Os estrondos contínuos ecoavam!À medida que os fogos de artifício explodiam um após o outro no céu, Patrícia se lembrava da última vez que testemunhara um espetáculo tão belo. Foi no aniversário de Diego, quando Mariana gastou uma fortuna para contratar uma equipe profissional para a apresentação. Infelizmente, naquela ocasião, Patrícia não estava no clima para apreciar, os fogos de artifício mais marcantes que ela já vira foram aos quinze anos, quando João organizou especialmente para ela um jantar sob fogos de artifício.Aos quinze anos, uma idade livre de preocupações ou responsabilidades, ela ainda era muito mimada, não havia sofrido nem um pouco e estava cheia de sonhos para o futuro. Naquela época, João era gentil e elegante, o pai que mais a amava. Ela se lembra de que, naquele dia, a família Bastos compareceu em peso, todos lá para celebrar com ela. Branquinha estava preguiçosamente deitada sob uma cerejeira, observando os fogos de artifício acima.João disse gentilmente:
Patrícia olhou apressadamente para a porta:— Aconteceu alguma coisa?Raul sempre foi muito disciplinado, por que a incomodaria durante seu descanso?— Er... Srta. Patrícia, a senhora já dormiu? Sinto muito por incomodá-la.Patrícia, percebendo que também não estava dormindo, se levantou, se vestiu e desceu as escadas. Ao abrir a porta, começou a falar:— Eu...Sua voz de repente parou quando viu Raul segurando um bolo com velas acesas. A luz das velas iluminava seu rosto sincero, e as chamas dançavam em seus olhos.— Srta. Patrícia, pode ser um pouco tarde, mas aniversários são momentos especiais que não devem ser esquecidos.Eram exatamente onze horas e cinquenta e nove minutos.O bolo provavelmente tinha sido feito por ele mesmo, ainda havia manchas de farinha e creme em seu rosto e roupas.— Obrigada. — Um toque de emoção surgiu no coração de Patrícia.— Já vai dar meia-noite, Srta. Patrícia. Faça um pedido e sopre as velas.Patrícia não hesitou, fechou os olhos e fez um pedido. E
Patrícia olhou para ele, confusa:— Há mais alguma coisa?Raul retirou um presente do bolso da calça, com uma expressão um tanto envergonhada, e disse:— Como pode um aniversário passar sem um presente? Este é um amuleto que pedi na igreja quando trabalhava fora, e é muito eficaz. Sobrevivi a várias situações em que quase morri, sempre consegui me salvar no último momento. Por isso, queria dar à Srta. Patrícia.Na palma da mão escura, ele segurava um pingente em forma de lua crescente, vazado, contendo uma pequena imagem sagrada para proteção.— Não posso aceitar, se é seu amuleto de proteção, como posso pegá-lo?Ele insistiu, empurrando o objeto para as mãos dela:— Fique com ele, não faço mais aquele tipo de trabalho perigoso. Espero que lhe traga sorte. Não é nada valioso, espero que não se importe.Vendo que ele estava determinado a dar a ela o presente, e era claramente bem-intencionado, Patrícia aceitou.— Obrigada, então eu aceitarei.Após fechar a porta, ela examinou atentament
Roberto atendeu ao pedido dela, prometendo arranjar tudo para Patrícia.Ela estava sinceramente grata a Roberto.Naquele dia, pediu a Raquel para preparar uma mesa farta e, pela primeira vez, convidou Raul.Raul permaneceu de lado, com uma expressão reservada, percebendo claramente algo.— Venha, se sente e coma conosco.— Mas as regras da Srta. Patrícia...— Se sente.Raul não insistiu mais, se sentou ereto, sem tocar nos utensílios. Tomou a iniciativa de perguntar:— A Srta. Patrícia não precisa mais de mim?Nas últimas semanas, Patrícia já não usava mais a cadeira de rodas. Quando saía, ele apenas a seguia a uma distância moderada, sua única função restante era carregar coisas.Patrícia havia percebido que, apesar de sua aparência desajeitada, ele era muito atencioso.— Agora que consigo cuidar de mim mesma no dia a dia, sua presença ao meu lado se tornou desnecessária. Não se preocupe, eu já pedi ao Sr. Roberto para encontrar um bom emprego para você.Embora inicialmente Patrícia n
Patrícia acreditava que Raul traria o gatinho de volta, mas esperou até escurecer e nada aconteceu.Deixe estar.Ela já planejava confiar o gatinho a Nanda antes de partir, consciente de que ele estava destinado a uma vida de incertezas e não poderia ser mantido indefinidamente.Além disso, Patrícia sentia que sua própria infelicidade sempre acabava por afetar aqueles ao seu redor, sendo melhor que não ficassem tão próximos.Essa era também a razão pela qual ela desejava se afastar rapidamente de Roberto, não queria trazer seu azar para eles.João, Suzana e Branquinha eram exemplos claros dessa influência.Não queria ver mais ninguém se machucar.Raul, contudo, era gentil com o gato, e confiá-lo a ele talvez fosse a melhor decisão.Raquel teve que sair mais cedo devido a problemas familiares.Agora, Patrícia se encontrava sozinha no amplo quintal.As luzes solares do lugar acenderam automaticamente, iluminando seu rosto.Dentro de casa, não havia luzes acesas, e ela estava sentada na f
Nanda estava apoiada no ombro de Roberto, observando Patrícia embarcar no navio, com os olhos vermelhos de emoção.— Não sei por que, mas sinto uma enorme vontade de chorar. Parece que Patrícia sofreu tanto e, justo quando as coisas começam a melhorar um pouco, ela precisa partir novamente para navegar pelos mares por tanto tempo. E se... Quero dizer, e se algo acontecer a ela no mar?Roberto, abraçando seus ombros, a consolou com suavidade:— Não se preocupe, George navega há mais de vinte anos sem incidentes. Patrícia, apesar de todos os sofrimentos, tem sua sorte. Trabalho nisso há muitos anos e sobreviver até aqui, depois de tudo que ela passou, é realmente uma bênção dos céus. Ela sofreu muito, mas certamente as coisas vão melhorar para ela, não é verdade que a sorte e o azar se alternam?— Espero que sim. — Suspirou Nanda levemente. — Não entendo por que ela correria o risco de ser descoberta para fugir de volta para a Cidade A. Seria muito melhor ficar longe deles aqui.Roberto
Ao se reencontrar, Patrícia fez imediatamente a primeira pergunta:— Como está o gatinho?— Está muito bem. Deixei ele com um amigo que confio que certamente cuidará dele com atenção. O Sr. Roberto temia que outros não cuidassem bem de você, por isso me enviou especialmente para zelar por sua segurança.— Agradeço pelo esforço.Após falar, Patrícia se virou e voltou ao seu quarto. Seria aquilo uma ilusão? Reencontrar alguém de quem deveria se despedir não trazia alegria a ela, pelo contrário, havia um estranho sentimento. Parecia que essa pessoa não deveria estar ali, mas sua presença tinha uma justificativa lógica. A intuição de Patrícia dizia que ela podia se afastar dele agora.Evitar passar muito tempo com alguém cujo passado você desconhece era, subconscientemente, o que ela desejava fazer com Raul. Nos dias seguintes, ela raramente saía, até mesmo para as refeições. Raul levava a comida até ela e, antes de Patrícia fechar a porta, eles mal trocavam algumas palavras. Ele man
O jantar consistia principalmente de ingredientes bastante ácidos, e por mais que Patrícia não gostasse deles, ela experimentou um pouco de cada prato. Nos dias seguintes, os ingredientes ácidos continuaram predominando, levando Patrícia a quase vomitar várias vezes, até que ela chamou Raul:— Cof, cof, ultimamente as comidas ácidas estão um pouco demais para mim, estou ficando enjoada.— Claro, Srta. Patrícia, me diga o que você gostaria de comer e eu providenciarei para que a cozinha prepare especialmente para você.Patrícia observava atentamente cada uma das expressões de Raul, fosse em suas ações ou gestos, percebendo que nenhum se assemelhava ao de Teófilo.Mesmo conhecendo ela bem, Teófilo jamais teria deixado tudo para ficar ao seu lado.E o seu altivo presidente, quando teria ele feito algo para servir a alguém?Após observar por alguns dias sem encontrar qualquer indício, Patrícia finalmente se tranquilizou, e sua distância inicial de Raul diminuiu.Os dias no mar realmente