Nesse momento, o médico entrou e anunciou que Miguel havia passado pela cirurgia. Miguel foi levado para fora. Luiza o seguiu, mas foi barrada na porta da sala de cirurgia pela enfermeira. Ela ficou do lado de fora, olhando enquanto Miguel era levado para dentro da sala, os olhos cheios de preocupação... Ninguém sabia quanto tempo havia se passado, até que Eduardo a alertou: — Senhora, seu celular está tocando. Luiza então voltou à realidade e olhou para o telefone. Era sua avó quem ligava, perguntando onde ela estava. Luiza respondeu: — Vó, o Miguel se machucou, ele está passando por uma cirurgia agora. Estou esperando aqui. — Ele se feriu para salvar o Felipinho? — Perguntou a avó, com a voz preocupada. — Sim. Melissa ficou em silêncio por um momento antes de dizer: — Então fique aí cuidando disso. Nós estamos aqui com o Felipinho. Quando ele acordar, eu te ligo. — Certo. — Luiza concordou. Ao desligar, ela olhou para Eduardo, que estava ao seu lado com um
Luiza não compreendeu muito bem as palavras do médico e, após um momento de hesitação, perguntou: — A cirurgia foi bem-sucedida? — Sim, foi um sucesso. O paciente já está fora de perigo. — Respondeu o médico. Luiza quase perdeu o equilíbrio, estendendo a mão para se apoiar na parede. Felizmente, a cirurgia tinha sido bem-sucedida. A tensão avassaladora que a consumia começou a se dissipar, e seu coração, que parecia ter sido esvaziado, lentamente voltou a bater... Ela sempre acreditou que havia perdido a fé no casamento, que não queria mais estar com ele. Mas hoje, ao vê-lo gravemente ferido na sala de cirurgia, percebeu que, na verdade, ainda tinha sentimentos por ele. Ela estava aterrorizada. Temia que ele morresse, que nunca mais pudesse vê-lo novamente. Por isso, quando ouviu o médico dizer que ele estava bem, sentiu como se tivesse renascido. No fundo, ela ainda se importava muito com ele... Com a mente um tanto confusa, Luiza involuntariamente se lembrou do
— Por que você acordou? — Luiza ficou um pouco chocada. — Você não estava sob efeito de anestesia? — Foi anestesia local no braço. Luiza arregalou os olhos, surpresa. — Então, quer dizer que você estava acordado o tempo todo? — Sim. Ele sabia que ela tinha chorado e segurado a mão dele? A mente de Luiza ficou confusa. — E por que você não disse nada? — Quando saí da sala de cirurgia, eu estava exausto, então fechei os olhos, mas, de alguma forma, percebia que alguém estava segurando minha mão. Era você, né... — Miguel abriu os olhos e, ao ver que era ela, ficou visivelmente feliz. Isso mostrava que ela se importava com ele. Luiza, no entanto, parecia desconfortável. Respondeu, um pouco emburrada: — Você deveria ter dito alguma coisa. — Eu já disse, eu não tinha forças. — Ao salvar Felipinho, ele havia usado toda a energia que tinha e agora estava completamente esgotado. Luiza percebeu a exaustão dele e decidiu não insistir. Com os olhos vermelhos, disse suavemente
Ao voltar para o quarto, Melissa perguntou a ela: — Luiza, o que o médico disse? — O médico disse que amanhã vai chamar um psicólogo para uma consulta. — Luiza respondeu enquanto ajudava Melissa a se acomodar. Melissa assentiu com a cabeça. — E o Miguel? — A cirurgia já terminou. O médico disse que foi um sucesso. Provavelmente, quando ele acordar, estará bem. — Você precisa ir até lá para ficar de olho nele? Luiza pensou por um momento antes de responder: — Sim, preciso. O Eduardo foi descansar e não tem ninguém com ele agora. Vovó, vou deixar o Felipinho aos seus cuidados. — Eu sou a bisavó dele. É minha obrigação cuidar dele. — Depois de levar Melissa de volta ao quarto, Luiza chamou Francisco para o corredor e perguntou. — Foi o Theo que fez isso dessa vez? Francisco assentiu. — Estragamos o projeto de aquisição do ponto turístico dele. Agora ele está como um cachorro acuado. Já começou a se vingar. Agora, Theo nem sequer se importava mais com a segurança do
O médico e os enfermeiros chegaram rapidamente. O médico levantou a gaze do ombro de Miguel, revelando um ferimento de bala. A carne necrosada já havia sido removida, deixando um buraco vazio e ensanguentado. Luiza deu uma olhada e imediatamente desviou o olhar. Era uma cena horrível demais para encarar. — Ficou assustada? — Miguel notou a reação dela e não conseguiu evitar um sorriso de canto. "Ainda consegue achar graça?" Pensou Luiza. Ela disse: — Esse ferimento parece muito grave. — Isso não é nada. — Respondeu Miguel, em um tom despreocupado. — Já tive ferimentos muito piores do que esse. De fato, ele tinha várias cicatrizes espalhadas pelo corpo, evidências das situações extremamente cruéis que já enfrentou no passado. Luiza suspirou. — Sr. Miguel, agora vou aplicar um analgésico no ferimento. Vai doer um pouco, mas logo a dor vai diminuir. — Avisou o médico, enquanto preparava o medicamento. Miguel assentiu com a cabeça. — Certo. — Quando virou o rosto, v
— Apenas dando água? — Ele não pôde evitar rir, um riso astuto. — Dando água a ponto de quase se beijarem? O rosto dela ficou ainda mais vermelho. — Não a provoque. — Miguel não gostava de ver Francisco zombar de Luiza e lançou a ele um olhar frio. — Você é um completo insensível e ainda tem coragem de tirar sarro dos outros? Francisco olhou para ele e não resistiu à provocação: — Não consigo abaixar a cabeça para agradar aos outros.— Por isso está destinado a ficar solteiro. — Miguel o ironizou. Os dois mal se encontravam e já começavam a discutir. Luiza rapidamente tentou interrompê-los: — Pronto, parem com isso vocês dois. Me dê o pote, que eu mesma vou alimentá-lo. Ao ouvir Luiza dizer isso, Francisco finalmente ficou sério. — Ah, agora que estou aqui, também vim falar sobre Theo. — Sobre o que? — Luiza perguntou. Francisco lançou um olhar para Miguel. Luiza respondeu: — Não tem problema, ele também tem desavenças com o Theo, pode falar na frente dele.
Os dois conversaram frente a frente por um tempo, e logo a tensão que existia antes foi deixada de lado. No geral, a conversa acabou sendo até agradável. Luiza estava sentada ao lado e, ao ver Francisco assentir, ele sorriu para Miguel e disse: — Não achei que, com essa cara de cafajeste, você fosse tão inteligente. — Não tão cafajeste quanto você. — Miguel lançou a ele um olhar sutil. Os dois pareciam estar prestes a começarem outra discussão, e Luiza rapidamente interveio: — Chega, chega, parem com isso. O Miguel está cansado. Francisco, é melhor você voltar para casa e deixá-lo descansar. Francisco olhou para Miguel, que estava com o ombro enfaixado, visivelmente muito fraco. Ele não era alguém que gostava de discutir sem motivo e, com um aceno, disse: — Tá bom, eu vou indo. Assim que Francisco saiu, o clima entre os dois ficou um pouco constrangedor. Sem saber o que fazer, Luiza se virou, abriu o recipiente de comida e revelou que havia um pouco de canja dentro.
Ao ouvir essas palavras, Luiza ficou um pouco preocupada e ergueu a mão para abrir a porta do quarto, querendo verificar como estava Felipinho. Mas Felipinho parecia perfeitamente normal, sentado na cama, montando um modelo de iate, com a mesma postura calma e centrada de sempre. "Será que o Felipinho está escondendo os sentimentos no fundo do coração? Por que nunca percebi que ele era assim? Essa genética é mesmo muito forte... Desde pequeno, ele tem uma personalidade tão parecida com a do Miguel. Não fala sobre o que sente, guarda tudo dentro de si?" Ela, de repente, sentiu uma certa tristeza e o chamou: — Felipinho. — Então, tentou se aproximar para abraçá-lo. — Mamãe! — Felipinho, ao ouvir a voz da mãe, largou o modelo que tinha nas mãos e se virou para abraçá-la. O coração inquieto de Luiza foi instantaneamente preenchido por aquele abraço caloroso, e ela sentiu seus olhos ficarem levemente marejados. Com um tom abafado, Felipinho perguntou: — Mamãe, como está o