Na sua área de especialização, Patrícia se mantinha mais ereta do que o normal:— Você não vai acreditar, mas não se mexa.Felizmente, ela já tinha previsto todas as possibilidades e optado por se passar por médica, razão pela qual sua mochila estava cheia de suprimentos médicos. Ela pegou seu kit de acupuntura e acionou a luz de emergência.Ao ver as agulhas de prata nas mãos dela, Matheus perguntou com frieza:— O que você vai fazer?— Vou ajudar a aliviar sua dor de cabeça. Fique tranquilo, se eu quisesse te matar, teria feito isso quando você desmaiou.Ela não estava errada, afinal, ela teve tempo de tirar sua roupa enquanto ele estava inconsciente.Provavelmente por estar realmente com muita dor, Matheus se agarrou à última esperança e disse friamente:— É melhor você conseguir me salvar, senão farei com que você não tenha um lugar para ser enterrada!Patrícia o ignorou e começou a inserir as agulhas em sua cabeça sob a luz. Ela pensava consigo mesma: Que situação, ainda não enc
Patrícia fingiu medo e disse:— O que você vai fazer? Eu te salvei, me deixe ir, ainda preciso procurar remédios...Matheus colocou ela sobre o ombro com facilidade, como se carregasse um saco de cimento, sem demonstrar piedade alguma.Também pegou a mochila dela e a colocou nas costas:— Não vou deixar você ir antes de curar minha cabeça, desista dessa ideia.Os lábios de Patrícia se curvaram lentamente, e ela fez um gesto em direção ao pequeno bosque de Lembranças.Ela havia mostrado suas habilidades médicas intencionalmente para fazer Matheus perceber sua utilidade, assim ela poderia aproveitar a oportunidade de tratá-lo para secretamente procurar o anel.Talvez também pudesse descobrir mais segredos para seu avô e para Teófilo.As figuras ao longe se aproximavam:— Sr. Matheus, você está bem?— Sr. Matheus, essa é uma prisioneira do inimigo? Por que é uma mulher?— Devemos enterrá-la viva?— Melhor desmembrá-la e alimentar os peixes.O tipo de empregado reflete o tipo de chefe, cad
Rodeada pela escuridão devido à roupa sobre sua cabeça, Patrícia podia claramente ouvir Matheus se inclinando sobre ela e dizendo:— Se eu fosse você, não perderia tanto tempo falando. Enquanto eu não tiver confiança, vocês não conseguirão me persuadir.Patrícia ficou sem palavras.Por causa do anel, ela suportava.Mais cedo ou mais tarde, ela cortaria a cabeça de Matheus e a chutaria como se fosse uma bola!Não sabia quanto tempo havia passado, o carro fez várias curvas antes de finalmente parar, justo quando Patrícia estava prestes a vomitar.Antes que pudesse recuperar o fôlego, alguém a pegou novamente.Logo foi jogada descuidadamente no chão frio, quase quebrando seus ossos.Furiosa, Patrícia jogou para o lado a roupa que estava sobre sua cabeça, pois havia se atrevido a não se mover antes, por medo de descobrir algum segredo que pudesse levar à sua morte imediata.Se levantou do chão e, apontando para o nariz de Matheus, exclamou:— Que tipo de monstro você é? Você não é nada alé
Patrícia, mesmo tendo enfrentado alguns revezes nos últimos anos, nunca havia sido ofendida dessa maneira. No momento, a identidade do outro não importava mais para ela. Aproveitando o elemento surpresa de Matheus, Patrícia ergueu a mão e aplicou um forte tapa em seu rosto. O estalo ressoou por todo o ambiente. Matheus, reagindo apenas após o impacto, irritado, segurou os braços de Patrícia acima da cabeça dela. Ele estava com o tronco sem roupa, e a cena tinha um quê de intimidade inusitado. Um empregado trajado de preto tossiu discretamente, cobrindo a boca com o punho em um gesto de constrangimento. Os olhos de Matheus, cintilando faíscas de raiva, e ele, entre dentes cerrados, falou: — Você teve a audácia de me bater? — Sim, eu bati, seu patife! Me solte, seu depravado! — Patrícia, ainda com os braços contidos, não se rendeu. Ela se impulsionou para frente, batendo sua cabeça contra a de Matheus. Com um baque surdo, ambos sentiram o choque do impacto, ficando atordo
Após o lembrete de Patrícia, a outra pessoa pareceu de repente compreender: — Sim, sim, veja só a minha memória. É o bode, e tem aquela pequena flor azul e branca que cresce especialmente no inverno... Como é chamada?— Orquídea. Pode ser usada medicinalmente e é excelente para insônia. — Patrícia acrescentou calmamente, com os olhos brilhando. — Você tem mais alguma preocupação? Pode perguntar.Ao ver que ela havia percebido sua estratégia, a outra pessoa levantou a mão e tocou o nariz para aliviar o constrangimento: — Então vou perguntar diretamente, você disse que estava procurando ervas. Que tipo de erva é?— Onagra. Sua forma é como uma lanterna. Só floresce em noites de lua, com pétalas vibrantes que atraem vagalumes luminosos.Kaué fez várias perguntas em sequência, e as respostas perfeitas não deixaram brechas para ele explorar. — Dra. Bastos, sinto muito pelos incidentes anteriores. Nosso líder é um pouco impetuoso, mas você curou a doença dele e, certamente, seremos gra
— Srta. Júlia, não há necessidade de ficar tão nervosa. Afinal, você só precisa continuar cuidando bem do Sr. Matheus. Ele pediu para você ir até lá para trocar os curativos e aplicar as injeções.Ao reencontrar Matheus, ele acabava de sair do banheiro, com uma toalha enrolada na cintura, exibindo o torso musculoso e as pernas firmes. O curativo que ela havia feito na noite anterior estava completamente molhado, com vestígios de sangue fresco se infiltrando. "Esse homem era incrivelmente desrespeitoso. Já encontrei homens de todos os tipos, mas alguém tão rude quanto o Matheus é uma novidade, quase como se tivesse problemas mentais." — Você não sabe que está ferido? — Patrícia apontou para o braço dele. O homem, segurando uma toalha, passou ela descuidadamente pelos cabelos e respondeu com indiferença: — É por isso que te chamei para tratar, algum problema?"O que diabos passava pela cabeça dele?" Matheus claramente brincava com os limites profissionais de Patrícia. Com rai
Patrícia sabia da identidade dele, mas, como uma mulher frágil, ela não tinha como mudar a situação. Mesmo que matasse Matheus hoje, o ataque do País C não cessaria. O País da Serenidade Azul estava sendo forçado a lutar, e lutar para acabar com a guerra não era a melhor estratégia. Ela não sabia como Matheus podia dizer algo assim tão facilmente, conteve sua raiva e perguntou: — Quem é você, afinal? — Você só precisa cuidar de mim, não se preocupe com o resto. Patrícia tinha uma expressão assustadora e, não querendo continuar essa conversa, falou calmamente: — Me deixe usar o banheiro. Se deite na cama, que logo vou verificar seu pulso. Seus problemas não são apenas na cabeça. Matheus ergueu o queixo e o primeiro ato de Patrícia ao entrar foi trancar a porta. A noite passou sem incidentes, parecia que, por enquanto, ele havia desistido das suspeitas sobre ela. Era a melhor oportunidade agora que Matheus havia acabado de tomar banho. Ele havia visto que não havia ne
O homem já estava extremamente fraco e a facada foi decisiva para lhe tirar a vida instantaneamente. O sangue que escorria começou a manchar lentamente a sola do sapato de Patrícia. Ao longo dos anos, suas mãos não estiveram isentas de sangue, mas ela mantinha seus princípios, todos aqueles que pereceram por suas mãos eram criminosos que mereciam seu fim.Pelas vestimentas, essas pessoas pareciam ser apenas civis patriotas, e a expressão do homem antes de sucumbir era a mesma de Suzana, ambos inocentes que tiveram suas vidas ceifadas. Não importava quanto tempo passasse, Patrícia ainda lutava para se habituar a essas circunstâncias.Ela tocou seu rosto instintivamente, como se pudesse recordar a temperatura e a textura do sangue de Suzana em sua pele. As pupilas dilatadas agradaram a Matheus, que se levantou e caminhou lentamente até o cadáver, se inclinou, e com um movimento ágil extraiu a adaga do peito do defunto. Ele rodopiou a lâmina em sua mão e, num gesto rápido, a direcion