Após várias horas de um longo voo, o avião finalmente aterrissou suavemente no aeroporto. Patrícia retirou a máscara de olhos, se esticou e mexeu as mãos e pés, que estavam rígidos. O país X está localizado em outro hemisfério, com uma temperatura exatamente oposta à de Cidade A. Enquanto Cidade A está coberta de neve pesada, a capital do País X, Cidade N, está quente como a primavera, com uma brisa marinha trazendo um ar fresco incomparável. Assim que desembarcou, Patrícia sentiu o ar refrescante e agradável.No portão VIP, já estava à espera Túlio, vestido com uniforme de trabalho preto:- Sr. Teófilo, foi uma longa viagem.Seu olhar se fixou em Patrícia, examinando ela de cima a baixo antes de falar lentamente:- Srta. Patrícia, foi um esforço.Patrícia não perdeu o olhar avaliador do homem de meia-idade, a intuição feminina lhe dizia que ele não gostava dela. Claro, Patrícia também não queria provar nada, apenas acenou com a cabeça como cumprimento e saiu na frente. Teófilo l
Há um tempo, quando ela tinha acabado de acordar, Patrícia fez essa pergunta. Naquela época, parecia um cordeiro perdido, falando com uma voz trêmula e vulnerável. Diferente de agora, ela irradiava uma confiança impressionante. Franziu os lábios e acrescentou:- Não importa se você não gosta, afinal, não é como se eu fosse me casar com ela.Assim que terminou de falar, saiu do restaurante com passos largos. Teófilo observou sua silhueta alegre e caiu em pensamentos profundos. Sem as amarras de filhos e família, ela parecia tão livre. Provavelmente teve um bom sono no avião, pois parecia muito feliz ao chegar a um novo lugar, até seus passos estavam mais leves. Pulando como uma menina à frente, não mostrava nenhum sinal da falta de energia que teve no ano passado. Ao passar por lojas que vendiam produtos locais, ainda instruía Teófilo a comprar algumas delícias.À medida que o dia escurecia, Túlio estava furioso, mas não se atrevia a dizer nada. Não sabia o que a Sra. Patrícia est
A Mansão dos Amaral está localizada nos subúrbios de Cidade N, um lugar de belas paisagens e ambiente agradável, cercado de vegetação por todos os lados.Havia chovido recentemente, e a umidade do asfalto já havia evaporado, mas o ar ainda retinha o frescor das plantas úmidas.As luzes da cidade também eram peculiares, algumas penduradas como cordões de estrelas se derramando de plantas altas.Entre elas, havia muitas outras em formas de cogumelos, abóboras ou pequenos animais e bonecos iluminados.Mais do que uma cidade, parecia que os humanos haviam adentrado um mundo fantástico e alternativo.Quando chegaram à Mansão dos Amaral, já passava das oito da noite.A mansão era imensa, cercada por um vasto terreno, e à noite era difícil ver claramente, mas se podia vislumbrar o contorno das árvores e arbustos meticulosamente podados à beira da estrada.O ar estava impregnado com o aroma intenso das flores, e a passagem do carro assustou os pássaros que estavam pousados na beira da estrada,
Patrícia já estava preparada para o pior. Afinal, ela estava ali apenas para se apresentar, se não fosse do agrado deles, bastaria virar as costas e partir.No entanto, antes que Agatha pudesse se pronunciar, uma voz familiar ressoou primeiro: - Agatha, é o Teófilo que voltou?No canto do segundo andar, surgiu uma figura conhecida: era Luana, que haviam encontrado recentemente no país.Teófilo, ao ouvir aquela voz, sentiu um arrepio percorrer seu corpo, e uma expressão fria tomou conta de seu rosto.- O que você está fazendo aqui?Luana rapidamente se aproximou de Agatha, segurando seu braço carinhosamente, e disse: - Teófilo, nos últimos dois anos, fui eu quem esteve ao lado de Agatha.Patrícia finalmente compreendeu a fonte da confiança de Luana. Após tudo que havia acontecido, ali estava sua resposta.Luana havia conquistado a pessoa mais importante, Agatha.Parecia que o convite de Agatha para ver Teófilo tinha como objetivo aproximá-lo de Luana.Que reviravolta surpreendente ess
Antes que Patrícia pudesse compreender, Agatha avançou, deixando para trás uma silhueta encantadora. Patrícia piscou para Teófilo e, abaixando a voz, perguntou:- Qual é mesmo a postura da sua mãe?- Vamos experimentar a autêntica culinária da Cidade N. - Respondeu Teófilo, desviando da pergunta e guiando ela até o restaurante.Agatha já estava sentada, fixando o olhar nos dedos entrelaçados de Teófilo e Patrícia, com uma expressão que se congelou por um instante. Luana, carregando os utensílios, observou Teófilo puxar a cadeira para Patrícia, que se sentou antes dele. Ele colocou os aperitivos, que estavam mais afastados, diante de Patrícia.Se Teófilo mimava Patrícia em público, poderia ser para manter sua imagem de marido prestativo, mas ali não havia estranhos. Para quem ele estava se exibindo? Só havia uma explicação: esse era o modo como eles interagiam, como um casal comum.Se observando, Luana desejava causar uma boa impressão, mas, dessa forma, não parecia diferente de uma
Patrícia corou, bem, ela tinha pedido muitos pratos, mas na verdade não havia comido tudo, apenas provado um pouco de cada. Seu pequeno estômago não aguentava muita comida e rapidamente ficou cheia. Agatha revirou os olhos:- Se não consegue comer, não coma. Uma refeição desperdiçada não vai falir a família Amaral, e mesmo que falisse, não seria problema nosso.Patrícia ficou chocada, Agatha era bem diferente do que ela imaginava.- Desculpe, eu pensei que... - Patrícia começou, mordendo o lábio.Agatha completou por ela:- Você pensou que eu te colocaria em uma situação difícil, então comeu antes de vir.- Sim, foi indelicado da minha parte.- Não precisa se desculpar, eu realmente pretendia te colocar em uma situação difícil.Patrícia ficou sem palavras. Como Agatha não seguia o raciocínio comum? Essa fala deixou Patrícia sem saber como responder.- Na verdade, eu também temia que você não conseguisse comer e já tivesse comido antes. Se você não estiver com fome, pode me acompanha
Teófilo olhou para ela com surpresa:- Eu pensei que você não se importava conosco, mas vejo que você está bem informada.Agatha teve que olhar um pouco para cima para encará-lo e, após ouvir isso, se sentiu profundamente emocionada.- Na minha memória, você ainda é aquele garotinho que seguia atrás de mim. Não imaginei que você crescesse tão rápido.Ela levantou a mão para acariciar o rosto de Teófilo.Mas seus dedos pararam antes de tocá-lo. Os sentimentos de Agatha por Teófilo eram complexos. Desde o início, ela ansiava pelo nascimento daquele menino, desejando que aquele homem reconsiderasse e mudasse de ideia. O que recebeu em troca foi uma indiferença tão cruel que ele nem mesmo olhava para o filho, fazendo com que Agatha guardasse ressentimento contra Teófilo. Ela nunca desempenhou o papel de mãe para ele, mesmo estando ele diante dela, ele lhe era estranho.Agatha recolheu a mão de maneira constrangida, com uma expressão de perda no rosto:- Vocês, eu e sua irmã, devem achar
Essas palavras, se pronunciadas por outra pessoa, poderiam soar insensíveis, mas vindo de uma mãe cruel o suficiente para lançar uma criança de três anos de um prédio, elas parecem perfeitamente normais. Se ela própria não valoriza seu próprio filho, que valor daria aos filhos alheios?De certo modo, Agatha e Felipe são semelhantes. Focados exclusivamente em seus próprios sentimentos, o mundo deles se resume ao amor, excluindo qualquer outra presença.Agatha passa a mão por uma mecha de cabelo ao lado da orelha, num gesto extremamente elegante.- Essa Luana, nos últimos dois anos, vem me visitar com frequência. Às vezes para me fazer companhia, outras vezes para massagear minhas pernas. Como a percebia entediada, nunca a impedi.Teófilo fica sem palavras:- Parece que quem está entediada é você.Sua mãe nunca foi um exemplo de virtude, pelo contrário, sempre se assemelhou mais a uma vilã. Para fazer Felipe mudar de ideia, ela empregou muitos artifícios para machucar a mulher que Fel