Patrícia deixou um beijo na testa dele antes de sair e, ao ouvir a porta se fechar suavemente, pai e filho abriram os olhos em um entendimento silencioso. Os olhos de Diego estavam cheios de lágrimas:— Pai, você realmente não pode ficar?— Desculpe. — Teófilo mostrava uma expressão de dor profunda.Assim que Patrícia saiu da sala, o frio lá fora cortava seu rosto como uma faca, fazendo toda a sua face doer. Como Teófilo havia dito, tudo já estava preparado.— Sra. Patrícia, o avião já está pronto para você, pode embarcar agora.— Obrigada.— Mas o hangar é um pouco distante, teremos que pedir que você caminhe até lá.— Sem problemas. — Patrícia acenou com a mão.Ela estava envolta em um casaco grosso, enterrando o rosto todo no gorro. Sentia como se alguém estivesse olhando para ela, mas não ousou olhar para trás. Se olhasse, tinha medo de nunca mais conseguiria ir embora. Patrícia repetia em silêncio, em seu coração, não olhar para trás, continuar caminhando para frente.Teófilo
— Não vá, mamãe! Espere por mim!A neve caía durante toda a noite, formando uma camada espessa. Com dificuldade, Diego se levantou da neve, mas a porta da cabine já estava fechada e as hélices do helicóptero começavam a girar.Diego correu em direção à frente, apesar de ter prometido a Patrícia na noite anterior que ficaria bem, mas no momento da despedida, todo o raciocínio desapareceu, restando apenas o instinto.Ele era ainda uma criança, uma criança que sempre vivera sem a mãe, e seu rosto mostrava o quanto se importava com Patrícia.— Mamãe, não vá, eu acabei de te encontrar, por favor, fique!Seu pequeno corpo caiu novamente na neve, e Diego chorava como uma criança, chamando incessantemente.Mas o vento estava tão forte hoje, e o som das hélices dominava o ambiente. Como Patrícia poderia ouvir suas palavras?— Mamãe, sinto tanto sua falta, sempre senti, você pode ficar? Por favor? Eu serei bom, prometo obedecer. Eu estava mentindo, eu não quero que você vá, quero te ver todos os
Patrícia viu Teófilo segurando Diego na neve através da janela do avião, e seu coração parecia estar sendo apertado.Ela se sentia uma mãe incompetente.Mal tinham se reunido e já tinha que soltar a mão do filho novamente. Quanto Diego deve estar sofrendo agora?Ela apoiou as mãos no vidro, e as lágrimas não paravam de cair.Finalmente, viu pai e filho desaparecerem na neve, com passos largos e pequenos, até sumirem completamente.Quando será que ela poderá ver seu filho novamente?O avião voava em direção a uma ilha, e levou muito tempo para Patrícia se recuperar da separação de seu filho.Antes mesmo de pousar, ela viu Luciana fingindo ser uma galinha mãe num jogo, com Joyce agarrada a ela como um pintinho, enquanto Frederico fazia o papel de águia tentando pegar o pintinho. Mesmo sem ouvir, era possível sentir a alegria delas.Ao ouvir o som do helicóptero, Luciana parou e foi com as crianças ao encontro de Patrícia.Uma semana depois de deixar Fabiano, o estado de espírito de Lucia
Teófilo observava Fabiano, que muito se assemelhava a ele no passado, cabeça dura, mas não ridicularizava sua ingenuidade. Todos são inocentes quando se trata de amor, adquirindo experiência somente através dos desafios que a vida impõe. Essas vivências não são absorvidas simplesmente porque alguém lhe disse algumas palavras, certos desafios precisam ser enfrentados pessoalmente. Teófilo não zombava de seu orgulho atual, pois o destino é justo, e o que tiver de ser, será. Além disso, Teófilo já percebia que Fabiano nutria algo especial por Luciana, não era meramente uma paixão passageira, como ele afirmava. O amor cura até aqueles que falam duramente. Enquanto conversava, Fabiano estava olhando o monitor, onde ela aparecia sentada à beira-mar, visivelmente mais estável emocionalmente do que antes. Parecia que a sugestão de Teófilo estava correta, ela precisava da cura que somente amigos e crianças poderiam oferecer. — A situação em casa está complicada no momento. Vou deixá-la
Luciana soube que restavam apenas cinco dias para sua partida e começou a imaginar o futuro.— Luciana, quais são seus planos para o futuro?— Quando estava na escola, sempre pensei que ganhar mais dinheiro mudaria meu futuro. Trabalhei dia e noite por anos, juntei bastante dinheiro, mas perdi coisas ainda mais importantes. Agora, quero me mudar para um país tranquilo e fazer trabalho voluntário, ajudar essas crianças carentes. Se eu me cansar, pretendo aprender novas habilidades, abrir uma cafeteria, uma floricultura ou viajar pelo mundo, vivendo uma vida completamente diferente da que tinha antes.— Ótimo.Luciana olhou para ela:— E você, o que vai fazer?— Vou me dedicar e continuar minha carreira na medicina. Quero ser motivo de orgulho para os meus professores. — Respondeu Patrícia com determinação nos olhos.— Que bom. — Luciana suspirou. — Parece que estou vendo nós duas no terceiro ano do ensino médio, sentadas sob uma árvore no campus, sonhando com o futuro. Se soubéssemos qu
Ao ouvir aquela voz, Luciana imediatamente mudou de expressão e arrancou a venda dos olhos. Diante dela estava Fabiano, a quem ela não via há muito tempo! Ela gaguejou, como se tivesse sido atingida por um raio: — Como você está aqui?Fabiano sorriu de canto: — Sinto sua falta todos os dias e noites, assistente Luciana. Parece que você tem sido muito feliz na ilha, esqueceu quem eu sou? Os empregados, percebendo a situação, se afastaram discretamente. Os dois pequenos, sem entender o que estava acontecendo, olhavam para Fabiano com grandes olhos curiosos. Sob esse olhar inocente e adorável, Fabiano, que mal podia esperar para fazer algo, teve que soltar Luciana. — Você é o Frederico, e você é a Joyce, certo? As crianças olhavam para ele docilmente, sem saber o que pensar. De repente, Joyce chamou: — Papai? Fabiano riu, se agachou rapidamente e a levantou nos braços. Era como se um patinho estivesse procurando sua mãe. — Querida, eu não sou o pai de vocês. Se alguém ou
Luciana fez uma careta: — Essa piada não tem graça nenhuma, Paty. O que vamos fazer agora? Ele chegou e nosso plano... A voz de Fabiano ecoou por trás dela: — Que plano? Assistente Luciana, o que você tem feito às minhas costas?Luciana desejou poder se bater por quase ter se revelado.Patrícia, no entanto, manteve a calma, tirou a máscara, largou as ferramentas e tirou a roupa cirúrgica antes de sair do quarto.— Nada, não sei se Luciana estava falando sobre te esfaquear enquanto você dormia ou te matar com laxantes. Ela pode pensar em cem planos desses por dia.Luciana suspirou aliviada e fez sinais com os olhos para Patrícia, grata por ter uma amiga como ela.As duas sempre tiveram personalidades complementares: Patrícia era calma e controlada, Luciana, direta e impulsiva.Fabiano riu levemente: — Sorte sua que a esposa de Teófilo é mais sensata.Patrícia respondeu friamente: — Sr. Fabiano, deveria saber que já nos divorciamos. Esse título talvez não seja apropriado.— Me descu
Patrícia lavou as mãos e saiu da sala de autópsia, seguida pelos dois filhos:— Mamãe, tio...— Eu já sei, podem ir brincar.Os olhos de Patrícia exibiam uma preocupação sutil, ela tinha a sensação de que a presença de Fabiano ali não era coincidência.Desde que ela foi embora, Teófilo nunca mais apareceu, nem havia notícias dele.À medida que o dia de sua partida se aproximava, Patrícia se sentia cada vez mais inquieta.Teófilo havia concordado em deixá-la em paz apenas porque ela ainda estava na ilha, um lugar onde ele podia vê-la.Se ele soubesse que ela estava de partida, certamente não a deixaria em paz.O olhar de Patrícia pousou na porta do quarto de Luciana, sem saber se Fabiano a levaria embora.Se Luciana voltasse, sua situação seria pior do que antes, afinal, Teófilo a amava desde o começo.Mas Fabiano era diferente, nos olhos dele, Luciana era apenas um objeto, nunca daria a ela um status legítimo, mesmo que tivessem filhos. Luciana ainda seria vista como uma amante desprez