Patrícia passou essa noite praticamente sem dormir, constantemente preocupada.Ela temia tinha medo de que Raul arrombasse a porta e, ao mesmo tempo, se preocupava com o que poderia ter acontecido a ele.Enquanto o navio inteiro celebrava, apenas Patrícia guardava um silêncio solitário.Sentada no chão, com os braços envolvendo os joelhos, olhava desamparada para a lua fria e clara lá fora, que agora era sua única companhia.Seu coração estava tumultuadoagitado, repassando os vários eventos ao longo de sua jornada, percebendo quão absurda e ridícula sua vida se tornara.O que ela tinha feito de errado para merecer ser separada de seu filho e viver dias de esconderijo, evitando ser vista?Ela até cogitou o que poderia fazer se a porta se abrisse.A resposta era clara, ela não poderia fazer nada.A diferença de força entre eles era grande, e se ele realmente quisesse forçá-la, ela só poderia passivamente suportaraguentar.Por seu filho, ela não poderia tomar medidas extremas, restava a e
Durante toda a manhã, Raul não voltou, e Joyce perguntou várias vezes, com Patrícia sempre inventando desculpas para despistá-la. No entanto, ele ficou fora por um dia e uma noite, e cada vez que perguntavam, Davi evitava dizer a verdade. Patrícia também estava preocupada, os efeitos da medicação não deveriam ser tão fortes a ponto de durarem um dia e duas noites!Na manhã seguinte, bem cedo, Patrícia interceptou Davi que estava de saída.— Davi, o que realmente aconteceu com Raul?Ela deixou claro que não o deixaria ir sem uma explicação.Davi suspirou:— Raul está doente.— Doente? — Patrícia nunca esperava essa resposta, considerando que ele parecia saudável.— Não vou esconder de você, a medicação daquela noite foi muito forte, ele não queria preocupar vocês e trocou de quarto, passando a noite numa banheira de gelo. Você sabe, a diferença de temperatura entre o dia e a noite é grande. Já é frio tomar um banho com água fria, mas ele ainda adicionou gelo...Patrícia estava chocada
Joyce apontava para a pequena figura no desenho e explicava:— Mamãe, tio, irmão, eu, uma família.Patrícia comprimia apertava os lábios, abria a boca, mas não encontrava palavras para explicar para a criança a complexidade das relações familiares. Essa era uma realidade com a qual muitas mães solteiras no mundo se deparavam, e Patrícia não era exceção.Depois de hesitar por um longo tempo, ela finalmente disse:— Joyce, o tio é o tio. Sua mãe e vocês são uma família. O tio está aqui para nos proteger, como um padrinho. Ele só pode ficar conosco por um tempo, e um dia, quando chegarmos ao nosso destino, ele terá que partir.A criança, sempre tão obediente, começou a fazer birra ao ouvir essa explicação:— Não quero! Não quero que ele vá embora! Gosto do tio.— Sim, eu sei que você gosta, mas Joyce, você ainda vai conhecer muitas pessoas. Nem todas podem ficar conosco com a gente até o final. O tio também tem seu trabalho e suas próprias coisas para fazer. Ele não pode ficar ao seu lad
Davi não estava errado, Teófilo realmente adoeceradormiu, com febre durante um dia e uma noite inteira, debilitado e prostrado na cama. Lucas, com um cuidado comparável ao de uma mulher, descascava maçãs ao lado da cama, conversando sem parar.— Presidente Teófilo, veja só sua condição. Por que se submeter a isso? Durante seis meses, você perseguiu a Sra. Patrícia, ocultando seu nome, e no fim nem conseguiu segurar sua mão.Gabriel o repreendeu com um olhar severosério:— Fale menos. Você acha que o Presidente Teófilo desejava estar assim?Ele entregou um copo de água morna a Teófilo:— Presidente Teófilo, beba mais água para se recuperar mais rápido.Teófilo estava pálido, com os lábios secos, visivelmente abatidochateado. Após beber a água, se apoiou na cama, esfregou a testa com a mão e, ainda meio atordoado, a primeira coisa que disse foi sobre Patrícia.— Como está a Paty?— Davi é cuidadoso como uma mulher, ele sabe cuidar das coisas. Não se preocupe, ele conhece muito bem os g
Os dias passavam um após o outro, e Raul estava ausente havia três dias. Não apenas as crianças, mas até Patrícia estava impaciente.Ela abordou Davi mais uma vez:— Como está a doença dele, afinal? Não melhorou depois de tantos dias?— Srta. Patrícia, fique tranquila, ele já está muito melhor. É apenas que Raul teme estar carregando um vírus e não quer arriscar transmiti-lo para vocês.Patrícia não sabia se ele estava deliberadamente propositalmente evitando ela ou se a situação era realmente grave. Afinal, Raul sempre fora atencioso com ela, e ela sentia que deveria vê-lo para ficar mais tranquila.Patrícia insistiu:— Vou vê-lo. Onde ele está?— Não é necessário, Raul certamente não gostaria que você fosse.— Eu só darei uma olhada para confirmar como ele está e depois irei embora. Em qual quarto ele está?Davi hesitou:— Isso...— Se você não me disser, você não sairá por essa porta hoje.Davi coçou a cabeça:— Srta. Patrícia, eu só vim ajudar o Raul trazendo comida para você. Por
Teófilo conhecia muito bem a personalidade de Patrícia, depois do ocorrido, sabia que ela não o manteria mais por perto. Ele sempre esteve ciente de que esse dia chegaria e seus esforços recentes para evitar confrontos não passavam de tentativas de adiar o inevitável. Inicialmente, Patrícia serviu a ela um copo de água antes de se sentar numa cadeira ao seu lado.— Depois de cuidar de nós por tanto tempo, esta é a primeira vez que te sirvo água. Teófilo, com a mão contra os lábios, desviou o olhar e tossiu algumas vezes:— Obrigado.— Você quer tomar algum remédio? — Perguntou Patrícia, preocupada.— Não é necessário, é só um pouco de tosse, já melhorou bastante.— Eu realmente te agradeço por tudo. Você é uma boa pessoa, diligente e competente. Deixá-lo cuidando das crianças é realmente um desperdício de talento. Você é tão jovem, deveria tentar fazer mais por si mesmo.Patrícia falava com delicadeza, enquanto Teófilo segurava o copo com ambas as mãos, seus dedos deslizando lentame
Antes que Patrícia pudesse se pronunciar, Teófilo interveio:— Srta. Patrícia, não se sinta constrangidaenvergonhada. O fato de eu gostar de você diz respeito apenas a mim. Vou reduzir minha presença como antes, não interferir tanto na sua vida, mas... Gostar de você também é meu direito. Você pode até me matar, mas não pode impedir que eu goste de você.Patrícia sentiu as orelhas esquentarem, onde estava a honestidade e lealdade dele?Ela se encontrava sem saída, sem saber como responder.Foi Teófilo quem rompeu o silêncio constrangedor. Ele se levantou da cama, dizendo:— Está bem, eu disse que você não precisa se sentir obrigada. Vou levá-la para casa, já está tarde, você deveria descansar.— Não é necessário, posso ir sozinha, não é longe.— Não é seguro ir de barco à noite, eu a acompanho. — Teófilo já havia se levantado e vestido o casaco. Notando que ela estava vestida de maneira um tanto leve, rapidamente pegou um blazer e o colocou sobre os ombros dela.Patrícia mal teve tempo
Teófilo ainda estava tossindo um pouco quando levou Patrícia até a porta e, após algumas instruções, partiufoi embora. A constituição de Patrícia era mais frágil do que a das pessoas comuns, e como ele ainda estava doente, seria muito fácil transmitir o vírus a Joyce e Patrícia em um ambiente fechado. Pensando na segurança de ambos, Teófilo planejava retornar somente quando estivesse completamente recuperado. Além disso, como Patrícia havia relutantemente aceitado sua presença, era melhor manter distância por enquanto para não sobrecarregá-la. Ele então entregou a Patrícia um punhal, instruindo ela a não sair de casa para garantir sua segurança.Quando Patrícia voltou ao quarto, encontrou Davi e Joyce se divertindo bastante. Joyce tinha colado vários adesivos de estrelas e luas no rosto de Davi, que usava um colar e brincos, e até suas unhas estavam adornadas com unhas postiças. Davi brincava com uma varinha mágica, tentando se transformar:— Magia, magia, transformar...Ele aind