Rapidamente, Lucas avançou em meio ao som dos tiros, alarmado ao testemunhar a cena terrível:— Presidente Teófilo!Teófilo, suando frio de dor e com os lábios pálidos, ainda conseguiu dizer:— Salve a Paty primeiro.A porta do passageiro estava presa contra a parede e não podia ser aberta, à esquerda, um grande caminhão bloqueava qualquer saída. Lucas conseguiu entrar se espremendo através do para-brisa quebrado:— Presidente Teófilo, aguente firme.Patrícia, com dedos trêmulos, acariciava o rosto de Teófilo, enquanto lágrimas espessas caíam.Teófilo sorriu fracamente para ela:— Paty, você estava certa, parece que vou ter que devolver essa vida a você. Não tenho medo de morrer, meu único medo é que, se eu morrer, não haverá ninguém para proteger você e as crianças. Desculpe por nunca ter sido um bom pai ou marido, fazendo vocês sofrerem tanto, deixando você cheia de cicatrizes, cough...Ele tossiu, e sangue começou a escorrer pelo canto de sua boca.Mesmo à beira da morte, ele ainda
Ela não sabia qual era o tipo sanguíneo de Teófilo, até que Lucas explicou:— O Presidente Teófilo tem um tipo sanguíneo P1 bastante raro. Ao ouvir isso, Patrícia sentiu um escurecimento à sua vista, quase desmaiando no local. Formada em medicina, ela sabia bem a raridade desse tipo sanguíneo. O sistema sanguíneo P, distinto dos sistemas ABO e RH, se subdivide em P1, P2, P1k, P2k e p, sendo os tipos P1 e P2 os mais comuns, enquanto os três últimos são excepcionalmente raros. O tipo P, já difícil de encontrar, era justamente o que Teófilo precisava em numerosas transfusões devido a seus ferimentos, o que poderia ser insuficiente. — Como isso é possível... Patrícia recuou e, se não fosse por Lucas a segurar, teria caído de joelhos. Ela preferiria que a pessoa machucada fosse ela, sabendo que este seria o resultado.— Sra. Patrícia, não fique tão nervosa. O Presidente Teófilo sempre teve uma boa condição física, certamente nada de ruim acontecerá. Se os fragmentos tivessem a
Lucas rapidamente providenciou alguém para cuidar dos ferimentos de Patrícia, que agora estava tão concentrada em Teófilo que não sentia nenhuma dor. A porta da sala de cirurgia se abriu, e Ivone saiu. Apesar de ter entrado de maneira valente e intimidante, ela saiu pálida e precisando de apoio. Ela claramente havia doado mais sangue do que seu corpo poderia suportar, o que a deixou fraca e trêmula. Ao chegar, Ivone estava tão apressada que não percebeu a presença de Patrícia até que, naquele momento, enquanto Patrícia a observava, Ivone também a examinava. Ela reconheceu imediatamente Patrícia, a pessoa que constantemente ocupava os pensamentos de Teófilo. Desde a cirurgia, Ivone percebeu o que havia acontecido, com as habilidades de Teófilo, ele sempre encontraria um refúgio em qualquer situação. Mesmo ferido, ele nunca permitiria que seus ferimentos se agravassem a tal ponto. As lesões em quase toda a sua costa eram muito sérias, e havia apenas uma explicação, ele estava pro
Os eventos desta noite se desenrolaram tão abruptamente que Gabriel também estava ocupado lidando com as consequências. Patrícia ficou apenas com Lucas ao seu lado. Mais cedo, no carro, ela havia retirado seu casaco grosso, restando a ela apenas um suéter fino. O corredor estava frio, sem qualquer aquecimento, e o vento cortante soprava.Patrícia se recordou de uma noite, anos atrás, quando também esperava por Teófilo ao frio. Lucas, embora não fosse muito atencioso, percebeu que a silhueta de Patrícia inspirava piedade. Especialmente evidente era a atitude de cada membro da equipe médica que passava apressado, todos parecendo intencionalmente avessos a ela:— Com licença, não fique no caminho.Embora não fosse um momento particularmente movimentado, todos pareciam simplesmente desgostar dela. Se não fosse para salvar sua vida, Teófilo jamais teria se ferido tão gravemente. Nos olhos deles, Patrícia era apenas um fardo para Teófilo.Lucas, por seu status inferior, também tinha q
Depois de várias horas de cirurgia, todos os pedaços de vidro foram removidos do corpo de Teófilo.Por enquanto, ele só conseguia permanecer deitado de bruços.Uma pessoa comum certamente teria recebido anestesia para uma lesão dessa magnitude, mas ele optou por suportar a dor.Essas horas foram um verdadeiro tormento.Ele precisava ficar consciente o tempo todo, aguardando ansiosamente o momento de reencontrar Patrícia.Ivone foi a primeira a chegar até ele:— Teófilo, como você está?Apesar da exaustão e da dor que o faziam suar frio periodicamente, Teófilo apoiava o queixo nas mãos entrelaçadas.Já à beira do desmaio, ele ainda assim reuniu forças ao ouvir a porta abrir.A primeira pessoa que ele viu, contrariando suas expectativas, não foi Ivone, mas sim Patrícia.Ignorando o cumprimento de Ivone, ele chamou com voz fraca:— Paty.Patrícia, então, caminhou lentamente até ele, e Teófilo estendeu a mão, que ela segurou.A palma de sua mão já não estava seca, ainda úmida pelo suor.—
Patrícia inicialmente pensava que aquilo poderia causar uma má impressão. Entretanto, ao refletir mais sobre isso, percebeu que as pessoas já possuíam preconceitos contra ela e que, de fato, já havia causado uma má impressão a todos. Mesmo que permanecesse ali, de pé, cuidando de Teófilo, aqueles que a desprezavam continuariam a fazer iso. Então, por que se preocupar com os olhares alheios? Ela já se encontrava fisicamente debilitada e havia ficado em pé por tanto tempo que suas panturrilhas doíam. Se se deitasse ao lado da cama, provavelmente sofreria com dores terríveis nas costas e lombares.— Tudo bem, você pode ir.Patrícia retirou os sapatos e as meias e subiu na cama, enquanto Ivone a observava com uma raiva intensa.— Você, que mulher sem vergonha, o que está fazendo?Patrícia piscou, com uma expressão de inocência, e respondeu:— Como você pode ver, estou cansada e vou descansar.— Como você pode dormir na mesma cama que ele? — Ivone estava quase pulando de nervoso.Patrí
Os manipuladores dos bastidores do passado não foram descobertos, e agora novos inimigos surgiram, adotando um estilo muito diferente do anterior. Patrícia não pôde deixar de refletir sobre sua própria situação, se questionando se teria que viver sob a proteção alheia permanentemente. A morte de Suzana e as imagens de outras pessoas se ferindo para salvá-la permaneciam vívidas em sua memória. Aquela noite chuvosa e cruel se transformara numa sombra persistente em seu coração. Se não se tornasse mais forte, talvez não tivesse a sorte de sobreviver em futuras ocasiões.Após longa reflexão, apenas quando o dia estava prestes a amanhecer e os sinais vitais de Teófilo se estabilizaram, Patrícia finalmente se permitiu fechar os olhos para descansar um pouco. O quarto estava assustadoramente silencioso, e só então Ivone conseguiu observar o rosto de Teófilo. No passado, durante missões, ele sempre usava uma máscara, e seu verdadeiro lado era desconhecido para todos, mesmo que ela deseja
Teófilo deu uma risada suave:— Eu sei, seja dormindo ou acordado, eu não quero soltar sua mão.Ele estava muito pálido, seu rosto, já de por si branco, parecia ainda mais doente.Tinha acabado de passar por uma questão de vida ou morte, e a cirurgia levou bastante tempo, mas ele parecia como se nada tivesse acontecido ao acordar.— Ouvi dizer que você não tomou anestesia.— Não tomei, eu tinha medo de morrer e nem poder ver seu rosto pela última vez.Ele respondeu calmamente, mas na verdade, estava pensando em algo, Patrícia possuía naturalmente anticorpos contra anestesia, então, toda vez que se machucava, ela tinha que aguentar a dor.Grande perda de sangue ao dar à luz, sutura no braço, até mesmo ferimentos no pulso eram tratados assim.Teófilo também recusou a anestesia, querendo manter na mente todo o sofrimento que Patrícia já havia suportado.Mais importante, ele queria estar consciente para vê-la no primeiro momento.Se ele realmente tivesse morrido na noite passada, teria par