Asher Bennett.08:20 - Mansão do Dominic- Quarto - Castellano City.Uma semana depois. A semana se arrastou como se o tempo estivesse me punindo por algo que eu não conseguia entender. Tudo parecia pesado, lento, sufocante. Desde que passei a morar com Taehyung, minha rotina virou de cabeça para baixo. Deveria estar me acostumando, mas, em vez disso, me sentia perdido entre o alívio silencioso de tê-lo por perto e a sensação de que algo escapava por entre meus dedos.O trabalho se tornou um inferno. Liam, Jack e Sophia me tratavam como um estranho, e era difícil pensar neles como amigos agora. Será que ainda eram? O ambiente da lanchonete, antes acolhedor, agora parecia apertado demais, carregado de olhares frios e silêncios cortantes. Cada vez que colocava o uniforme, sentia o peso de algo que não conseguia nomear.E, quando o expediente terminava, voltava para os braços de Taehyung. O ciclo se repetia: entrava no carro, ele me levava para casa e, assim que cruzávamos a porta da man
Asher Bennett.Ele ficou parado, surpreso, enquanto minha visão ficava turva pelas lágrimas que não paravam de cair. Meu corpo inteiro tremia.— Eu te odeio, Taehyung. — As palavras escaparam em um sussurro, mas carregavam um peso irreversível.Passei por ele sem olhar para trás, descendo as escadas às pressas. Meu coração pulsava violentamente contra o peito, mas minhas pernas continuaram correndo.Quando cheguei à saída, vi Sérgio encostado no carro, tragando um cigarro com a mesma calma de sempre.— P-Por favor... abre o portão... — Minha voz saiu fraca, quebrada.Suspirou pesadamente, mas sem questionar, apertou o botão. Os portões começaram a se abrir lentamente. Assim que houve espaço suficiente, corri para fora, sentindo o ar frio e úmido contra minha pele.A primeira gota de chuva caiu, seguida por várias outras, até que uma tempestade desabou sobre mim.Continuei correndo, mas as pernas começaram a fraquejar. A dor no meu peito era insuportável. Saber que o homem que eu amava
Jack Lawris.A tempestade se intensificava. O céu, antes nublado, agora estava coberto por nuvens escuras e carregadas, um aviso silencioso do que estava por vir. Encostado no carro, tragava calmamente um cigarro enquanto observava o horizonte cinzento. Foi então que vi Asher sair do carro em um ritmo anormalmente rápido. Seu rosto estava pálido, os olhos arregalados, como se tivesse acabado de receber um soco no estômago.Sabia que ele havia ido à lanchonete para pedir demissão, mas por que parecia tão devastado? Franzi o cenho, observando-o se afastar. Soltei a fumaça do cigarro e dei de ombros. Não era problema meu.Poucos minutos depois, meu chefe chegou à mansão. Algo estava errado. Ele tinha uma reunião importante com fornecedores de drogas e vendedores de explosivos ilegais. Não era do feitio dele abandonar compromissos tão cruciais. Ainda assim, lá estava ele, caminhando para dentro da mansão sem sequer olhar para os lados. Depois de alguns longos minutos, a tensão no ar só a
Dominic Castellano.A dor na minha cabeça era insuportável, latejante, como se martelos estivessem golpeando meu crânio sem trégua. Abri os olhos com dificuldade, a visão embaçada, tornando tudo ao redor indistinto. A luz forte do quarto parecia penetrar fundo demais, fazendo meus olhos lacrimejarem. Pisquei repetidamente, tentando me acostumar à claridade, mas a sensação de incômodo persistia.Cada movimento enviava ondas de dor pelo meu corpo, como se meus músculos estivessem sendo rasgados a cada tentativa de me mexer. Meus ossos pareciam frágeis, prestes a ceder sob qualquer pressão. Foi então que percebi uma presença ao meu lado.Alguém estava sentado perto da cama, com a cabeça apoiada no colchão. Observei a figura em silêncio. Quem era aquele rapaz? Seus cabelos cinza estavam desgrenhados e os ombros caídos davam a impressão de que carregava um fardo pesado demais. Havia algo nele que me inquietava.Tentei mover o braço, mas a dor explodiu como uma corrente elétrica atravessand
Dominic Castellano.Levantei o olhar para ele, deixando minha expressão o mais sincera e vulnerável possível.— Porque essa é a forma do meu amor. — Minha risada saiu fraca, carregada de melancolia. — Você realmente acha que eu faria tudo isso se não te amasse?Abriu e fechou a boca algumas vezes, incapaz de encontrar palavras. Seu rosto refletia uma mistura de choque, dor e incerteza.Inclinei levemente a cabeça, mantendo minha voz baixa, mas firme.— Eliminar qualquer obstáculo para ter você só para mim… essa foi a maneira errada que encontrei de amar. — Suspirei, sentindo um peso esmagador no peito. — Mas agora percebo o quanto fui cruel.Baixei o olhar, sentindo as lágrimas quentes deslizarem pelo meu rosto. Um soluço contido escapou quando minha respiração falhou.— Me perdoe… — Sussurrei, a voz embargada. — Fui um monstro. Um doente mental. Como pude fazer coisas imperdoáveis com a única pessoa que realmente importava para mim?A respiração dele estava irregular, o olhar oscilan
Asher Bennett.08:20 - Hospital - Castellano City.Uma semana depois. Terça-Feira.Já fazia uma semana desde que Taehyung foi internado. Sete dias que pareciam uma eternidade.Ele passava por exames diários, fazia fisioterapia para fortalecer o corpo após o coma e, lentamente, demonstrava sinais de recuperação. Mas, apesar do progresso, ainda não se lembrava de mim.No começo, tentei me convencer de que ele apenas precisava de mais tempo. O médico explicou que a amnésia poderia ser temporária e que forçá-lo a lembrar poderia piorar sua condição. Mas a incerteza sobre se um dia voltaria a se recordar de mim, me sufocava.O que mais me chocou foi vê-lo chorar. Taehyung, ou melhor, Dominic Castellano, soluçando contra meu ombro, implorando por perdão. Algo dentro de mim se despedaçou naquele momento. Nunca imaginei que um homem como ele pudesse derramar lágrimas, muito menos expressar arrependimento de maneira tão sincera.Mas a perda de memória parecia tê-lo transformado.Os primeiros
Asher Bennett.09:10 - Mansão do Dominic- Quarto - Castellano City.Meus dedos tremeram levemente ao segurar o tecido de sua camisa. Então, sem pensar muito, deslizei os braços até seu pescoço e fiquei na ponta dos pés, puxando-o para mim.O beijo começou hesitante, suave. Nossos lábios se tocaram com uma delicadeza inesperada, como se nós nos redescobríssemos. Mas essa ternura durou pouco. Assim que senti sua respiração entrecortada contra minha boca, algo mudou.Me puxou para mais perto, capturando meus lábios com um desespero contido. Sua mão deslizou até minha cintura, os dedos pressionando minha pele através da camisa. Arfei contra sua boca, e isso pareceu incentivá-lo ainda mais. O beijo se tornou profundo, avassalador, como se estivesse me reivindicando ali mesmo, marcando-me como seu.Um gemido escapou dos meus lábios quando sua língua invadiu minha boca, tomando-me para si sem hesitação. O gosto dele era quente, viciante, intoxicante. Meus dedos deslizaram até sua nuca, apert
Dominic Castellano.15:20 - Mansão do Dominic- Quarto- Castellano City.Terça-Feira. Lentamente, fui despertando de um sono profundo, um que há muito tempo não experimentava. A primeira sensação foi um toque suave no rosto, dedos deslizando delicadamente pela minha pele, aquecendo-me de forma reconfortante. Por um instante, apenas me permiti sentir, afundando ainda mais no colchão.Então, os toques foram substituídos por beijos delicados na bochecha.— Está na hora de acordar, Tae. Você precisa comer.A voz doce e suave de Asher soou próxima, fazendo um arrepio percorrer minha pele. Movi a mão livre, aquela que não estava engessada, e deslizei-a por sua cintura, puxando-o para perto antes mesmo de abrir os olhos.Quando finalmente os abri, me deparei com os olhos mais encantadores que já vi. O rosto dele estava a poucos centímetros do meu, os lábios curvados em um sorriso terno.— Acho que posso me acostumar a ser acordado assim. — Murmurei, a voz ainda rouca pelo sono.Riu baixinho