Dias depois, mesmo fingindo não se importar com as visitas, Selene sentia-se mais a vontade com a presença de Cedric, até ansiava vê-lo entrar no dormitório, mesmo que passasse poucos segundos com ela e só para alimentar Aodh.
Em grande parte gostava das visitas frequentes de Cedric por perceber que as empregadas passaram a olha-la de maneira diferente, com mais respeito e com menos intenções de maltratá-la. Talvez fosse pelas ameaças de Cedric, mas deixou Selene com menos medo de sofrer outro ataque.
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À noite, em mais uma visita a sua esposa, encostado na parede, Cedric observava em silêncio e de braços cruzados o corvo Aodh, seu companheiro de batalhas, empoleirado na janela aberta do quarto da jovem rainha, agindo como um doce bichinho de estimação e não o assassino sanguinário que de fato era.
Selene estava totalmente recuperada e us
Ao longo da semana Cedric entrou em uma nova rotina.De manhã, logo após colocar uma armadura simples, no lugar de seguir para a verificação dos arredores da fortaleza, passava pelas acomodações de Selene com a desculpa de ajuda-la com Aodh. Embora ambos parecessem muito bem sem ele.Depois seguia em suas funções até chegar à noite, quando voltava às acomodações de Selene, para jantarem juntos. Conversavam por horas e Cedric se movia para o próprio quarto relutantemente.Mesmo sendo oposto ao que pensou, conforme os dias passavam, a melhor parte de sua rotina era quando estava com Selene. Dizia a si mesmo que o motivo era por ser a única parte do dia que podia jogar o tempo fora, sem duras e pesadas conversas sobre esquemas burocráticos.Selene também se acostumou aos poucos com a presença de Cedric, ficando comovida pela dedicação dele em ajuda-la em sua cura, exigindo que descansasse e não se preocupasse com nada, embora ela estivesse totalmente restabelecida.A relação dos dois mel
A noite envolvia o castelo de Eszter quando Cedric deixou o escritório para respirar o ar fresco do lado de fora, aproveitar o vento frio no rosto para realinhar os pensamentos que insistiam em voltar para Selene.— Alteza, precisamos de ajuda! — Ouviu uma voz masculina gritar atrás de si.Virou-se e viu dois guardas, o primeiro a falar tendo sido um da muralha.— Majestade, temos uma situação militar urgente nos portões da muralha — relatou apreensivo o outro guarda, esse da defesa do palácio.Cedric apressou-se a acompanhá-los. A paz recém-estabelecida entre Eszter e Magdala ainda estava em seus estágios iniciais, e a ameaça de conflito era uma sombra constante em sua mente, mas nunca imaginou que o Perverso teria coragem de fazer algo com a filha residindo no território inimigo.Ao sair do palácio seguiu num veloz galope os dois guardas qu
Os jardins do palácio de Eszter estavam banhados pela luz da lua, e as rosas desabrochavam em um espetáculo de cores vibrantes. Escapando sorrateiramente do quarto, Selene, avançou pelo caminho de paralelepípedos, seguindo a trilha até um canto isolado onde um grupo de rosas exalava seu aroma doce e envolvente.Ao se abaixar para acariciar as pétalas de uma rosa vermelha, uma conversa distante captou sua atenção. Do outro lado do arbusto, dois empregados do palácio passavam, discutindo em murmúrios temerosos.— ...o Perverso trouxe mais destruição.Oculta pelas folhagens, Selene prendeu a respiração para não ser detectada.— Perdemos muitos dos nossos na guerra, ele prometeu paz com aquela filha patética e agora... agora esse tirano volta a invadir nossas terras — o outro empregado falou com amargura.— A filha do
Deixando o dilema de seu casamento de lado, Cedric focou no que teriam de fazer para salvar o reino.— Coloquem seus magos e aprendizes para fazerem selos em volta das cidades feudos; Fortifiquem seus murros; coloquem guardas para verificar os arredores em turnos de três; e treinem homens, mulheres e todos com força e determinação para protegerem o reino — respondeu, dando aos demais os passos diários que adotou dentro da fortaleza desde que conseguiu reaver Eszter. Lançou um olhar pesado a cada um dos rostos refletidos. — Em algum momento o rei Phelix entrará em contato com algum de vocês, talvez com todos, oferecerá algum acordo escuso para que se juntem as forças dele. Não aceitem! — Cedric, ordenou com dureza, avisando em seguida: — Quem se juntar a ele considerarei um traidor e perigo para Eszter.Recebendo a concordância dos lordes para mantê-lo in
O quarto de Selene tornou-se um reduto de temor e apreensão. A lua, até então encoberta por nuvens, decidiu espiar o recinto, lançando sombras que dançavam sinistramente nas paredes. A lareira, que deveria emanar calor e conforto, parecia incapaz de afastar o frio penetrante e mortal envolvendo-a. Não tinha nem mesmo a presença de Aodh para suavizar os temores sufocando-a.Selene encolheu-se ainda mais no leito, observando as sombras noturnas que se alongavam pelo chão do quarto, mesclando-se a de Cedric e sua espada. Seus pensamentos eram um turbilhão de medos, e seu coração pulsava em compasso acelerado. Escondeu a cabeça entre os joelhos quando ele desembainhou a espada, preparando-se para o castigo por ser filha do inimigo de Eszter.O Rei Corvo, normalmente seguro e envolto em um manto de autoridade, permaneceu em silêncio, as feições impenetráveis e os p
A semana não seria nada fácil, Cedric, concluiu lançando um olhar aborrecido ao longo da mesa no salão principal, em que os nobres de seu reino tinham de repassar as informações diárias das cidades-feudo. Pelas telas mágicas recebia olhares de censura e apontamentos incompreensíveis.Tendo definido o que precisavam para a defesa, os nobres decidiram que era o momento de falar sobre o ataque sofrido por Selene, a condenação dada ao agressor e a recente tentativa de fuga de sua esposa.Mesmo querendo se poupar do aborrecimento, os deixou falar, disposto a acabar com possíveis falatórios no reino, quando precisavam de todos focados em Phelix.Cedric supôs que questionariam a segurança da fortaleza, de como os guardas permitiram que Selene fosse atacada e depois quase fugisse, junto com indagações de como garantiria que o mesmo não ocorresse n
Erguendo-se devagar, Ayala despediu-se delicadamente dos nobres antes de fazer cessar a magia que mantinha o líquido conectado aos feudos. Com passos calmos juntou-se ao rei perto da janela de acesso ao pátio da frente.— Os nobres só repetem o que acham que agradaria os ouvidos de Vossa Alteza, visto que não coroou Selene como rainha e a deixou a metros de distância de seu quarto por meses — a feiticeira Dourada indicou para amenizar o enojo do Rei para com os lordes.— Quando desejei mata-la você foi a primeira a me impedir — lembrou com o olhar perdido do lado de fora. — Agora concorda que devo matá-la e tomar outra como esposa?— Jamais. Selene possui um poder raro, será útil ao reino como esposa e mãe do futuro rei — acrescentou recebendo um olhar anuviado de Cedric. Imaginando que o Rei odiava a ideia de ter um filho com Selene, explicou serena: &m
O restante do mês prosseguiu em uma aparente tranquilidade. Seguia toda manhã ao salão do trono para, junto com Gael, Tristan, Ayala e os generais de cada cidade-feudo pensar em estratégias para aumentar a proteção de Eszter, de forma a não permitirem avanços do inimigo.Até o momento pouco se sabia sobre as intenções do rei Phelix. Após dizimar o povo de Olut, ele simplesmente voltou a se isolar e novos ataques não foram feitos.Os lordes não tinham muito acrescentar. Hiran e Castore continuavam a lançar sugestões – prontamente ignoradas por Cedric – para anular o casamento e devolver Selene, além de sugerirem os filhos homens para ocupar a cidade-feudo de Olut. Jan seguia o protocolo indicado, sem contestar e, às vezes, soltava um comentário para lembrar os demais lordes que deviam respeito ao Rei e Rainha de Eszter. Cedric e