Lucas Park
Se o desgraçado do Castillo tivesse feito o que eu estava temendo… Ele era o filho da puta mais inconsequente que já conheci. Aquelas drogas precisavam ser ministradas, dosadas com cuidado. Como ele pôde achar que batizar uma caixa de leite era seguro? Por Deus, o que ele estava pensando?
Senti um calafrio percorrer minha espinha ao avistar o carro característico dele estacionado bem em frente à escadaria de entrada. Estacionei atrás, sem sequer me preocupar em fechar a porta ao correr para dentro da casa.
Lá estava ele, debruçado na bancada da cozinha — o lugar onde Gabrielle costumava se encostar. Seu corpo projetado para frente, o rosto a centímetros do dela. Ele estava prestes a beijá-la?
Claro que ele faria isso, e nem mesmo se importaria em checar se era reciproco. Porque era
Lucas Park Eu deveria levá-la pela garagem, entrar pelos fundos, longe da vista de Castillo, que provavelmente estaria assinando as últimas folhas da rescisão. E, se o conhecia bem, perderia alguns minutos na recepção, entretendo as recepcionistas. Gabrielle não poderia vê-lo ali — não agora. Suas perguntas viriam, e eu ainda não estava disposto a respondê-las. Mas quanto mais nos aproximávamos, mais a sentia escapando, a lucidez se desvanecendo de seu rosto. Precisaria correr o risco e colocá-la em minha sala antes que alguém percebesse seu estado. A ideia de levá-la a um hospital que não fosse o de Leslie estava fora de cogitação; não fazia ideia da quantidade de droga que havia consumido, e a última coisa que precisávamos era um escândalo. Que
Lucas Park Me senti tão impotente e fraco. Nunca senti tanta raiva de alguém ou de mim mesmo, por algo que ia além de meu controle. Eu apenas queria toma-la em meus braços e fugir, ir para longe de todo aquele caos, para longe de todas aquelas pessoas. Eu a amava mais do que minha própria vida, e estar diante dela, sem poder fazer nada para ajudá-la, me doía mais do que se estivesse sendo torturado por mil agulhas perfurando minha pele. Foi um verdadeiro milagre Leslie ter concordado em apenas leva-la para casa. Claro que Jullian se preocupou em mantê-la longe do hospital, ele não poderia correr o disco de descobrirem que foi ele quem trocou as caixas. A saída mais logica que encontrei no momento foi atribuir a Gadreel aquele infeliz incidente. Claro que corri o risco de tanto Leslie como Gabrielle não acreditarem, mas eu sabia que Jullian faria
Lucas Park Nunca fui um grande entusiasta de tecnologia, talvez por não ter passado a adolescência grudado a uma tela como todos os outros. Nada naquilo me atraía. Mas, ao vê-lo moldar qualquer documento, acessar qualquer conta, e alterar códigos complexos com tamanha destreza, comecei a sentir uma certa curiosidade. Por que ele estava aqui, me ajudando, quando parecia ter o mundo nas mãos? Eu odiava admitir, mas a facilidade de Castillo para apagar e recriar realidades digitais era... sedutora. A maneira como ele moldava o invisível com um simples toque no teclado me dava um gosto amargo de inveja. Por mais que Gadreel fosse talentoso em invadir sistemas, ele não chegava nem perto de Castillo quando o assunto era encobrir rastros. Gadreel era impulsivo, agressivo, quase sempre sendo detectado pelos sistemas, e embora soubesse que ele fazia
Lucas Park Mesmo para alguém que não se importava de ser visto fodendo com qualquer buraco de uma mulher ou homem que se insinuasse em sua frente, Castillo considerava invasivo que tentassem desvendar seus pensamentos. E, de certa forma, eu o entendia. Nunca me importei que me vissem. Eu sequer ligaria se fosse Leslie a nos encontrar naquela garagem, ou se estivéssemos ambos nus, nos deliciando um no corpo do outro. Nada disso era vergonhoso para mim. Mas a sensação de que qualquer um deles tentava invadir minha mente, sondar e manipular o que eu sentia... isso sim despertava minha cautela e atiçava minha raiva. Castillo parecia sempre estar dois passos à frente, manipulando as peças de um jogo que, para ele, nunca acabava. Eu sabia que tudo aquilo só o divertia, mas para mim... era real demais. ― Ele esta
Lucas Park Eu sabia que ele encontraria uma forma de se vingar do soco que lhe mais cedo, mas nunca imaginei que usaria Gabrielle para isso. O choque que suas palavras provocaram em minha mente não era nada, comparado ao fato de saber que não se tratava de uma ameaça vazia. Nenhum de nós fazia promessas vazias — esse era um código implícito entre aqueles que viviam na linha tênue entre o poder e a manipulação. E, nesse caso, Castillo era o mais implacável de todos nós. Ele não deixava espaço para interpretações, não oferecia alternativas, como Gadreel poderia fazer. Para Castillo, as palavras tinham um peso definitivo, seguido de ações calculadas, metódicas, como um obsessivo compulsivo sem freios. Era uma promessa que ele cumpriria com um prazer cruel. N&ati
Gabrielle Quando finalmente abri os olhos, estava de volta em meu quarto. O ambiente familiar me trouxe um pouco de alívio, mas também uma sensação inquietante. Leslie estava ao meu lado, segurando minha mão. Parecia exausta, com o rosto pálido e os ombros caídos. Naquele momento, pela primeira vez, ela se parecia com uma mãe. — Graças a Deus você acordou, princesa — disse ela, apertando minha mão e me olhando com uma ternura que eu nunca havia visto. — Estava tão preocupada... Havia algo brilhando nos olhos dela. Eram lágrimas? Leslie... chorando por mim? Aquilo era inacreditável. Ela sempre foi tão distante, até mesmo durante o luto pela morte de meu pai. Evitava qualquer situação difícil que envolvesse sentimentos. Por que agora parecia tão diferente? O que havia mudado? Sentei-me na cama e olhei pela janela. O céu já estava escuro; a noite havia caído enquanto eu dormia. — A reunião... — murmurei, tentando organizar meus pensamentos. — Está tudo sob c
Gabrielle Mesmo se eu acreditasse naquela baboseira que inventaram, era apenas uma forma de garantir que Dave não tentasse reivindicar nem 1% a mais das ações, alegando o acordo de dez anos atrás, seria fundir nossos patrimônios e bloquear qualquer tentativa legal de reaver o que ele achava que lhe pertencia. Não achava que Dave estivesse mirando em mim, muito menos no grupo Gold. Pra falar a verdade, ele parecia nem mesmo se importar com a própria empresa familiar. Sempre deixou claro que não era apegado ao dinheiro, e que o único motivo de ter chegado onde está, é pelo filho e a memória da falecida esposa. Segundo o pensamento de Leslie, eu deveria me casar com Lucas apenas para que a fusão de nossas empresas, se tornasse irreversível. Ela simplesmente barganhou todo o trabalho de uma vida, a troco de um cargo. A única forma de desfazer aquela trama, seria me tirando do jogo ou abrindo mão de
Gabrielle Já me bastava ter esses pensamentos rondando e me acusando, eu não precisava que eles fossem dito em voz alta, pelo homem por quem eu estava apaixonada. Pois uma coisa é seu ex-namorado ter simplesmente saído da cidade a trabalho e nunca mais ter te dado notícias, outra coisa era você descobrir que ele aceitou dinheiro para te abandonar e não voltar a fazer contato. E no meu caso, foram as duas opções. Eu mataria esse filho da puta na primeira chance que tivesse. — Não posso acreditar que ele realmente aceitou o dinheiro! — A raiva ferveu dentro de mim antes que eu pudesse segurar as palavras. Lucas deu de ombros, me puxando suavemente para um abraço, como se tentasse me proteger da verdade que eu acabara de descobrir. — Nenhum homem, em plena consciência, recusaria aquele valor. — Sua voz era baixa e tranquila, mas carregava um sarcasmo afiado. — Ele conseguiu arrancar de Jullian uma quantia maior do que o PIB de alguns países africanos. Meu peito