Antes que Patrícia pudesse compreender, Agatha avançou, deixando para trás uma silhueta encantadora. Patrícia piscou para Teófilo e, abaixando a voz, perguntou:- Qual é mesmo a postura da sua mãe?- Vamos experimentar a autêntica culinária da Cidade N. - Respondeu Teófilo, desviando da pergunta e guiando ela até o restaurante.Agatha já estava sentada, fixando o olhar nos dedos entrelaçados de Teófilo e Patrícia, com uma expressão que se congelou por um instante. Luana, carregando os utensílios, observou Teófilo puxar a cadeira para Patrícia, que se sentou antes dele. Ele colocou os aperitivos, que estavam mais afastados, diante de Patrícia.Se Teófilo mimava Patrícia em público, poderia ser para manter sua imagem de marido prestativo, mas ali não havia estranhos. Para quem ele estava se exibindo? Só havia uma explicação: esse era o modo como eles interagiam, como um casal comum.Se observando, Luana desejava causar uma boa impressão, mas, dessa forma, não parecia diferente de uma
Patrícia corou, bem, ela tinha pedido muitos pratos, mas na verdade não havia comido tudo, apenas provado um pouco de cada. Seu pequeno estômago não aguentava muita comida e rapidamente ficou cheia. Agatha revirou os olhos:- Se não consegue comer, não coma. Uma refeição desperdiçada não vai falir a família Amaral, e mesmo que falisse, não seria problema nosso.Patrícia ficou chocada, Agatha era bem diferente do que ela imaginava.- Desculpe, eu pensei que... - Patrícia começou, mordendo o lábio.Agatha completou por ela:- Você pensou que eu te colocaria em uma situação difícil, então comeu antes de vir.- Sim, foi indelicado da minha parte.- Não precisa se desculpar, eu realmente pretendia te colocar em uma situação difícil.Patrícia ficou sem palavras. Como Agatha não seguia o raciocínio comum? Essa fala deixou Patrícia sem saber como responder.- Na verdade, eu também temia que você não conseguisse comer e já tivesse comido antes. Se você não estiver com fome, pode me acompanha
Teófilo olhou para ela com surpresa:- Eu pensei que você não se importava conosco, mas vejo que você está bem informada.Agatha teve que olhar um pouco para cima para encará-lo e, após ouvir isso, se sentiu profundamente emocionada.- Na minha memória, você ainda é aquele garotinho que seguia atrás de mim. Não imaginei que você crescesse tão rápido.Ela levantou a mão para acariciar o rosto de Teófilo.Mas seus dedos pararam antes de tocá-lo. Os sentimentos de Agatha por Teófilo eram complexos. Desde o início, ela ansiava pelo nascimento daquele menino, desejando que aquele homem reconsiderasse e mudasse de ideia. O que recebeu em troca foi uma indiferença tão cruel que ele nem mesmo olhava para o filho, fazendo com que Agatha guardasse ressentimento contra Teófilo. Ela nunca desempenhou o papel de mãe para ele, mesmo estando ele diante dela, ele lhe era estranho.Agatha recolheu a mão de maneira constrangida, com uma expressão de perda no rosto:- Vocês, eu e sua irmã, devem achar
Essas palavras, se pronunciadas por outra pessoa, poderiam soar insensíveis, mas vindo de uma mãe cruel o suficiente para lançar uma criança de três anos de um prédio, elas parecem perfeitamente normais. Se ela própria não valoriza seu próprio filho, que valor daria aos filhos alheios?De certo modo, Agatha e Felipe são semelhantes. Focados exclusivamente em seus próprios sentimentos, o mundo deles se resume ao amor, excluindo qualquer outra presença.Agatha passa a mão por uma mecha de cabelo ao lado da orelha, num gesto extremamente elegante.- Essa Luana, nos últimos dois anos, vem me visitar com frequência. Às vezes para me fazer companhia, outras vezes para massagear minhas pernas. Como a percebia entediada, nunca a impedi.Teófilo fica sem palavras:- Parece que quem está entediada é você.Sua mãe nunca foi um exemplo de virtude, pelo contrário, sempre se assemelhou mais a uma vilã. Para fazer Felipe mudar de ideia, ela empregou muitos artifícios para machucar a mulher que Fel
Os olhos de Teófilo se aguçaram ainda mais:- O que mais você sabe?- Veja sua reação, parece que acertei. Não tenho segundas intenções, esta visita foi realmente só para ver vocês. Mas preciso te contar algo. Nossa família tem muitos defeitos, somos obsessivos e dedicados. Uma vez que gostamos de alguém, é para a vida inteira, o que tem um lado duplo.Agatha falou com profundidade:- Porque nem eu nem seu pai te ensinamos a amar, Teófilo. Eu não quero que você repita os erros do passado. O amor nunca é apenas um desejo unilateral. O que mais me arrependo nesta vida são as coisas que fiz para o seu pai, que causaram uma dor indelével em você e em sua irmã.Essas palavras soaram mágicas para Teófilo, que nunca imaginou que um dia sua mãe diria tais coisas a ele.- Eu cuidarei bem dela. - Após uma pausa, Teófilo falou novamente. - Já que você conhece Dona Rosa, poderia me ajudar a descobrir algo? A origem da Paty.- O quê? - Agatha ficou surpresa.- Ela não é filha de João. A única que c
Antes de encontrar Agatha, Patrícia a imaginava como uma figura diabólica e louca, mas ao conhecê-la pessoalmente, percebeu que estava enganada. Ela era apenas uma pessoa que nunca havia sido verdadeiramente amada.- Você não é tola, é apenas excessivamente persistente. Patrícia pôde se relacionar com Agatha, sentindo como se tivesse vivido experiências similares, como se ela mesma tivesse cometido erros parecidos no passado.- É a mesma coisa, eu realmente não agi como uma mãe deveria no passado, mas agora nesta idade, comecei a entender algumas coisas. Você é mais feliz do que eu, recebeu o amor completo dele, e você é a pessoa mais adequada para usar esta pulseira. Patrícia se mostrou surpresa:- Então a senhora não se opõe a nós?- Por que eu me oporia? Vocês são tão compatíveis. Mas tenho algumas coisas para lhe dizer: Teófilo é excelente, mas ele cresceu em uma família como a nossa, e seu caráter tem sérias falhas que pessoas comuns podem não perceber, apenas aqueles próximos
O encontro com a sogra foi surpreendentemente tranquilo. Após se despedir de Agatha, Patrícia permaneceu olhando fixamente para a bela pulseira que, com o passar dos anos, se tornou ainda mais encantadora. Ela não a colocou no pulso, apenas observava ela atentamente, sentindo no íntimo que aquilo não deveria pertencer a ela.- Gostou? - A voz de Teófilo surgiu inesperadamente atrás dela, fazendo Patrícia se sobressaltar, pois estava tão pensativa que não notou sua aproximação.- Gosto, é muito bonita.Teófilo pegou a pulseira e disse gentilmente:- Me deixe colocar em você.Patrícia, instintivamente, recuou:- Depois eu coloco. Uma joia tão preciosa deve ser usada apenas em ocasiões especiais, e eu normalmente não gosto de usar joias, não é prático.Teófilo hesitou por um momento, sem revelar o que realmente pensava.- Tudo bem, como você quiser.Embora Patrícia e ele estivessem próximos todos os dias, ela ainda mantinha apenas uma afeição por ele, longe de ser amor.Teófilo sentia qu
Um novo dia amanheceu e Patrícia foi acordada pelo canto dos pássaros lá fora. O sol quente se derramava sobre a cama macia. Ela esfregou os olhos enquanto diversas aves de cores vibrantes pousavam nos pilares de pedra do terraço. Algumas cantavam, outras alisavam suas penas, tudo sob um céu azul com nuvens brancas ao fundo, conferindo ao mundo um aspecto incrivelmente sereno.Após alguns segundos de confusão mental, Patrícia se lembrou de que estava em outro país. O clima aqui era ameno e úmido durante todo o ano, com vegetação densa, bem diferente da maior parte de Cidade A, que frequentemente é fria e seca.Ela gostava bastante deste lugar. Se levantou da cama espaçosa para se arrumar. Sempre que via essa mansão, se sentia como uma princesa em um castelo, a família Amaral era realmente muito rica.Quando saiu do quarto, foi recebida por uma sequência de sorrisos:- Bom dia, Sra. Patrícia.Patrícia claramente se assustou com a voz alta, olhou ao redor e viu todos os criados, os q