O coração dela pareceu aquecer junto.Talvez fosse porque agora estava machucada, com o coração mais frágil. Ou talvez tivesse se lembrado das vezes em que ele a salvou sem hesitar. Olhando para ele, com o olhar um pouco perdido, ela perguntou:— A perna... Ficou com alguma sequela?Ela nunca tinha perguntado isso a ele depois do acidente. Diziam que, quando a lesão era muito grave, a dor podia voltar nas trocas de estação.Ao ver a preocupação no olhar dela, ele respondeu em voz baixa:— Um pouco. O osso ficou meio deslocado.— Dói no dia a dia? — Luiza perguntou imediatamente.Ele esboçou um leve sorriso.— Se eu ficar muito tempo em pé, talvez incomode um pouco.— E na troca de estação? É como dizem na internet, que fica muito dolorido e desconfortável?— Parece que não. — Olhando para o rosto delicado dela, ele sorriu e disse. — Talvez seja porque eu ainda sou jovem.— Ainda é jovem? — Luiza não concordou com essa e retrucou sem pensar. — Você já tem 34 anos.Ao mencionar a idade,
Quando acordou novamente, já tinham se passado duas horas.Luiza abriu os olhos lentamente e viu Miguel usando uma toalha para envolver uma nova bolsa de gelo, que ele colocou em seu tornozelo machucado. Na outra mão, ele segurava o celular dela.Luiza ficou um pouco confusa e, quando estava prestes a perguntar por que ele estava com o celular dela, ouviu Miguel dizer para a pessoa do outro lado da linha:— Vovó, a Luiza está dormindo. Ela está bem. O médico recomendou que ela descançasse aqui, então vocês não precisam se preocupar.— Muito obrigada por cuidar dela. — Agradeceu Melissa.Miguel sorriu levemente.— É o mínimo que posso fazer, vovó. Não precisam vir aqui, apenas cuidem do Felipinho.Do ângulo em que Luiza estava, ela conseguia ver perfeitamente o perfil dele, iluminado pelo pôr do sol. Na verdade, Felipinho se parecia muito com ele. Bonito e charmoso, ela ficou olhando para o rosto de Miguel e, sem perceber, se perdeu em pensamentos.Miguel desligou o telefone, olhou para
Miguel abaixou a cabeça e deu de cara com a testa bonita e o nariz delicado dela, e logo abaixo estavam seus lábios rosados.Ele não pôde evitar lembrar de todas as vezes que a beijava; seus lábios eram tão macios quanto uma gelatina doce.Pensando nisso, sua garganta secou, e as mãos que a seguravam começaram a esquentar sem motivo aparente.Sua temperatura aumentou, e ela também pôde sentir. As mãos dele, pousadas em sua cintura, pareciam estar queimando como ferro em brasa.O rosto dela corou inexplicavelmente.No estacionamento, Miguel abriu a porta do passageiro e a acomodou no assento. Sem saber como, acabou dando um beijo em sua bochecha.Era macio.Ambos ficaram surpresos.Luiza olhou para ele.Miguel disse:— Desculpa, não foi intencional.Luiza não respondeu, ajeitou as pernas, e de repente uma mão se estendeu em sua direção. Ela se assustou e olhou para ele.— O que você está fazendo?— Vou colocar o cinto de segurança em você. — Respondeu Miguel, passando a longa mão pelo c
Luiza disse:— Não foi nada, o médico falou que foi só uma distensão de ligamento. É só fazer compressas de gelo por dois dias e repousar por umas duas semanas que vai ficar tudo bem.— Então, você não vai poder sair de casa nesses dias? — Priscila perguntou.Luiza assentiu:— Se puder, é melhor não sair. Mas se precisar, posso usar muletas ou uma cadeira de rodas.— Se machucou a perna, é melhor ficar em casa descansando. — Melissa deu um tapinha na mão de Luiza. — Quanto ao seu pai, já mandei aquela empregada chamada Larissa para cuidar dele. Ela é bem eficiente, então você pode ficar tranquila e descansar em casa. Quando melhorar, poderá ver seu pai.— A Larissa já chegou ao País R? — Luiza perguntou.Melissa fez que sim com a cabeça:— Sim, o assistente a trouxe esta tarde. Eu a observei, e, realmente, ela parece boa, então a mandei para cuidar do seu pai.Com Larissa cuidando do pai, Luiza ficou mais tranquila. Afinal, ele estava em um centro de reabilitação, e era mais seguro ter
— Ué, você até que se importa com as aparências, hein?— Claro, eu sou o "Felipinho, o estiloso"! — Felipinho resmungou, com uma expressão de orgulho.Luiza não conseguiu segurar o riso; o garotinho era realmente adorável.— Felipinho, o que você está fazendo aqui? Hora de comer, desça logo para jantar com a tia. — Priscila, que não encontrou Felipinho no andar de baixo, subiu para procurá-lo e o encontrou no quarto de Luiza.— Estou conversando com a mamãe. — Felipinho respondeu.Priscila disse:— Sua mãe machucou o pé, então não a incomode. Deixe ela descansar bem hoje à noite, tá bom?— Tudo bem. — Felipinho pulou da cama.— Que menino bom você é, Felipinho. — Priscila o elogiou, segurando sua mão, e acrescentou. — Sua mamãe está machucada hoje, então talvez não consiga dormir com você hoje à noite. Não queremos que você acabe chutando o pé dela sem querer. Que tal você dormir com a Maria hoje?— Dormir com a Maria? — Felipinho ouviu isso e seus olhos brilharam.Priscila assentiu.—
Miguel respirou fundo, envolveu a cintura fina dela e murmurou com voz rouca. — Não se mexa tanto, cuidado com seu pé.— Se não, o que eu faço? — Luiza corou. Naquela posição, de frente um para o outro, tão próximos, podiam sentir a respiração um do outro. A atmosfera ficou inexplicavelmente carregada de um certo clima.Miguel olhou para o rostinho ligeiramente corado dela. — Está nervosa?"E como não estaria?" Estavam tão próximos que era impossível não se sentir constrangida. Luiza virou o rosto. — Você não acha que isso é errado?— Errado por quê?— Somos apenas amigos.— Mas já fomos casados. — Disse Miguel. — E muito apaixonados.Luiza sentiu que ele estava provocando ela. Ela queria rebater, mas não tinha argumentos. De fato, eles já tinham tido uma relação muito boa. Se não fosse por tantos mal-entendidos, talvez agora já teriam dois filhos.Depois de pensar muito, ela só conseguiu dizer: — Descanse, eu vou dormir.— Depois de acordar, como é que vai dormir de n
Ela pulou em uma perna só para fora do banheiro e estava prestes a bater na porta quando esta se abriu.O corpo ereto de Miguel apareceu à sua frente.Peito musculoso, pernas longas, aquele "V" irresistível...O mais impressionante era que ele não estava vestido...O rosto de Luiza ficou imediatamente vermelho.— Por que você não está usando roupa?— Estou tomando banho, como iria usar roupa? — Miguel percebeu o rosto corado dela e sorriu levemente. — Estava justamente pensando em dizer que você, com a perna machucada, não precisava pegar nada, que eu mesmo sairia para buscar, mas aí você apareceu.Luiza ficou sem graça, pensando: "Se você sair sem roupa, aí é que eu fico ainda mais envergonhada."Distraída, a toalha em sua mão foi puxada de repente.Ela reagiu instintivamente e segurou a toalha antes que ele a tirasse completamente.— O que foi? Ainda não viu o suficiente? Quer que eu fique assim para você ver mais? — Miguel arqueou uma sobrancelha, a voz rouca.Seu olhar era profundo
Francisco disse:— Conversei com sua avó à tarde e conseguimos fechar um bom preço.— Foi tranquilo?— Tranquilo, já estamos assinando o contrato.Luiza ficou tão feliz que quase soltou um grito, mas antes que pudesse dizer algo, Miguel falou:— Cuidado com o seu pé.Luiza olhou e viu que seu pé estava bem apoiado no travesseiro, sem problema algum.— Meu pé está bem.— Com quem você está conversando, Francisco? Parece tão feliz. — Miguel se aproximou, o rosto bonito com uma expressão fria, claramente insatisfeito.— Quem está aí com você? — Francisco perguntou ao telefone. — É o Miguel?— Sim. — Luiza assentiu.Francisco disse:— Já são mais de oito horas da noite, ele ainda está na sua casa? Pretende passar a noite aí?— Não, daqui a pouco eu faço ele ir embora. — Luiza ignorou Miguel e continuou conversando com Francisco.Miguel franziu a testa, lançando a ela um olhar ressentido.Luiza o ignorou, sem vontade de dar explicações. Afinal, não tinham nenhuma relação, e ela não precisav