O vínculo natural da maternidade era algo que não se poderia romper facilmente, mesmo que Joyce nunca tivesse visto Patrícia antes. Marcos mostrava a eles fotos de Patrícia, onde a mulher nas imagens sorria calorosamente e ostentava cabelos brilhantes. Agora, no entanto, ela parecia muito magra e abatida. Ainda assim, Joyce reconheceu imediatamente que ela era sua mãe. A reação de Patrícia foi a mesma de Teófilo, ela abraçou Joyce firmemente, e as lágrimas não cessaram de fluir. Eram lágrimas de alegria pelo reencontro, e abraçar o corpo da filha fez Patrícia se recordar das adversidades enfrentadas no dia em que ela nasceu. Ela pensou que nunca mais veria sua filha nesta vida, mas agora a menina havia crescido tanto, era tão suave, como não se emocionar? Joyce ficou ainda mais confusa, se lembrando que aquele tio simpático que a abraçou dias antes também chorou incessantemente. Por que sua mãe estava chorando agora? Ela não entendia.Com delicadeza, Joyce enxugava as lágrimas
Ao perceber que poderia trazer infortúnio para as pessoas ao seu redor, Patrícia apertou mais forte a mão do filho. A criança foi difícil de encontrar, e desta vez, a qualquer custo, ela tinha que protegê-lo. Saber que eles ainda estavam vivos trouxe a Patrícia uma sensação de alívio. Agora, ela precisava cuidar bem de sua saúde e investigar a verdade discretamente. Enquanto o assassino estivesse solto, teria que se esconder. A mera exposição de seu rosto colocaria a ela e seus dois filhos em risco. Mas por que deveria se ocultar se não tinha cometido nenhum erro? Ela era inocente, por que seus filhos deveriam viver escondidos como ratos de rua?O verdadeiro culpado era o vilão que havia arruinado seu casamento, trazido desgraça à sua família, separado seus filhos e a feito perder tudo. A morte de Suzana não foi esquecida por Patrícia, que jurou encontrar essa pessoa e fazer com que ele sofresse milhares de vezes mais do que todo o sofrimento que ela enfrentou. Teófilo, diante
Patrícia franzia a testa, preocupada principalmente com Frederico. Embora Marcos estivesse próximo, a fuga havia sido tão apressada e sob uma chuva torrencial, que algo ruim poderia ter acontecido? Ela sabia que se preocupar não resolveria nada, as coisas já estavam feitas, e ela, de volta à Cidade A, não conseguiria contatar Marcos tão cedo.— Bem, então vamos ficar aqui por um tempo.Com o filho em seus braços, era certo que Marcos encontraria uma maneira de contatá-la, mas, no momento, o mais importante era cuidar de sua própria saúde.Joyce era uma criança muito bem-comportada, resistente e nada exigente com a comida, sem nenhum dos caprichos ou travessuras típicos de sua idade.Patrícia, embora feliz em passar os dias com ela, sentia mais compaixão do que alegria. Uma criança tão comportada carregava um coração com lembranças dolorosas, como poderia ser tão sensata sem ter enfrentado dificuldades? Quanto mais desafios uma criança supera, mais comportada ela se torna.Patrícia
Patrícia se perdia em pensamentos, sua mãe havia partido quando ela ainda era pequena, e ela cresceu em uma família monoparental. Seu pai sempre foi excepcional, ensinando ela a ser educada, generosa, radiante e bondosa, tanto na vida quanto emocionalmente. No entanto, havia muitas situações que o pai não podia compensar, como nas corridas de pais e filhos na escola, que geralmente requeriam a presença de ambos, mãe e pai. Desde pequena, sempre que via outras crianças acompanhadas por suas mães, desfrutando das refeições que elas preparavam ou vestindo as roupas que escolhiam, ela sentia uma inveja secreta daqueles que tinham mães. Em sua mente, ela sempre acreditou que, se tivesse seus próprios filhos, seria uma mãe responsável e amorosa, jamais permitindo que experimentassem uma família monoparental como a dela.Quando conheceu Teófilo pela primeira vez, ela gostou dele de imediato, e o sentimento foi recíproco desde o início. Patrícia pensou que ele era um homem bom e confiável
Patrícia passou mais de um mês na ilha, onde os dias eram simples e belos. Visivelmente, sua saúde melhorava e, apesar de o tumor em seu corpo ser como uma bomba-relógio ainda ativa, ela parecia nutrir mais esperança do que quando se encontrava ainda mais doente. Durante esse período, seu relacionamento com Teófilo melhorou significativamente. Ela não dispunha de energia suficiente, então frequentemente era Joyce que brincava com Teófilo, e os três inevitavelmente compartilhavam momentos de proximidade. Como agora, quando Joyce queria ir ao parque aquático. Patrícia não conseguiu recusar e concordou. Ela se sentou à beira da piscina, sem entrar na água, enquanto Joyce olhava para Teófilo:— Tio, brinca comigo.Nos últimos dias, Teófilo vinha evitando atividades aquáticas porque havia aplicado um suco de planta especial em sua pele, capaz de mudar temporariamente sua cor sem causar danos. Entretanto, o efeito colateral desse suco era que ele não poderia ter contato extenso com ág
Patrícia realmente pensou que seu fim estava próximo, afinal, se encontrava em uma piscina privada sem instrutores ou salva-vidas. Se algo desse errado, ninguém perceberia.De forma inesperada, Teófilo surgiu como que do nada. Primeiro, ele ergueu a criança com uma mão e com a outra envolveu a cintura de Patrícia.Após colocar a criança na borda da piscina, se voltou para Patrícia:— Srta. Patrícia, a senhora está bem?— Minhas pernas estão com cãibras, preciso de um momento.— Então, se segure em mim.Naquele instante, desconsiderando convenções de gênero, Patrícia se agarrou ao pescoço de Teófilo com ambas as mãos, aguardando que o desconforto nas pernas amenizasse.Teófilo, paciente, confirmou que a criança estava segura e ficou esperando ao lado dela silenciosamente.Cerca de dez segundos depois, a cãibra na panturrilha finalmente começou a diminuir.Ela suspirou aliviada, mas ao perceber sua proximidade com ele, notou que seu corpo estava demasiadamente perto do dele. Durante os m
Patrícia completou sua higiene noturna, e seu humor gradualmente se estabilizou. Pensando que ela e Teófilo já estavam divorciados há tempos, e que se casar novamente não tinha nada a ver com ele, se perguntava, por que se preocupar se tivera um contato íntimo com outro homem? Deveria permanecer solteira para sempre por causa de Teófilo?Se preparando para sair com o filho, Joyce parou e apontou para algumas gotas de líquido azul-púrpura no chão, dizendo:— Mãe, olhe.Patrícia olhou para baixo e se perguntou qual era a origem daquilo. Parecia suco de fruta do dragão, mas elas não tinham consumido essa fruta naquele dia. A limpeza já havia sido feita na manhã cedo, como poderiam existir marcas tão evidentes na entrada?Ao abrir a porta, Patrícia notou que o chão diante dela havia sido recentemente limpo e ainda estava úmido. Um funcionário alertou sobre o piso escorregadio, pedindo cuidado ao caminhar. Confusa, Patrícia perguntou:— Não é sempre limpo pela manhã e à noite? Por que a
Patrícia calculava o tempo, já mais de metade do ano havia passado desde que ela e Raul começaram a convivência. Inicialmente cauteloso, agora ele desempenhava o papel de pai em tempo integral, cuidando das crianças sem reclamações. Patrícia, por sua vez, já havia deixado de lado suas reservas iniciais.— Eu... — Ela começou a falar, hesitante, e parou. Era uma história longa, e ela estava indecisa sobre por onde começar.— Não se preocupe, sou discreto, não vou contar para ninguém.Patrícia olhou para o filho:— Espera um pouco.— Claro.Ele também não tinha pressa. Tinha levado meio ano até que Patrícia se sentisse pronta para conversar com ele, então esperar mais um pouco não seria um problema.Durante a sesta do filho, Teófilo esperava pacientemente ao lado do canteiro de flores do lado de fora.Quando Patrícia saiu, ele se levantou imediatamente:— Srta. Patrícia.— Não, sentemos para conversar.— Certo.Teófilo, sempre atencioso, preparou um suco para ela. Sentados sob um guarda-