— Eu sabia que você estava me enganando o tempo todo.Miguel soltou um riso frio, sentindo seu coração afundar. A vontade de estrangulá-la era quase incontrolável.Durante todo esse tempo, ele foi constantemente dilacerado entre confiar nela e suspeitar dela.Quando desconfiava, se sentia desprezível, se questionando porque não conseguia confiar na mulher que amava. Mas quando tentava confiar, tudo parecia suspeito demais.Especialmente em relação ao Bryan. Ela poderia ter contado a ele, mas escolheu o esconder e resgatar o Bryan por conta própria.Então, ele decidiu jogar o mesmo jogo, enviando Bryan de volta ao país e colocando alguém para vigiar o quarto do hospital 24 horas por dia.Ontem, finalmente obteve uma resposta. O médico do sanatório ligou para dizer que algumas pessoas desconhecidas haviam aparecido, fazendo perguntas sobre o quarto de Bryan.Naquele momento, Miguel entendeu tudo.Luiza o estava enganando.Naquela mesma manhã, ela ainda estava com ele na suíte, fazendo a
Miguel não acreditava mais naquela mulher cheia de mentiras.Ele não acreditava que ela realmente morreria.Antes, para sobreviver, ela foi capaz de fazer coisas que a deixaram sem dignidade alguma. Como ela poderia estar disposta a morrer agora?Ela só queria testar sua reação, mas ele não cairia mais tão facilmente.O rosto de Luiza estava pálido como a morte. Após um momento, ela acenou levemente com a cabeça e disse: — Certo, então espere eu morrer, e depois libere minha avó.Miguel olhou com desprezo para ela.Luiza sabia que ele não acreditava mais nela. Olhou ao redor e viu que um dos seguranças segurava uma faca, cujo brilho cortante refletia no ambiente.Sem hesitar, ela correu e arrancou a faca da mão dos seguranças, a cravando em sua própria barriga.Miguel não esperava que ela fosse pegar a faca, e seu rosto mudou de expressão. Ele correu para detê-la, mas já era tarde demais.Luiza já havia enfiado a lâmina em sua barriga, e o sangue vermelho vivo jorrou imediatamente, pr
— E minha avó? — Ela perguntou de repente.Ela pensou que ele não responderia, mas para sua surpresa, ele disse: — Ela foi para o país R.Luiza ficou um pouco atônita. — Você a liberou?— Não foi você quem disse? Desde que eu a liberasse, você não teria nenhuma queixa sobre como eu vou tratar você no futuro. — Ele falou com frieza, sem demonstrar emoções.Após um momento de surpresa, Luiza sorriu. — Sim.Miguel achou que o sorriso dela era um pouco ofuscante e, com um tom de raiva, disse: — A partir de agora, você terá que suportar qualquer coisa que eu faça com você.Ela não sabia como ele pretendia a tratar no futuro. Mas sua avó já havia ido para o país R, e Felipinho também estava lá, então Luiza estava aliviada.Ela deu um sorriso amargo e respondeu: — Faça o que quiser.Luiza ficou alguns dias no hospital, e Miguel não apareceu.Uma semana depois, uma mulher de meia-idade veio a buscar, dizendo que era Ângela, a governanta da Mansão Jardim.— Mansão Jardim?Luiza nunca tinh
Ângela conduziu Luiza para dentro, não para a mansão principal, mas para o edifício de serviço.Ao abrir uma das portas, Ângela disse em tom grave: — Sra. Luiza, de agora em diante você será a empregada doméstica da Mansão Jardim. Você vai morar aqui. Pela manhã, será responsável por cuidar das flores e plantas do jardim. À tarde, você deve limpar a mansão principal. Se lembre, deve voltar aqui às seis da tarde, pois é quando o Sr. Miguel volta.Luiza ficou atônita por alguns segundos.Pensou que Miguel a havia trazido para ser sua amante, mas não esperava que fosse para ser uma empregada, e uma daquelas que não podia nem sequer encontrar com ele.Não entendia qual era o propósito de tudo isso, e um sorriso amargo surgiu em seus lábios.Ao entrar no quarto, Luiza se deitou na cama e ficou ali, perdida em pensamentos.Agora ela se tornou uma empregada doméstica sem prazo definido, sem remuneração, sem telefone, sem dias de folga e sem liberdade…Na manhã seguinte, Luiza foi acordada às
O carro de Miguel se afastava gradualmente. Milena, com um olhar sonhador, se virou para Luiza e perguntou: — Ei! Novata, o Sr. Miguel parou o carro aqui no jardim e ainda olhou especialmente para mim. Será que ele está interessado em mim? Luiza não respondeu, continuando a regar as plantas. Milena fez uma careta e disse: — Que chato, essa pessoa realmente não tem a menor graça.Três horas depois, Luiza finalmente terminou de cuidar de todas as flores, com os dedos completamente vermelhos de frio. Ela voltou para o quarto e mergulhou as mãos em água quente para as esquentar. Mas, mal as mãos começavam a esquentar, Milena entrou no quarto e disse: — Ei! Novata, a Ângela pediu para você ir até a mansão principal para limpar.— Mas eu ainda não almocei. — Luiza respondeu. — Que horas é o almoço?Antes, Lívia sempre vinha a chamar para as refeições, então ela não sabia a que horas os empregados almoçavam. Além disso, a Mansão Jardim era muito maior que a Quinta do Lago. Na
No entanto, não importa o quanto ela se esforçasse, não conseguia terminar o trabalho antes das seis horas. Ela olhou para o relógio de chão e percebeu, sem perceber, que já eram seis e meia. Mas, mesmo assim, ninguém veio a procurar. Luiza havia passado o dia todo sem comer, e seu estômago estava roncando de fome enquanto ela estava sentada no chão frio. Vendo que o trabalho parecia interminável, Luiza desistiu e decidiu pegar um pano e sair. Assim que estava no topo da escada, ouviu as vozes das empregadas lá embaixo: — Sr. Miguel!Miguel tinha voltado! As empregadas da Mansão Jardim estavam alinhadas em duas filas para o receber. Miguel estava com uma expressão fria enquanto entrava no salão. Luiza, ouvindo os passos se aproximando, se escondeu instintivamente atrás do relógio de chão. Ângela havia lhe dito que ela precisava sair antes das seis horas, e agora já era quase sete horas. Temendo ser punida por desrespeitar essa regra, Luiza se escondeu atrás do relógi
Milena estava consumida pelos ciúmes e disse com sarcasmo: — Não pense que o Sr. Miguel mandar você limpar o andar de cima significa que ele está interessado em você. Olhe para a sua própria condição e veja se você merece isso, com essa aparência pobre.Para ser justa, Luiza era uma filha da família Santos e, naturalmente, estava à altura. No entanto, ela não estava disposta a fazer as pazes com Miguel, especialmente ao pisar no território de Valenciana do Rio, onde temia encontrar Helena, ou melhor, pessoas da família Nunes.Aquela família queria que Alice se casasse com Miguel, e naturalmente a viam como uma pedra no sapato. Se soubessem que ela tinha voltado, provavelmente não ficariam em paz.Luiza, com sua presença discreta, sem dinheiro e sem suas próprias roupas, não queria atrair a atenção delas. Mas para Milena, essa Luiza, silenciosa, sem dinheiro e sem roupas próprias, parecia apenas uma pessoa tão pobre que não podia comprar nem roupas nem um celular.Com uma voz tranquil
— Não é nada.Luiza escondeu as mãos atrás de si e mostrou um sorriso superficial.Ângela, com uma expressão complexa, pegou um tubo de pomada e entregou a ela. — Depois que terminar o trabalho, se lembre de passar um pouco de pomada. E, à noite, após o banho, use um creme para as mãos.Na verdade, Ângela também não sabia qual era a verdadeira identidade dessa mulher. Ela parecia tão nobre e delicada, e suas mãos, que claramente nunca haviam feito trabalho pesado, estavam severamente congeladas.Ângela achava que ela não deveria ser uma empregada. Mas como Eduardo havia dado a ordem, ela tinha que seguir. Disse a Luiza: — Depois que você pega congelamento, quando o tempo fica frio, a dor pode ser constante. É melhor você cuidar de si mesma.Luiza sorriu suavemente e respondeu: — Não se preocupe, vou me acostumar com o trabalho.Quando suas mãos ficarem mais ásperas e com calos, a dor diminuirá.Ela pegou uma toalha, encheu um balde com água e, ajoelhada no chão, começou a limpar.