Capítulo 2

Ariel

As pessoas estão sorrindo e felizes, e com um bom motivo, hoje Derek está se casando, ele encontrou sua companheira e isso é motivo de festa.

É um sonho de muitos lobos e lobas que esse momento aconteça, muitos realizam outros poucos não. Tudo está nas mãos do destino.

Eu estou feliz por ele, por minha irmã mais velha e Isis, todos estão encontrando seu feliz para sempre e seu par, e como vovó Marina diz isso é um sinal. O sinal que todos nós dessa geração, vai encontrar o amor.

A pergunta que assola a minha mente, é quem será o próximo. E eu tinha um pequeno desejo que a escolhida fosse eu, mas não sei, só depende do destino. Ele sabe o melhor tempo.

– Vem dançar – Aurora me puxa para a pista de dança, e vou só para diverti-la. Minha irmã ama dançar! Ela está tão linda, parece uma princesa.

– Nenhuma notícia do Romeo? – ela pergunta quando me faz dançar valsa com ela, e eu aceito. Olho para os casais em nossa volta, e tento pensar na melhor forma de responder.

– Não. Desde, de sua última carta. Ele devia ter ligado para mim. – eu relevo preocupada. Quando ele passa férias em seu período entre missões, ele me liga, não importa a hora que seja.

– Dois meses amanhã. – ela fala com os olhos arregalados. – Podemos pedir para Jasmine encontrar algo.

– Não. Ainda não. – eu nego rapidamente, e meus olhos encontram-se com os olhos dela, e ela assentiu e sorriu de leve.

– Tudo bem. Mas ele está bem, eu sinto isso – ela diz, querendo me animar e só faço concordar.

– Vem agora é minha vez. – Bela diz, me puxando para seus braços. Isso me lembra da nossa infância quando brincamos de casamentos, era o nosso passatempo favorito quando crianças.

– Também desesperada? - sussurro quando ela rir.

– Não. Ele está aqui. Só não quer aparecer – ela fala como se fosse um segredo.

– Como a minha! – meu irmão grita dançando com Diana nos seus braços, a bebê está rindo.

Eu fico dançando com minhas irmãs e alguns outros caras da matilha só para me distrair, mas não está dando certo, e dando uma última olhada nos noivos, saiu em direção da saída do salão de festa.

Estou morrendo de preocupação com Romeo, ele nunca me deixaria sem notícias, e algo deve ter dado errado. Se nos próximos dias, não tiver nenhuma notícia dele, deixarei minha irmã fazer sua mágica, e se ela encontrar o seu paradeiro, vou atrás dele.

Com esse plano na minha mente, entro no meu carro, e olho para a estrada decidindo se vou para casa, ou para o estúdio de dança, mas descarto essas duas opções, e sigo o caminho para o lago. O tempo está bom, e o gelo já deve estar firme para sustentar meu peso.

Preciso me sentir livre em cima do gelo, e com o gelo ao meu redor. Deixa as imagens, sentimentos, fora. E só sentir a brisa da noite passar pelo o meu corpo.

Estaciono o carro não muito tempo depois estou na entrada da casa de Romeo, a casa que o pertence desde que seus avós morreram. Mexo a cabeça não querendo pensar nisso, e vou até o porta malas, e tiro meus patins, e jogo meus saltos dentro do carro, e fecho. E sigo a trilha até encontrar o banco em frente ao lago para colocar meus patins.

E as memórias do dia que Romeo se despediu voltaram para minha mente como um vendaval, e junto com elas as lágrimas chegaram.

Seguro minhas mãos juntas, contra a barra do vestido preto, odeio essa cor, não amo como minha irmã, acho essa cor tão sem vida, e trás coisas ruins, memórias ruins, como hoje.

O avô de Romeo morreu, teve um ataque cardíaco enquanto dirigia e sua avó estava com ele, os dois não resistiram.

Olho para a água do lago, e me sinto sufocada por não poder patinar e esquecer tudo, e só ser livre, como sou em cima do gelo.

Esse lugar não vai ser o mesmo. Nunca.

– Você está pensando demais. – posso saber quem é só pelo o seu cheiro, um cheiro que me lembra de casa.

– Não posso patinar. E você vai embora. – eu digo me virando para ele com os olhos vermelhos, já sinto vontade de chorar.

– Nas férias vou voltar. Meus pais prometeram – ele diz tão aflito quanto eu, pois não acredita no que disse.

– Não é verdade. Você sabe. – eu falo com vontade de gritar, mas falo baixinho. Seus pais são ruins, e não querem vê-lo feliz, e ele é feliz aqui.

– Vou dar um jeito. – ele fala, mas sei que nem ele acredita.

– Não. Você só pode voltar para ficar aqui para sempre. Será muito doloroso se você voltar e se for novamente. Não posso perder mais ninguém. – eu falo com a voz embargada pelas lágrimas.

– Não entendo. Por que você não me quer?! – ele pergunta se levantando e me olhando com mágoa e eu odeio machucá-lo assim. Mas não tenho escolha, não quero correr o risco dele ser meu companheiro quando completar dezoito anos pode ser horrível. Apesar de que desejo muito que seja.

– Não é isso. Quero você por completo... – eu sussurro, mas ele não está aqui para escutar minha resposta. Quero correr atrás dele, mas é melhor assim.

Ele foi embora, no outro dia, sem falar comigo, me magoou, mas sabia que ele tinha razão, só que deixei uma carta nos seus pertences na noite anterior, queria me despedir, mesmo que ele não se lembre. Só espero que ele responda.

E ele respondeu. E começamos a nos comunicar por cartas, e depois ligação, vídeo chamada, tinha semanas que era todos os dias, outras não chegava nem duas vezes, mas não perdemos o contato, nem quando fui para a faculdade e ele para o exército. Servi ao seu país.

Nunca entendi sua escolha, mas o apoie em todos os momentos, desde do dia que ele foi embora nunca mais o vi pessoalmente, isso me mata aos poucos, mas ao mesmo tempo me deixa feliz. Não sei explicar.

Quero meu companheiro, mas quero que seja ele. É o meu segredo mais bem guardado.

Mexo minha cabeça e vou à direção do lago, e respiro fundo enquanto fecho os olhos, e deixo tudo de lado, e me preparo para dançar. E desliza no gelo, com a rapidez que amo.

Mas a princípio começo só contornando o lago em simples movimentos, e eles vão crescendo a cada segundo que fico em cima do gelo, é de uma forma crescente. E segundos depois me deixo perder entre giros e giros no ar.

Faço um verdadeiro show como diria meu pai. Eu amo o que faço, aqui sou eu. Na pista de patinação só sou uma professora que ama ensinar, mas aqui sou a patinadora e é aqui que eu aprendo para ensinar depois.

O giro termina e isso acaba soltando meu coque, e meus cabelos são jogados ao vento, e abro os braços e levanto a cabeça na direção do céu noturno, e sinto o meu vestido rodopiando comigo.

Ele é de um azul escuro com predarias em volta da minha cintura, formando belos flocos de neve, ele vai até aos meus joelhos, feito em camadas de tecidos, que me deixa parecendo uma princesa, mas quando patino, pareço um cisne negro. Eu o acho perfeito, e dançando aqui, me sinto feliz como em muito tempo.

E assim com esse sentimento danço como nada pudesse me atingir, e abro os mais belos sorrisos que posso, só por que me sinto bem.

Levanto os meus braços e preparo meu corpo para o salto, com um giro logo depois, e talvez uma levantada de perna, e como imagino, faço, e ri como uma criança.

Não sei quanto tempo fico patinando, mas sei que foi perfeito, mas meus movimentos param quando um cheiro tão inebriante chega até mim. Parei de girar e olho para a casa, mas a fragrância não vem dessa direção, então giro rapidamente, e meu corpo ganha vida quando vejo o Romeo parado em frente ao banco me olhando com as mãos nos bolsos.

– Romeo! – eu grito seu nome me sentindo mais feliz do que estou. Estou pronta para deslizar ao seu encontro, porém paro quando minha loba fala em minha mente.

Companheiro.

Deus. Era tudo que eu queria. E a minha felicidade não podia caber no meu corpo. Acho que eu estava brilhando.

Eu o olhei sem acreditar no que estava acontecendo, não parecia real. Preciso tocá-lo, abraçá-lo, senti-lo. Agora.

Dou um passo para frente, mas logo o chão de gelo cede, e eu caí dentro lago. E o frio me consome, mas uso minha força para voltar para cima, só que não consigo achar o buraco que cai.

Porém não tenho tempo para encontrá-lo tenho que fazer outro, não posso deixar Romeo tentar entrar aqui e se machucar, nunca vou me perdoar.

O pânico cai sobre mim, quando sinto seus passos em cima do gelo, e me desespero para voltar para cima e quebrar o gelo, mas meu medo se torna real, e ele cai no lago como eu.

Não. Não.

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