Luciana agarrou a mão de Patrícia com emoção. - Despedida? Para onde você vai?- Não se preocupe, eu só quero encontrar um lugar para descansar um pouco.Vendo Patrícia vestida toda de preto, sem um traço de vitalidade e fria como o gelo, Luciana adivinhou que ela provavelmente queria espairecer.- Vai demorar muito?- Sim, provavelmente.- Deixar este lugar triste também é bom.A sempre animada e alegre Luciana nem sabia como consolar Patrícia, cujas feridas não poderiam ser curadas com poucas palavras.Então, transformando tristeza em apetite, Luciana pediu vários pratos caros.- Coma, hoje você pode se deliciar com caviar, estou com dinheiro agora, então não seja tímida comigo.Patrícia sorriu. - Fale mais baixo, as pessoas vão pensar que você é uma nova-rica.- O que tem? Eu conquistei isso com meu próprio esforço, Paty, e não vou te enganar, você me ajudou muito na época do ensino médio, e eu sempre pensei que um dia eu precisaria me destacar e ser alguém em quem você pudesse se
Na manhã seguinte, Patrícia entrou pela última vez no quarto de João, observando a figura esquelética que jazia na cama.Os músculos de João haviam atrofiado de forma alarmante, e seu rosto estava envelhecido e magro.O quarto estava permeado com um forte cheiro de medicamentos misturados.Fazia muitos dias que Patrícia não tinha coragem de entrar ali.Ela sabia que o dia em que tomasse sua decisão seria o dia da despedida.Uma noite de neve pesada havia coberto o jardim com uma camada espessa.Patrícia puxou as pesadas cortinas blackout e abriu a janela.Deixou que a luz do sol e o vento nevado entrassem no quarto.- Pai, deve fazer muito tempo que você não respira o ar fresco lá fora, não é? É inverno de novo, e está nevando.Embora a mão direita de Patrícia não fosse tão ágil quanto a esquerda, ela ainda conseguia realizar movimentos normais sem problemas.Ela pegou um punhado de neve e seus dedos se moveram rapidamente.Então, calmamente, ela moldou um coelhinho de neve.- Eu me le
Mariana observava de sua cadeira de rodas, à distância, Teófilo segurando o guarda-chuva sobre Patrícia, que se ajoelhava enquanto ele permanecia de pé, atrás deles, a neve caía densamente, criando uma cena de harmonia inusitada.Durante esse período, ela havia perguntado repetidamente a Teófilo sobre o paradeiro de João, mas ele não revelou nada.Somente naquela manhã, ela recebeu a notícia de que João havia falecido.Ela nem sequer teve a oportunidade de ver João uma última vez ou de acompanhá-lo em sua última jornada, João morreu sem saber que sua filha biológica era Mariana.Teófilo foi realmente implacável.Ele afirmava que era o castigo que ela merecia.Mas, afinal, o que ela havia feito de errado?Ela foi enganada por tantos anos e, ao final, seus pais morreram por suas mãos, deixando ela atormentada pela culpa.Ao retornar ao país, Mariana acreditava ser a pessoa mais afortunada do mundo, com uma família harmoniosa, uma mãe amorosa e Teófilo, que sempre a protegia.Porém, em me
Ao ouvir a voz desesperada de Mariana, Patrícia parou e, por um instante, olhou para trás.Mariana, dispensando a ajuda dos empregados, insistia em rastejar até Teófilo.Sua aparência desamparada e triste fez Patrícia se recordar de si mesma, um ano atrás, quando se ajoelhou no chão implorando a Teófilo para que não se divorciasse dela.Ela percebeu quão patética tinha sido naquele momento.- Vamos apenas deixar ela assim? - Patrícia cruzou os braços, parecendo questionar se Teófilo estava preocupado com seus sentimentos ao não ajudar Mariana - Você não precisa se preocupar com o que eu sinto, não me importo.Teófilo parecia magoado, e segurou a mão de Patrícia. - Patrícia, nunca existiu amor entre mim e Mariana. Quando disse que me casaria com ela, foi apenas para saldar uma dívida.Patrícia soltou uma risada fria. - Uma dívida que te levou à cama dela, interessante.- Patrícia, na verdade, Diego, ele... - Teófilo quase revelou algo, mas fechou os olhos, se lembrando da noite em que
A Ilha de Moroguba, também conhecida como Ilhas do Inferno, era composta por cinco ilhas. Este local servia como um centro de detenção, absorvendo condenados à morte e escravos de várias nações. Também era um centro para a criação de venenos e uma arena de lutas. Se desejasse sobreviver, devia correr incessantemente e lutar sem parar. Todos os agentes especiais mais competentes do mundo deviam passar pelo teste das Ilhas do Inferno. A regra era que os novos participantes seriam distribuídos aleatoriamente pelas quatro ilhas periféricas, iniciando um modo de sobrevivência selvagem. Dentro de três meses, noventa por cento eram eliminados, e os dez por cento restantes avançavam para a ilha principal, onde os três mais habilidosos finalmente seriam determinados. Os três sobreviventes, após passarem pelo teste, eram vendidos por um alto preço. No futuro, podiam se tornar guardas de alta patente do Ministério da Defesa, agentes de organizações secretas ou até mesmo assassinos de elite
Gabriel finalmente entendeu o que Teófilo planejava. Desde o início, ele não tinha a intenção genuína de enviar Patrícia para um treinamento, seu objetivo era encontrar uma oportunidade para administrar a ela a droga.No entanto, ele sentia que isso era inapropriado.- Mas Presidente Teófilo, mesmo que o passado da senhora esteja cheio de memórias ruins, ela tem o direito de decidir se quer esquecê-las ou não. Administrar a droga sem o consentimento dela pode ser problemático. E se ela recuperar a memória mais tarde? Ela poderia te culpar...- Você acha que eu não pensei nisso? Independentemente das dificuldades que Paty enfrentou ao longo do caminho, em sua mente resta apenas o desejo de vingança. Ela se tornou extremamente sensível, acorda ao menor ruído, é atormentada por pesadelos todas as noites, e um abismo profundo se formou entre nós. Eu não tenho outra escolha.Teófilo ergueu sua aliança de casamento, cujo metal prateado brilhava com um brilho frio ao sol.- Finalmente encontr
Risadas ecoavam pelo ambiente e Patrícia lançava um olhar sereno ao redor. No recinto, se encontravam onze pessoas: nove homens e duas mulheres, incluindo ela.A outra mulher se encolhia em um canto, visivelmente assustada. Todos ali eram condenados à morte, figuras indubitavelmente intimidadoras.Patrícia estava ciente de que Teófilo tinha feito seus preparativos, entre os presentes, havia aliados dele. Ela buscou refúgio em um canto desocupado, observando o cenário. O homem que primeiro falou com ela agora se aproximava novamente. Seu odor era pungente, denunciando a falta de higiene. Ele era alto, e apoiava uma mão na parede ao lado do ouvido de Patrícia, que franziu a testa, respondendo com uma voz fria e clara:- Precisa de algo?- Não importa como entrou, agora que está aqui, deve me obedecer. Faça o que eu mandar, entendeu?Patrícia ergueu os olhos para ele, indagando:- O que deseja que eu faça?O homem sorriu de forma grotesca, exibindo dentes amarelados.- Aqui só há ho
O resto do tempo passou sem incidentes, com Patrícia se mantendo num canto, de costas para a parede. De vez em quando, Cláudio e seus comparsas lançavam olhares hostis em sua direção. Patrícia sabia que eles esperavam por uma oportunidade. Uma vez na ilha, a verdadeira batalha teria início.Após um mês de treinamento, Patrícia se classificou entre os melhores. Exceto por Cláudio e seu grupo, Igor e seu irmão gêmeo, que frequentemente se agrupavam para dormir no mesmo canto, tentaram se aliar a ela, mas Patrícia recusou. Ela preferia agir sozinha e observava outra mulher, Kelly, que todos respeitavam e mantinham distância, inclusive Cláudio.Kelly tinha uma presença sombria, como uma serpente venenosa pronta para atacar das sombras. Ela não provocava ninguém, mas se provocada, revidaria com ferocidade. Durante esse mês, Patrícia tentou se aproximar dela, mas Kelly se manteve distante, sem interagir com ninguém.No dia seguinte, seriam levados para uma ilha deserta. Havia cem pes