DarlanMeu mundo não é feito de surpresas. É feito de estratégias, poder e controle. Mas hoje, pela primeira vez em muito tempo, sinto o chão fugir dos meus pés. A verdade pesa sobre mim como chumbo quente, e sei que não posso segurar isso por muito tempo. David precisa saber. Eu sei que eles estão sofrendo, mas depois do momento na faculdade, ficou claro para mim que Lizandra ainda não está pensando em falar nada.Estaciono o carro na entrada da mansão no exato momento em que vejo David sair de seu carro. Ele está tenso, o olhar perdido, os ombros rígidos. Algo nele me diz que não será uma conversa fácil, não imagino como ele reagirá a isso.— Precisamos conversar. — Minha voz sai firme, sem espaço para rodeios.David me encara por um instante, depois assente com a cabeça e segue para dentro. Subimos juntos até seu quarto, o silêncio carregado de uma tensão sufocante. Ele fecha a porta atrás de nós e se joga na poltrona ao lado da cama, esfregando o rosto com as mãos.— Eu já sei. —
DavidConteódo sensívelMeu humor hoje beira o inominável. Estou à beira de explodir e, sinceramente, se alguém ousar cruzar meu caminho da forma errada, será um convite direto para o inferno. Sento-me na cadeira de couro da minha sala na presidência do Grupo Lambertini, tentando revisar um contrato, mas as letras dançam diante dos meus olhos. Não é o trabalho que me irrita, é a sensação de impotência. Lizandra... sempre ela, e agora meu filho, sempre a confusão na minha mente, a dor, o desejo. Ela está ali, latejando no fundo da minha mente, e isso me corrói.O celular vibra na mesa. Pego o aparelho e vejo o nome de Darlan na tela. Meu dedo desliza pelo vidro e a notificação se abre. Uma mensagem curta, mas o suficiente para fazer um sorriso sombrio surgir no meu rosto.Darlan: Pegamos o traidor. O infeliz que estava trocando os whiskys importados por falsificados na Gemini. Recebeu as boas-vindas e te aguarda no galpão.Eu me recosto na cadeira, girando o celular entre os dedos. Fi
DerickRaíssa... bem, minha irmãzinha não tem ideia do quanto sou capaz de protegê-la. Ou melhor, do que sou capaz de fazer para mantê-la longe de mãos erradas.Estou observando. Sempre estou.Quando a vejo se arrumando para sair, caprichando no visual com um brilho diferente nos olhos, já sei, tem alguém por trás disso. E não demoro para descobrir quem. Daniel Malta. Filho da putta.Raíssa manda uma mensagem para ele, e o desgraçado responde rápido demais. Interesse demais. Se arruma demais. Tudo grita perigo.Ela sai de casa radiante, se despede da nossa mãe como se fosse um dia qualquer, mas eu sei que não é. Eu conheço minha irmã. Sei quando está tramando alguma coisa. E se tem um nome que não quero ligado ao dela, é o de Daniel Malta.Dirijo até o shopping sem ser notado por ela. Eu sou bom nisso.Ela caminha entre as vitrines, até que ele aparece. E pelo jeito que sorri para ela, sei que esse desgraçado já imagina como minha irmã ficaria debaixo dele. Engulo a vontade de quebr
DavidTudo para mim fazz sentido no instante em que meus olhos encontram Lizandra. O som abafado das conversas ao redor some, e tudo que vejo é ela. Linda, radiante, ao lado de Maia. Mas quando nossos olhares se cruzam, seu rosto se fecha de imediato. Meu peito aperta. Merrda.Levanto do banco onde estou, pronto para ir até ela, mas antes que eu dê dois passos, Lizandra se apressa em sair. Não sou idi0ta, sei que está me evitando. Mesmo assim, me aproximo.— Lizandra.Ela para, mas não me olha.— Estou de saída. — Sua voz é fria, distante, como se cada palavra carregasse veneno.Antes que eu possa responder, ela segue em frente. Meu olhar segue seu destino, e é aí que vejo Daniel Malta. O sangue ferve. Ela se aproxima dele sem hesitar, e para piorar a porrah toda, encara-me por um segundo antes de abraçá-lo. Um abraço que dura mais do que deveria. Um abraço que me mata.Darlan, que está um pouco atrás de mim, solta um longo suspiro, como se já previsse o que vem a seguir. Eu, por outr
DavidO destino tem um jeito cruel de nos fazer encarar os nossos piores erros. De rei intocável da minha própria bolha, tornei-me um homem que mal consegue respirar. Estou parado no centro do escritório da mansão Lambertini, os olhos fixos no celular sobre a mesa, como se aquela tela pudesse me engolir. Meu peito sobe e desce em um ritmo descompassado, e tudo ao meu redor parece distante, abafado pelo rugido da verdade que descobri."Lizandra, confirma amanhã às 14h o seu pré-natal?"A mensagem brilhou como um soco no meu estômago. Agora ainda sinto o gosto amargo da culpa subindo pela garganta. Lizandra. Grávida. De mim. Eu engravidei a mulher que amo e joguei fora da forma mais cruel possível.Minha mente gira. Como vou contar isso ao meu pai? O patriarca dos Lambertini sempre deixou claro que nossa linhagem é um privilégio para poucos. Lizandra, com sua inocência e força, não pertence ao nosso mundo. E ele não vai aceitá-la. Não enquanto houver sangue estranho carregando nosso sob
NinaO frio de Bariloche deveria gelar meus ossos, mas ao lado de Santiago, tudo parece absurdamente quente. Passamos o dia explorando a cidade, entre risadas e olhares roubados, como se o tempo tivesse desacelerado só para nós. Quando ele segura minha mão no caminho de volta para sua cobertura, um arrepio percorre minha espinha. Não é só pelo vento cortante. É por ele.Assim que entramos, ele me puxa para perto, os olhos queimando com um desejo que não precisa ser dito. O beijo que troca comigo é lento, profundo, como se quisesse gravar cada sensação na pele. Suas mãos deslizam com delicadeza pelo meu corpo, como se cada toque fosse uma promessa. Nos movemos juntos, entre carícias e suspiros, explorando um ao outro com um cuidado que me faz querer derreter em seus braços. Não há pressa, não há urgência. Só nós dois, entregues a algo que parece maior do que apenas um momento.Depois, deitada ao lado dele, envolvida pelo calor do seu corpo, deveria me sentir leve. Mas a tensão que se i
Don VittorioChego em casa e sinto o vazio no ar. Um silêncio que não combina com meu lar. Meu coração aperta imediatamente.— Liana? — chamo, percorrendo os cômodos. Nada. Nenhum sinal da minha mulher. A sensação de ausência dela me devora.Subo para o quarto, puxo o celular e começo a rastreá-la. Sei que exagero, mas não consigo evitar. Ela é meu norte, minha âncora, e quando não está aqui, algo dentro de mim se descontrola.A porta do quarto se abre com força, e Darlan entra como um furacão, se jogando na minha cama como se fosse dele.— Cai fora da minha cama, Darlan, deixa de ser folgado! — rosno, sem paciência para as palhaçadas dele.— Vamos! — ele responde rindo, mas não se mexe.— Por que tenho que sair, papai? Mamãe não chegou, deve estar voando por aí. O senhor sabe o quanto ela é rigorosa com as questões de segurança. O helicóptero dela não sai do lugar sem autorização, e o senhor sabe que não adianta esbravejar.Esse moleque tem um dom para me irritar. Respiro fundo e enc
Liana O céu escurece de repente, como um prenúncio do caos. Estou no comando do helicóptero, os controles firmes sob minhas mãos, enquanto as gêmeas, Alice e Alícia, seguem atentas às instruções de Camila, a instrutora especializada em armas e estratégias. O som dos disparos ecoa pelos fones de ouvido, competindo com o zunido das hélices. Hoje, o treino é de tiro de precisão, e elas não decepcionam.— Ajuste o foco, Alice. Respire fundo e... atire — orienta Camila.Alice segura o fuzil CZ 750 TSR, ajusta a luneta e dispara. O alvo móvel, a 500 metros de distância, é perfurado exatamente no centro.— Boa, garota! — celebra a instrutora.— Sua vez, Alícia — Camila continua, a voz firme. — Alvo à direita, 600 metros, movimento em zigue-zague. Respire, alinhe a mira, e quando sentir o momento... dispare.Alícia ajusta a postura, os olhos brilhando com a adrenalina. Ela prende a respiração, pressiona o gatilho e o projétil corta o ar com precisão cirúrgica. O alvo metálico gira com o impa