Patrícia estava tão incomodada com a dor que mal conseguia falar. Agatha, que inicialmente queria apenas observar o desenrolar dos acontecimentos, ficou surpresa ao ver mãe e filho agindo de forma tão precipitada. Parecia que eles queriam aproveitar essa oportunidade para encontrar um pretexto para que Ricardo expulsasse Patrícia e os demais.- Você gosta tanto dessa frase, quer que a gravem na sua lápide quando morrer?Felipe olhou para Agatha descontente:- Não é da sua conta, fique quieta.Agatha, se colocando diante de Patrícia, desafiou Felipe com fervor:- Por que eu deveria ficar quieta?A reação deixou Felipe atordoado, Valéria igualmente, e todos os presentes surpresos. Somente Ricardo parecia desconfortável, tossindo suavemente algumas vezes:- Agatha, mantenha a postura. Se lembre de Clara, que era menos temperamental. Cuidado para que ela não saia do túmulo esta noite para te repreender.No passado, quando Agatha se irritava, ela também repreendia Valéria. Desde criança m
Valéria chorava descontroladamente:- Marido, eu pensei que vocês já estivessem divorciados. Cuidei do nosso filho, tratei da casa, sempre acreditando que um dia Ricardo reconheceria meu verdadeiro amor. Mas, depois de tantos anos, ainda somos estranhos. Vamos embora, não há espaço para nós aqui.Enquanto isso, mesmo sem Agatha ter dito nada, Felipe já estava enfurecido por Valéria, e dizia enquanto ajudava Félix a se levantar:- Por que vocês iriam embora? Se alguém deve ir, são elas!Ele se arrependeu dessas palavras assim que as disse, sabendo que Agatha tinha tido uma vida difícil nesses anos e que ele não tinha a intenção de mandá-la embora. Até considerou permitir que Agatha ficasse na Mansão dos Amaral para envelhecer, se ela quisesse.Mas a raiva o dominou antes que percebesse o que estava dizendo. Palavras cruéis, uma vez ditas, são como uma faca afiada perfurando o coração de alguém, e mesmo ao serem retiradas, causam uma dor excruciante.Acostumado a seguir em frente mesmo
Ao ouvir que Teófilo não estava mais entre eles, até o tagarela Felipe ficou em choque:- O que você disse?- Pai, Teófilo foi pego em uma explosão e até agora não sabemos onde ele está. É muito provável que ele tenha morrido. - Disse Félix, com a voz mais suave possível, mas as palavras eram cortantes.Todos presentes arregalaram os olhos, pois embora o Sr. Teófilo tivesse passado muitos anos desenvolvendo seu trabalho no País da Serenidade Azul, sua posição e status eram indiscutíveis. Se ele estivesse morto, toda a herança e os direitos sucessórios iriam para Félix. Não é à toa que Ricardo havia consentido no retorno de Valéria e seu filho, então, era esse o motivo.Felipe tinha ouvido algumas coisas nesses dias e sempre pensou que eram apenas rumores inventados por pessoas mal-intencionadas. Como poderia Teófilo morrer assim, de repente?Quando as palavras saíram da boca de Félix, Felipe começou a se sentir inquieto:- Sem evidência concreta, como você pode afirmar que ele está m
- Pai, ainda tem muita gente aqui, não faça um escândalo para não sermos ridicularizados.Félix também interveio prontamente:- Vovô, já que você me despreza tanto, minha mãe e eu não vamos mais incomodar aqui. Só espero que você não se arrependa no futuro. Mãe, vamos embora.Essas palavras claramente continham uma ameaça.Felipe segurou as mãos dos dois:- Hoje, comigo aqui, não vou deixar vocês partirem. Pai, tudo começou por causa dela, é tão difícil ela se desculpar?- Acho que quem deveria se desculpar não é ela, mas seu filho. - Uma voz suave soou da multidão.Patrícia, reconhecendo a voz, se virou e viu Roberto, a quem ela tinha encontrado uma vez no aeroporto.A garota ao lado dele segurava sua mão, aparentemente relutante em vê-lo se envolver nos assuntos da família Amaral.Roberto, desafiador e calmo, se aproximou. Como médico, sua principal preocupação era Patrícia:- Você está bem?Desde aquele inverno, quase dois anos se passaram desde a última vez que se viram.Ele não ti
Félix não esperava que alguém tivesse gravado aquela cena e, ignorando completamente a autoridade da família Amaral, a expôs publicamente, deixando ele completamente desacreditado. As garotas que o admiravam viram seus sonhos despedaçados ao descobrir que, por trás de sua aparência sóbria e séria, se escondia um verdadeiro delinquente. No local, Agatha, incapaz de ficar de pé e tomada por um acesso de raiva, pegou uma garrafa de vinho e a quebrou na cabeça de Félix. Nos dias anteriores, todas as tentativas dela e de seu filho de enfurecê-la haviam sido inúteis, até que uma frase de Félix a fez perder completamente a compostura.- Seu desgraçado, eu vou te matar!Agatha deu um soco na cabeça de Félix, e o sangue começou a escorrer por sua testa, gota a gota. Ao ver isso, Valéria não conseguiu mais se segurar e tentou atacar Agatha da mesma forma, mas foi prontamente contida pelo mordomo.- Marido, nosso filho só fez uma brincadeira, mesmo que ele estivesse errado, Agatha não deveria
Sem aviso, um grupo de homens de terno apareceu na entrada da mansão. Lucas e Gabriel, com ferimentos visíveis em seus rostos, se posicionavam respeitosamente atrás de Teófilo. Este, alto e magro com uma cicatriz aparente sobre a sobrancelha, mantinha um ar gelado e dominante que não havia diminuído em nada.Félix, incrédulo, mal conseguia fechar a boca:- Como é possível, você não estava...Teófilo levantou a cabeça e avançou com passos largos, seu semblante bonito coberto por um ar gelado. Em poucos passos, estava diante de Félix. Sem dizer uma palavra, ergueu a mão e agarrou o pescoço de Félix. Este, comparado a Teófilo, parecia frágil e magro, incapaz de reagir ao ataque, como um peixe sobre uma tábua de cortar. Recuava instintivamente, enquanto Teófilo se aproximava cada vez mais rápido, até que atrás deles havia apenas uma torre de copos de vinho. Valéria gritava:- Pare, por favor, pare!Ela gritava até ficar rouca, sem conseguir mudar nada, então se voltou para o mordomo em
Patrícia estava com uma dor de estômago insuportável, e, para piorar a situação, Félix, sempre mal-intencionado, provocou ela ao ponto de deixá-la furiosa. Naquele momento, um abraço de Teófilo fez com que Patrícia se sentisse como um cachorrinho abandonado que finalmente reencontra seu dono. Ela retribuiu o abraço, dizendo com voz cheia de mágoa:- Você finalmente voltou.Teófilo acariciava gentilmente o rosto dela e, mesmo com a maquiagem, percebeu imediatamente que algo estava errado com sua expressão.- O que está te incomodando?Como havia muitas pessoas ao redor observando, Patrícia, tentando não expor seu desconforto, reprimiu a dor com um sorriso:- Não é nada, só estou feliz por você ter voltado.Teófilo percebeu o suor frio na testa de Patrícia e supôs que talvez as ações anteriores de Valéria e seu filho a tivessem perturbado. Decidiu intervir rapidamente. Ele a consolou suavemente:- Não tenha medo, eu estou aqui agora, ninguém vai te machucar novamente.Após confortar Pa
Valéria foi flagrada de surpresa, encarando Teófilo com os olhos arregalados, claramente incrédula, pois ela também era uma anciã da família!- Valéria! - Felipe rapidamente retirou a toalha de sua boca.Valéria reagiu instintivamente, querendo continuar a se lamentar, mas um olhar gélido de Teófilo a fez cessar imediatamente, e ela apontou rapidamente para Félix, que estava no chão:- Primeiro, salve nosso filho.Felipe também sabia que este não era o momento de discutir com Teófilo, a segurança de Félix era prioritária.- Chega de chorar.Felipe soltou Valéria e se dirigiu a Lucas:- Solte ele.Embora emanasse uma aura dominante, Lucas não era seu empregado, então por que deveria obedecê-lo? Além disso, saber das ações de Felipe na infância de Teófilo já era suficiente para irritá-lo, não reagir com violência já era uma concessão, então Lucas fingiu não ouvir a ordem.Felipe foi ignorado mais uma vez, e seu rosto esfriou instantaneamente:- Eu disse para você soltar, você está surdo