- Você fala, contanto que eu possa ajudá-lo. Patrícia sussurrou algumas palavras ao ouvido dele, e Roberto olhou preocupado:- Você tem certeza de que quer fazer isso?- Roberto, viva ou morta, eu preciso ir embora.- Tudo bem, farei o meu melhor.Teófilo pegou novamente o exame de sangue de Patrícia, um pouco confuso:- Os dados de seus glóbulos vermelhos e brancos já subiram um pouco, todos os valores estão melhorando, por que ela ainda não pode sair da cama?Fábio também negou com a cabeça:- Não deveria ser assim, teoricamente, a Sra. Patrícia poderia estar andando.Roberto respondeu friamente:- Vocês sabem quão intensa é a medicação de quimioterapia? Além das células cancerígenas, as células normais dela também foram destruídas, uma única dose já é suficiente para danificar a força vital dela. Os joelhos dela estão fracos, as mãos e pés frios, isso apenas depois de vinte dias, é normal que ela ainda não possa sair da cama, o desgaste do corpo não se recupera em um ou dois meses,
Tamires, refletindo sobre as atitudes de Agatha no passado, conseguia entender, afinal, que mulher poderia tolerar que seu marido sustentasse outra pessoa? Tamires se encontrava numa encruzilhada: se não fosse, temia que Patrícia pensasse demais, se fosse, tinha medo de que surgisse um conflito ao se encontrarem.- Tamires, parece que realmente há algo errado com este pátio! Exclamou Patrícia, surpreendentemente se levantando da cadeira de rodas e caminhando com passos trêmulos e instáveis em direção à frente.- Sra. Patrícia, vamos voltar. - Eu quero ver quem está escondido aqui.Percebendo que a situação estava se complicando, Tamires rapidamente mandou chamar Teófilo. Quando viu Teófilo se aproximando rapidamente, Patrícia olhou friamente:- Abra o portão, me deixe ver.- Paty, vamos voltar. - Você não para de dizer que me ama, quero ver quem você realmente ama.Patrícia se manteve firme, encarando o segurança:- Abra o portão.Teófilo tentou levá-la à força, mas, pensando na s
As flores de sangue floresceram diante dos olhos de Patrícia, trazendo à memória o dia em que Suzana morreu.Ela permaneceu imóvel, as pupilas se dilatando rapidamente.Parecia um sonho, Branquinha ainda estava enrolada em seu colo pela manhã, e agora estava caída ao lado de seus pés, respirando com dificuldade, sangue negro escorrendo de sua boca e nariz.Patrícia se agachou de forma mecânica. Certamente, ela estava sonhando.- Branquinha, por favor, não me assuste. - A voz de Patrícia tremia e se desafinava enquanto estendia a mão para abraçar Branquinha, mas Teófilo a puxou para seus braços com força.- Paty, não toque. Branquinha foi envenenada.O sangue que escorria do corpo não era vermelho vivo, mas sim preto.Sem pensar, Patrícia se lançou desesperadamente em direção a Branquinha:- Branquinha, acorde, abra os olhos e olhe para mim!- Paty! - Teófilo abraçava ela firmemente, impedindo ela de tocar o corpo de Branquinha.Tamires agiu rapidamente, ordenando que removessem o corpo
Roberto continuou aconselhando:- Patrícia, você precisa se reerguer, não deixe que isso a afete tanto, você tem que cuidar da sua saúde.- Roberto, eu sei.Agora, o desejo de Patrícia de sobreviver era mais forte do que nunca, como ela poderia se contentar em ser manipulada e enganada repetidamente?A imagem de Suzana e o corpo de Branquinha dominavam seus pensamentos.Ela não permitiria que o responsável por isso conseguisse o que queria.- Roberto, vamos proceder conforme nosso plano.- Certo.Após o incidente com Patrícia, a família Amaral se mobilizou coletivamente, com todos os empregados alinhados e ajoelhados.O laudo necroscópico de Branquinha já estava pronto: ele morreu de envenenamento sério que afetou seus nervos cerebrais, levando ela a cair do beiral e morrer pela queda. A causa mortis foi envenenamento.Branquinha, sendo uma gata velha, não comeria algo ao acaso. Seu estômago continha pedaços de peixe seco não digeridos, que, após análise, se mostraram contaminados com
Após o incidente com Branquinha, Patrícia ficou profundamente abalada e não conseguiu mais se recuperar, perdendo todo o seu impulso anterior. Teófilo, percebendo isso, se sentia ansioso, mas impotente para aliviar a dor física e emocional que Patrícia enfrentava. Ao vê-la definhando a cada dia, e sem notícias de Daniel, Teófilo ficava cada vez mais desesperado.Patrícia, por sua vez, se recusava a vê-lo, e ele só conseguia obter informações sobre seu estado através do vidro da porta e das conversas com o médico. Nos últimos dias, Patrícia passava a maior parte do tempo na cama, chorando, e nem Tamires nem Agatha conseguiram consolá-la efetivamente. Era uma doença psicológica, que nem mesmo os melhores médicos conseguiam curar.Agatha deu um tapinha no ombro de Teófilo e disse: - Doenças psicológicas precisam de remédios psicológicos, Patrícia perdeu a vontade de viver, você precisa estar preparado psicologicamente.Todos o aconselhavam assim, mas até hoje ele não estava preparado
Ele não sabia quanto tempo essa frase fez Patrícia chorar.Durante o jantar à luz de velas, Teófilo acendeu as velas para celebrar o aniversário do filho.Patrícia cantou a canção de aniversário junto com ele, e Diego, com as mãos juntas, fez um pedido sério.- O que você desejou? - Perguntou Patrícia em segredo.Diego sorriu:- Se eu contar, não se realiza.Ele desejava que sua mãe melhorasse logo e que seus pais sempre estivessem ao seu lado.À luz das velas, Teófilo observava o rosto gentil de Patrícia, desejando que aquele momento pudesse durar para sempre.Diego ria alegremente, fazendo Teófilo lembrar de seu próprio terceiro aniversário. Ele sabia que seu filho não teria uma infância como a dele, faria tudo para amar Patrícia e Diego.Patrícia estava especialmente feliz naquela noite, se divertindo com ele e rindo ao seu lado.Ela até dormiu na mesma cama que Teófilo, com Diego entre eles.Patrícia, emocionada, comentou:- Se aquele menino ainda estivesse vivo, será que seria com
Teófilo, com as mãos trêmulas, pegou a aliança e a carta. O simples ato de abrir a carta fazia suas mãos tremerem incontrolavelmente, como as de um idoso acometido pela doença de Parkinson. Gabriel falou com uma voz grave: — Presidente Teófilo, me deixe fazer isso por você.Na verdade, ler ou não a carta já não fazia muita diferença, todos pareciam ter adivinhado o desfecho. No entanto, sob o impacto da surpresa e da tristeza, Teófilo lentamente retirou a carta. A caligrafia familiar diante de seus olhos era um lembrete doloroso. Antigamente, quando ele viajava a trabalho, ela secretamente escrevia cartas para ele. Sem saber o endereço, ela guardava suas palavras numa garrafa enterrada no jardim. Ele, descobrindo por acaso, sempre fazia disso a primeira coisa a verificar ao retornar, escavando em seu "covil secreto" em busca de novas mensagens.Naquela época, suas palavras e frases eram como as de uma jovem encantadora, não como as desta carta, que, embora curtas, eram claramente
Mansão dos Amaral.O homem na cama moveu os dedos e, de repente, gritou: — Paty!Ele abriu os olhos e se sentou, olhando ao redor com um olhar aterrorizado. Agatha suspirou aliviada:— Você finalmente acordou. Esteve inconsciente por três dias e três noites.A memória de Teófilo ainda estava na praia, e ele perguntou rapidamente:— Mãe, Paty foi encontrada?Agatha sentiu uma dor no coração, receosa de contar a ele o desfecho.— Filho, você precisa estar preparado, Paty... Ela já...— Impossível, Paty não pode estar morta! — Teófilo não conseguia aceitar essa realidade.Ele desceu da cama descalço e correu para a porta.— Paty, onde você está? Está se escondendo de mim? Paty, não se esconda!Teófilo procurava sem destino definido, entrou no quarto no primeiro andar, tudo ainda estava como quando Patrícia foi embora. A cama estava meticulosamente arrumada, as flores no vaso, frescas cortadas do jardim há uma semana, agora murchas e pendendo a cabeça sem vida. O livro que ela estava l