Ao bater o sinal do intervalo, do recreio, Celso sai da sala e após chegar ao pátio da escola é intimado por Laerte e mais dois outros guris.
- E ai pastorzinho o que tu falou do eu pai?! – Chegou Laerte indagando e empurrando Celso.- Disse que ele é um frutinha que nem tu! – Respondeu Celso encarando aquele outro guri.- Tu pensas que é machão, não é pastorzinho?! – Asseverou Laerte sorrindo.- Mais do que tu seu bostinha! – Insistiu Celso fechando a mão direita.- Repete isso! – Gritou Laerte chamando a atenção dos outros alunos que estavam no pátio na hora do recreio.- “Briga! Briga”! – Eles gritavam.- Por que tu não cai pra dentro! – Brada Celso fitando aquele outro guri bem nos olhos.- Tu vai apanhar! – Gritou se babando Laerte. Nesse momento Celso acerta um soco bem no meio da cara doA briga de seu filho com outro guri não tinha chegado nos ouvidos de Rebeca quando ela entrou na sua primeira turma ainda. Ela se apresentou como a professora de geografia. Claro que se apresentar naquela cidade pequena era apenas por simples formalidade, já que todos ali deviam saber que ela era a “esposa” do pastor. Aquela cidade era bastante estranha parecia que só tinha uma igreja na região. O diretor Tarcísio e caricato um alemão gordo o apresentou na sala dos professores com grande empolgação:- “Queridos essa é a nossa nova professora de geografia, a irmã Rebeca Wolfgang, esposa de nosso novo pastor”! – Disse sorrindo na sala dos professores com ela de pé.- “Bem vinda irmã”! – Saudaram os outros enquanto ela segurava sua bolsa e alguns livros nas mãos.Na primeira sala de aula não foi diferente ao passar pela porta da sala acompanhada do diretor Tarcísio. Ele parou em frente ao quadro negro, que ainda era um quadro pintado na parede de verde, e se escrev
O que Kimberley mais queria aquela noite depois de um dia cansativo, depois de uma manha de aulas na escola nova era fumar um “baseado”. Um bom e velho “baseado”. Mas onde conseguiria tal coisa. Ela estava sentada na cama enquanto pensava sobre isso. Aquele lençol rosa, não combinava com seu estilo. Na verdade o que tinha ali dentro refletia apenas a hipocrisia cristã de seu pai. Ele queria que ela [Kimberley] passasse aos seus fiéis uma guria que ela não era. Ele [seu pai] queria que ela bancasse a “santa” e “virgem”, mesmo que ela não fosse nada disso e nem se encaixasse no perfil.Kimberley Wolfgang sempre soube que era diferente. Ela não era a guria que seu pai queria que ela fosse. Foi assim que ela se apaixonou por Alexandro, vulgo “locão; “Locão” tinha sido seu primeiro amor. Quando ela o viu com aquela jaqueta de couro batida, aqueles spikes e
Depois que Hyldon saiu para correr, e as crianças para escola Rebeca ficou limpando a casa, quando ouviu umas leves batidas na porta da frente. Ainda com a vassoura na mão ela vai ver quem era. Ao abrir o pequeno vitro enxerga uma velha. Era uma velha bem enrugada, cabelo bem branco, de coque e um vestido azul com flores roxas. Nas suas mãos estava uma pequena forma com algo coberto com um guardanapo.- Olá irmã? – Disse a velha lhe fitando sorrindo. – Sou sua vizinha Dolores Hans! – Argumentou. – Moro na casa rosa aqui na frente, aquela com gramado e rosas! – Exclamou apontando para sua casa do outro lado da rua. – Vim lhe trazer uma cuca de boas vindas. – Completou destapando a cuca e mostrando para Rebeca.- Entre! – Disse Rebeca largando a vassoura de cabo verde encostada no sofá e abrindo a porta para receber aquela velha.- Desculpe eu vir essas horas irmã, mas é que eu andava muito doente! – Explica a velha enquanto entra na casa dos Wolfgang. – Não conse
Enquanto corria Hyldon passa pelo prefeito Adão Bierhals da cidade que está conversando com algumas pessoas. Ele [Hyldon] os cumprimenta e passa, mas logo volta para conversar com o prefeito, ele gostaria de saber o que tinha acontecido com o templo dos católicos romanos da cidade.- Prefeito posso falar com o irmão? –Pergunta Hyldon.-Sim pastor! – Respondeu o prefeito se despendido das pessoas e saindo caminhando com Hyldon.- Irmão o que houve com o templo dos católicos? – indagou Hyldon indo direto ao ponto. – Ele está todo depredado, cadê o padre? – Insistiu. – O que houve aqui? – Completou.O prefeito enquanto caminha põe a mão direita no ombro esquerdo de Hyldon e responde:- É uma historia muito longa pastor! – Disse.- Pode me contar então, por que pelo jeito somos a única igreja dessa cidade! – Retrucou Hyldon fitando o homem.- Como eu disse pastor Wolfgang a historia é longa! – Insistiu. – Nunca tivemos muita sorte com religiões, padres e
Naquela manha os períodos foram mais reduzidos, por que duas professoras haviam faltado. O motivo? Problemas de saúde! O que fez com que a escola dispensasse a turma de Celso mais cedo. Celso até tinha ficado feliz com isso, já estava feliz quando chegou na escola e não viu Laerte. O guri estava em casa se recuperando da surra que levara dele. Agora mais essa noticia para deixar seu dia mais feliz. Ao dar o sinal ele corre para sala de Kimberley para avisar a irmã. A sala dela ficava no pátio perto da quadra. Ele bate na porta de madeira da sala, quando a professora atende ele exclama:- Quero falar com a minha irmã Kimberley! – Disse fitando aquela mulher de cabelos negros e longos.- Sim. – Concorda a mulher. – Kimberley o seu irmão quer falar contigo! – Exclamou.Kimberley se levanta de sua classe que ficava no meio da sala e vem até a porta:- O que houve Celso?! – Indagou ela ao irmão.- Duas professoras minhas estão doente e faltaram! – Respondeu ele rapid
Enquanto conversavam, comem um pedaço da cuca e tomavam chimarrão Rebeca pergunta a velha:- A senhora sabe irmã Dolores por que existem tantos corvos em Galpões? – Indaga.- Olha irmã, isso é um segredo da cidade! – Respondeu a velha mordendo um pedaço da cuca de abacaxi que tinha feito. Fazer cucas era o que aquela velha gostava de fazer. – Porém como a irmã é a esposa do nosso novo pastor e para que não aconteça com ele o que aconteceu com seu antecessor! – Exclamou a velha. – Vou lhe contar o que sei! – Completou.- O que aconteceu com os nossos antecessores nesse lugar? – Perguntou Rebeca curiosamente. Ela estava até com medo da resposta.- Ele ficou louco! – Disse a velha sussurrando pondo a mão direita onde segurava o pedaço de cuca perto da boca. – Ele ficou louco, matou a esposa e os dois filhos mais novos e depois se matou! – Explicou ela com os olhos arregalados a fitar Rebeca que estava de boca aberta com a revelação.- Na verdade eles encontra
Quando Celso acorda no pátio baldio os corvos já não estão mais lá. Ele se levanta com dificuldades. Sua cabeça doía muito. O sangue lhe escorria pela testa. Ele não sabia por quanto tempo ficou desacordado. Traves uma hora ou mais. Ele pega a sua mochila do chão e exclama pondo a mão esquerda sobre a cabeça:- Que droga!Celso sai caminhando ainda cambaleando um pouco. Ele tinha que chegar em casa rapidamente antes que aqueles corvos voltassem. Ele caminha até em casa e ao chegar a porta da cozinha se joga para dentro de casa.- Celso! – Grita Rebeca vindo assustada para ver o que estava acontecendo com o filho.- Mãe! – Disse ele com a voz fraca.- O que houve meu amorzinho? – Perguntou ela se agachando e pondo a cabeça dele em cima de suas pernas.- Foram eles! – Respondeu Celso com o rosto sujo de sangue e terra.- Eles quem?! – Indagou Rebeca. – Quem fez isso Contigo?! – insistiu ela.- Os corvos! – Respondeu ele novamente agora de olhos fech
Sentados na cama enquanto Hyldon digitava o sermão que iria pregoar no domingo pela manha, Rebeca resolve lhe contar sobre a lenda que a velha da cuca havia lhe contado;- Hoje de manha antes do ocorrido com Celso eu recebi uma visita inesperada. – Disse ela. Rebeca sempre ficava do lado direito da cama. – Era uma senhora, uma de suas fiéis chamada Dolores, ela que trouxe para nós aquela cuca de abacaxi! – Explicou a mulher fitando a Hyldon que digitava sem falar nada. – Ela me contou uma lenda sobre essa cidade e esses corvos! – Exclamou. Nesse momento Hyldon a fita e pergunta:- O que essa velha te disse?- Que esses corvos são culpa de uma maldição imposta por um bruxo local aos moradores da cidade no final do século dezenove! – Respondeu ela fitando no fundo dos olhos aquele homem.- Bobagem! – Retrucou ele.- Não é! – Assevera Rebeca. – Ela me disse que no final do século dezenove havia na cidade um casal muito estranho, o homem tinha uma aparência repulsiva, era