— Eu sei que errei. Sei que te magoei de um jeito que talvez eu nunca possa consertar... Mas eu te amo. E vou passar a minha vida provando isso para você, se for preciso.Ela fecha os olhos com força, e mais lágrimas caem. Eu não seguro as minhas. Pela primeira vez, me permito deixá-las escorrer. Deixá-la ver que estou destruído sem ela.— Eu não posso mudar o passado. — Mas eu posso prometer que nunca mais serei o homem que te machucou. Eu te amo, Lizandra. Mais do que qualquer coisa nesse mundo. Você e os nossos filhos são tudo para mim.Ela solta um soluço, levando a mão à boca para conter o choro, mas não consegue. Está despedaçada. Assim como eu.— E se eu não conseguir, David? E se um dia eu acordar e o medo ainda estiver aqui? — sua voz falha, carregada de desespero.Aproximo-me mais, segurando seu ros
NaraMeu corpo inteiro ainda vibra, como se uma corrente elétrica tivesse atravessado cada nervo, cada músculo, cada centímetro da minha pele. Nunca senti isso antes. Nunca. Mas agora, encostada nessa parede fria, com o gosto de Derick ainda nos meus lábios, estou confusa. Meus pensamentos estão uma bagunça, mas meu corpo... meu corpo pede mais.Eu sou a Nara, tenho 19 anos, nasci na máfia, cresci ouvindo as regras silenciosas que regem nosso mundo. Meu pai, Nuno, é um soldado leal, minha mãe, também filha da máfia, cuida da casa e do meu irmão de 15 anos. Nossa vida é confortável, segura dentro das leis da máfia, mas eu quis mais. Eu quis independência. Por isso aceitei trabalhar com Derick. Meu pai e Dilton, o pai dele, conversaram e decidiram que eu era a pessoa certa para escoltar Raissa, a irmã dele. E assim eu fui parar ao lado desse homem que mexe comigo de um jeito que eu não consigo explicar.Derick é um problema. Eu sei disso. Todo dia ele está com uma mulher diferente. E eu
AliceA adrenalina corre pelas minhas veias como uma corrente elétrica. O relógio marca 23h45, e a mansão Lambertini dorme, ou pelo menos, acho que sim. Olho para minha irmã, ajoelhada ao meu lado, e vejo aquele brilho travesso em seus olhos. Alicia digita rapidamente no notebook, conectando o pen drive que roubamos do nosso irmão Darlan.— Pronta? — ela pergunta, mordendo o lábio com ansiedade.— Sempre — respondo, sentindo o coração bater mais rápido.Ela dá um último comando, e as câmeras da ala leste piscam, entrando em loop. Estamos invisíveis.Levantamo-nos em silêncio, atravessando o corredor e escapando pela entrada lateral. O ar fresco da noite nos abraça quando saimos pelo portão principal com a cara mais cínica do mundo. O aplicativo já avisou, o carro nos espera no fim da rua. Entramos no banco traseiro, trocamos um olhar cúmplice e sorrimos.— Boate Gemini, por favor — Alicia diz, empolgada.É nossa válvula de escape. Nosso refúgio. O único lugar onde não somos apenas as
AliceMeu coração martela no peito como um tambor descompassado. As luzes da boate Gemini piscam em tons de azul e roxo, mas minha visão se fixa em apenas três figuras próximas ao bar. David, Darlan e Derick. Os reis do império Lambertini. E nossos carrascos em potencial, caso descubram nossa presença aqui.Minhas pernas parecem paralisadas. Tento me mover, mas é como se meus pés estivessem cravados no chão. O copo gelado de morango sem álcool escorrega da minha mão suada, mas o seguro a tempo. Engulo em seco e me viro apressada.— Alicia! — grito baixo, puxando o braço dela.— Que foi? Está pirando? — Ela sorri, achando que é mais uma de nossas brincadeiras.Seguro seus ombros com força e inclino o rosto para o bar. Seus olhos acompanham o movimento e se arregalam ao encontrar o trio de homens que jamais deveriam nos ver ali.— Merda! — sussurra.Nossos olhares se encontram e a compreensão é imediata: precisamos sumir. Rapidamente.Começamos a nos afastar discretamente, mas o grupo d
DavidA porta da diretoria do hospital La Russa se fecha atrás de mim, mas a sensação de que algo está prestes a explodir me acompanha. Meu nome nunca deveria ter sido envolvido nesse tipo de merrda, mas aqui estou eu, apagando incêndios, resolvendo problemas que os outros criaram. Meu humor já está uma droga quando a secretária entra sem bater, como se tivesse alguma autoridade sobre mim.Ela é nova. Não sabe ainda com quem está lidando.— Quem autorizou a sua entrada aqui sem crachá de acesso? — A voz dela sai firme, mas os olhos denunciam outra intenção quando percorrem meu corpo, parando descaradamente na minha calça.Minha paciência se esgota, mas antes que eu possa abrir a boca, ela morde o lábio inferior e avança.— Mas eu posso resolver isso… — Sua mão quente desliza sem hesitação pela minha calça, formando um volume bem evidente.Respiro fundo, mantendo a expressão neutra.— Você tem noção do que está fazendo?Ela sorri, se ajoelha e, sem mais nem menos, me coloca na boca e c