Aquele tom de voz chatedo fez Patrícia levantar a cabeça, encontrando seus olhos úmidos, semelhantes aos de um cachorrinho abandonado.Ainda era o Teófilo que ela conhecia? Será que tinham trocado sua alma com a de um cão?Patrícia respondeu friamente:— Como posso ajudar?Teófilo tocou a palma da mão dela, fazendo o rosto de Patrícia corar até parecer que iria sangrar.Ela rapidamente recusou:— Não, não pode ser, eu recuso, nem pense nisso.— Então deixe assim, não se mexa, me deixe fazer. — Os olhos de Patrícia quase pularam das órbitas, ela não esperava que Teófilo dissesse algo assim. — Paty, fique tranquila, eu não vou realmente tocar em você, assim está bom.Ela estava usando uma calça de seda pura, muito suave e fina, por isso ainda podia sentir claramente.O som ofegante de Teófilo estava bem ao seu ouvido, deixando Patrícia extremamente envergonhada.Ela cobriu os olhos com o dorso da mão, enquanto murmurava xingamentos:— Teófilo, você é realmente detestável.— Sim, eu sou m
Ele colocou Patrícia na cama e se virou para o sofá.O sofá, sendo de dois lugares e considerando que ele tinha quase um metro e noventa de altura, deixava suas longas pernas se estenderem para fora.Patrícia respirou fundo, à beira de explodir de irritação:— Teófilo, você está fazendo isso de propósito para me irritar?— Paty, eu consigo dormir no sofá, veja como eu fico bem assim deitado.— Você vem para a cama agora!Sob um comando furioso, Teófilo obedientemente voltou.A maneira como interagiam era inédita, mas estranhamente harmoniosa.Patrícia, envolta em um grosso cobertor, jazia imóvel, enquanto Teófilo, também sem dormir, apenas a observava fixamente, como um fantasma.Ela acordava frequentemente à noite para encontrá-lo olhando para ela assim, quase morrendo de susto.— Seu idiota, você não pode simplesmente dormir?— Minhas costas doem, não consigo dormir. Você dorme, eu fico de guarda.Quem está de guarda para quem, afinal?Patrícia se sentia completamente impotente.Ela
A frase pairou suavemente aos ouvidos de Patrícia, e seu rosto imediatamente se tingiu de vermelho, como um céu pegando fogo na noite. No início, ela apenas pensou que, se ele a abraçasse, adormeceria tranquilamente, então não o impediu. Quem diria que, depois, ele começaria a avançar sem qualquer reserva? Se isso não tivesse sido impedido antes, seria o mesmo que consentir. Agora, fingir que está dormindo não funciona, e repreender Teófilo também não é uma opção, parece que ela está encurralada num precipício, sem ter para onde fugir.A mão dele continuava a se aventurar descontroladamente:— Paty, depois de tanto tempo, você nunca pensou sobre isso?O rosto de Patrícia estava ruborizado, e até sua respiração se tornou ofegante:— Estou gastando todas as minhas forças apenas para sobreviver, você acha que tenho tempo para pensar nessas coisas?Teófilo beijava a lobeira de sua orelha e murmurava roucamente:— Eu penso muito, penso em você ao ponto de quase enlouquecer.Embora os dois
Teófilo lentamente puxou o pijama de Patrícia, que não o impediu. Aproveitando a luz não muito brilhante do lado de fora, ele podia observar as costas magras da mulher e a bela curvatura de sua cintura. Ela estava realmente muito magra, para ser honesto, abraçá-la já não era tão confortável como antes. Provavelmente por ter tido três filhos, seus seios não só não diminuíram, mas também ficaram maiores do que antes. Como ela não amamentou, estavam cheios e firmes. Tendo dado à luz prematuramente duas vezes, não havia marcas de estrias em seu abdômen, sua pele era lisa e delicada, verdadeiramente a mulher dos sonhos de qualquer homem. Ela não sabia que seu corpo podia ser comparado ao de uma deusa, tão fascinante.O quarto estava aquecido vinte e quatro horas por dia, quente como a primavera, mas, sem as roupas para cobri-la, Patrícia ainda estremeceu involuntariamente.— Paty, se vire, eu quero ver você.— Não! — O homem a puxou para si, e Patrícia continuou a cobrir os olhos com
A sacola do café da manhã que Ivone segurava caiu no chão enquanto ela, cobrindo os olhos, corria para fora. Patrícia, que dormia profundamente, foi despertada pela voz dele. Ela franziu a testa, lutando para abrir os olhos. A posição mantida durante toda a noite a deixou um pouco desconfortável, instintivamente, ela virou o corpo e, como tantas vezes antes, enterrou a cabeça no peito de Teófilo.Teófilo, surpreso, e percebendo que ela não parecia querer acordar, também fechou os olhos e voltou a dormir. Era uma das raras vezes em que ele e Patrícia ficavam na cama até mais tarde. Devido ao seu status especial, as enfermeiras geralmente não ousavam incomodá-lo, então haviam cancelado a ronda matinal. Geralmente, era Patrícia quem se levantava para pegar os medicamentos na enfermaria, permitindo-lhes assim dormir tranquilos.Patrícia teve um sonho bonito, no qual via seus três filhos. Diego, segurando seus irmãos gêmeos, um menino e uma menina, corria em sua direção com um grande
Nos dois dias seguintes, ele sempre encontrava desculpas para tocá-la.No quinto dia, enquanto Patrícia estava de avental na cozinha, fritando algo com o exaustor rugindo ao fundo, Teófilo surgiu por trás e a abraçou, assustando ela terrivelmente. Ela quase atingiu o rosto dele com uma espátula.O que ele estava tentando fazer agora?— O que foi isso? — Exclamou ela, desligando rapidamente o fogo e arrumando os pratos enquanto o aroma delicioso da comida se espalhava pelo ambiente.Teófilo ficava se tornava cada vez mais pegajoso:— Não é nada, só queria te abraçar.Patrícia, sem palavras, começou a suspeitar que ele tinha colocado algum tipo de droga na comida, pois seu comportamento estava muito estranho ultimamente.Teófilo continuava abraçando ela por trás, como uma criança manhosa:— Eu só lamento tanto, Paty. Você é tão maravilhosa. Por que não percebi isso antes?Irritada, Patrícia resmungou:— Bem feito.— Sim, bem feito. É por isso que também mereço ser punido.— Está bem, l
Quanto mais Teófilo queria que o tempo não passasse rapidamente, mais rápido ele parecia fluir.Na noite do sexto dia, Teófilo abraçou Patrícia e demorou para adormecer.Patrícia sabia o que ele estava pensando, mas permaneceu em silêncio.A vida é um ciclo constante de reencontros, despedidas, quedas e recuperações, um processo de crescimento contínuo.Ninguém permanece parado para sempre.Ao amanhecer, após Patrícia preparar o café da manhã, Lucas e Gabriel, que não eram vistos há dias, apareceram silenciosamente à porta.Ambos estavam visivelmente mais magros e com olheiras profundas, sinais de dias intensos.— Sra. Patrícia.Curiosa, Patrícia perguntou:— Não era para saírem amanhã?— Foi o chefe quem nos mandou vir. Ele está se recuperando bem dos ferimentos e vai receber alta antes do previsto. Já organizamos tudo para a alta.Patrícia olhou para trás, para Teófilo, que estava de terno, como sempre, sem mostrar sinais de ter sido ferido.As feridas mais superficiais em seu corpo
Assim que essas palavras foram ditas, as lágrimas de Patrícia também começaram a cair. Até hoje, ela se lembra de quando entregou seu pedido de desistência da escola, e o professor, que acabara de sair da sala de cirurgia ainda vestindo a roupa cirúrgica e segurando um bisturi, correu para a escola. Inicialmente, ele pensou que algo sério tivesse acontecido. Os negócios da família de Patrícia estavam em declínio? Ou alguém a ameaçava? Ele sugeriu que, se fosse uma questão de dinheiro, poderia solicitar uma bolsa de estudos integral para ela e até levá-la para o centro cirúrgico. Se fosse uma questão de sua família querer que ela mudasse de carreira para assumir os negócios da família, ele negociaria com João. Naquele dia, ele chegou suando e ofegante, dizendo:— Patrícia, não seja boba, você tem um futuro brilhante pela frente. Se tiver algum problema, conte para o professor, farei o possível para te ajudar, tudo bem? — Quando Patrícia disse a Teófilo que estava desistindo apenas p