Oi pessoal. Eu sei que estou demorando a postar, mas e que estou cum um problema no meu computador. Espero que gostem deve novo capítulo.
A respiração ofegante ainda doía no peito. Minhas mãos tremiam. Meus olhos estavam inchados de tanto chorar, e meus joelhos mal sustentavam o corpo. Mas eu continuei andando. Sem rumo. Só queria sair de perto daquela escola, daquela vida.Virei duas esquinas, cortei caminho por um beco que eu conhecia desde pequena, e fui parar no único lugar que me trazia um pouco de paz: a velha lanchonete da dona Cida.Era um lugar simples, mas tinha cheiro de infância. Meus pais costumavam me levar lá aos sábados, antes de tudo desmoronar. Abri a porta de vidro com esforço e fui recebida pelo sino pendurado que tilintou como um sussurro de “bem-vinda de volta”.— Amber? — a voz surpresa veio de trás do balcão. — Minha nossa, menina... você está um caco.— Eu sei — murmurei, sem conseguir encará-la.— Senta aí, vou fazer um chocolate quente. Daquele que você gosta, com marshmallow e tudo.Sentei na mesa do canto, a mesma de sempre. Minhas mãos tocaram o tampo de madeira riscado, como se buscassem um
De volta à mansão, o céu começava a se tingir de tons alaranjados, prenunciando o fim de mais um dia arrastado. A rotina tinha se tornado silenciosa demais, pesada demais. Victor e Benjamin continuavam com seus turnos alternados, como se fossem dois estranhos obrigados a viver sob o mesmo teto. Maria me deixou na esquina, para evitar que alguém percebesse nossa saída. Prometi que contaria tudo a ela depois do retorno da consulta, mas, na verdade, nem eu sabia o que havia acontecido de verdade.O exame de sangue só teria resultado nos próximos dias, e a médica havia sido cuidadosa em não tirar conclusões precipitadas. Mas a palavra "ultrassom invasivo" ainda martelava na minha cabeça. Me perguntei se eu conseguiria aguentar até lá sem surtar.Entrei pela porta dos fundos, subindo direto para o quarto. Maria, que havia chegado antes de mim, deixara uma bandeja com lanche sobre a escrivaninha e um bilhete carinhoso: "Se precisar conversar, estarei no quarto ao lado. Com amor, M." Sorri de
De volta à mansão, o céu começava a se tingir de tons alaranjados, prenunciando o fim de mais um dia arrastado. A rotina tinha se tornado silenciosa demais, pesada demais. Victor e Benjamin continuavam com seus turnos alternados, como se fossem dois estranhos obrigados a viver sob o mesmo teto. Maria me deixou na esquina, para evitar que alguém percebesse nossa saída. Prometi que contaria tudo a ela depois do retorno da consulta, mas, na verdade, nem eu sabia o que havia acontecido de verdade. O exame de sangue só teria resultado nos próximos dias, e a médica havia sido cuidadosa em não tirar conclusões precipitadas. Mas a palavra "ultrassom invasivo" ainda martelava na minha cabeça. Me perguntei se eu conseguiria aguentar até lá sem surtar. Entrei pela porta dos fundos, subindo direto para o quarto. Maria, que havia chegado antes de mim, deixara uma bandeja com lanche sobre a escrivaninha e um bilhete carinhoso: "Se precisar conversar, estarei no quarto ao lado. Com amor, M." Sorr
respiração ofegante ainda doía no peito. Minhas mãos tremiam. Meus olhos estavam inchados de tanto chorar, e meus joelhos mal sustentavam o corpo. Mas eu continuei andando. Sem rumo. Só queria sair de perto daquela escola, daquela vida.Virei duas esquinas, cortei caminho por um beco que eu conhecia desde pequena, e fui parar no único lugar que me trazia um pouco de paz: a velha lanchonete da dona Cida.Era um lugar simples, mas tinha cheiro de infância. Meus pais costumavam me levar lá aos sábados, antes de tudo desmoronar. Abri a porta de vidro com esforço e fui recebida pelo sino pendurado que tilintou como um sussurro de “bem-vinda de volta”.— Amber? — a voz surpresa veio de trás do balcão. — Minha nossa, menina... você está um caco.— Eu sei — murmurei, sem conseguir encará-la.— Senta aí, vou fazer um chocolate quente. Daquele que você gosta, com marshmallow e tudo.Sentei na mesa do canto, a mesma de sempre. Minhas mãos tocaram o tampo de madeira riscado, como se buscassem uma
O sol da manhã iluminava o jardim da mansão Willivam, tingindo as folhas com tons dourados. Amber sorriu suavemente enquanto Benjamin falava sobre as aulas que teriam naquele dia. Ele gesticulava, tentando parecer natural, mas seus olhos insistiam em mergulhar nos dela. Havia tensão no ar — algo não dito, algo prestes a mudar.— A gente se vê na escola? — ele perguntou, ajeitando a gravata.— Sim. Só vou subir para pegar minhas coisas — respondeu Amber, devolvendo o sorriso contido. Ela sabia que precisava contar sobre o resultado do exame em algum momento, mas ainda não sabia como. Precisava de mais tempo.Despediram-se com um aceno silencioso e um olhar demorado. Amber virou-se e entrou na mansão, subindo as escadas com calma. No corredor, Maria passou correndo com uma toalha nas mãos, provavelmente lidando com mais um imprevisto doméstico. Amber soltou um suspiro curto. Era um daqueles dias em que tudo parecia normal — e, talvez por isso, perigoso.Ao abrir a porta do quarto, ela en
Três dias desde que Victor a viu pela última vez na biblioteca da mansão Willivam, vestindo uma blusa azul-clara emprestada de Maria e rindo de algo bobo que Benjamin dissera. Três dias desde que o calor dela desaparecera dos corredores, desde que o silêncio começara a gritar entre as paredes do quarto que ela mal começara a chamar de lar.Benjamin não dormia. O rosto cansado, os olhos fundos, a barba por fazer. Ele se recusava a comer, recusava a sair da mansão, recusava qualquer palavra que não estivesse diretamente ligada a encontrar Amber.Victor, por outro lado, parecia prestes a explodir. Já havia vasculhado cada centímetro da cidade, intimidado possíveis cúmplices de Olga, ameaçado seguranças antigos da escola, e dormia com o celular embaixo do travesseiro, esperando uma ligação, um sinal, qualquer coisa.Foi Maria quem recebeu a entrega.Estava na cozinha com a governanta quando o porteiro anunciou que havia uma encomenda sem remetente. A caixa era pequena, leve demais para alg
A sala da mansão Willivam estava em completo silêncio. A caixa com as mechas de cabelo de Amber repousava sobre a mesa como um objeto maldito. Ao lado, a carta da tia Olga com suas palavras frias e ameaçadoras: "Se não retirarem todas as acusações, a próxima caixa trará algo que sangra."Victor tremia de raiva. Os punhos cerrados, os olhos vermelhos, o peito arfando como se fosse explodir. Benjamin, por outro lado, estava imóvel. Seus olhos fixos no nada, como se seu cérebro processasse mil possibilidades ao mesmo tempo.— Ela quer guerra — murmurou Victor. — E vai ter.Benjamin se levantou devagar, empurrando a cadeira para trás com o pé. Caminhou até a lareira e apertou um botão escondido atrás do quadro da família. Um painel se abriu discretamente na parede, revelando uma tela com imagens de câmeras de segurança e arquivos confidenciais.— Então vamos dar a ela o que quer — disse Benjamin, frio. — Vamos jogar com as armas que temos. E nós temos muitas.Maria entrou na sala com o ros
A noite estava espessa como tinta derramada sobre o mundo. A antiga mansão dos Oliveira, outrora símbolo de imponência e riqueza, agora se erguia como uma sombra maldita, tomada pelo mato alto e pelo silêncio mórbido que envolvia seus corredores esquecidos. As janelas estavam cobertas de poeira e as paredes, enegrecidas pelo tempo, pareciam guardar segredos inconfessáveis.No interior do casarão, Amber estava amarrada a uma cadeira enferrujada, com os pulsos marcados e a respiração fraca. Seus olhos, apesar do cansaço extremo e da dor que martelava seu ventre, ainda tinham o brilho da resistência. Olga andava de um lado para o outro, descontrolada. O plano estava ruindo, e ela sabia disso.Do lado de fora, os Willivam já estavam prontos. Victor, Benjamin, Carla e até John, o melhor amigo de Amber, se uniram ao time de resgate, liderado por um segurança experiente que Victor contratara às pressas. As informações reunidas nas últimas horas indicavam a localização precisa da mansão. Eles