capítulo 4/ deveres

ALESSANDRO

Um dia antes de Diandra se mudar para a sua casa.

- você não pode estar falando sério?

Questiono ao imbecil do outro lado da linha e ele suspira.

- estou falando e preciso da sua ajuda.

- se você meteu porrada na sua mulher e quase a matou o fodido problema é seu e deveria deixar a sua filha falar com a mãe.

- não entende, se ela observar o estado em que deixei Maria, irá me mandar direto para a prisão... Eu... Perdi o controle não foi intencional, me arrependo disso.

- ela irá te mandar para prisão, porquê lá é o lugar de filhos da puta que batem em mulher, sabe o que acontece com gente do seu tipo lá não sabe?

Ouço o seu suspiro.

- por favor Alessandro, é só por um tempo enquanto não consigo trazê-la de volta para o Brasil.

- eu te arranjo dinheiro e a minha fodida dívida estará paga.

- não, a sua dívida vai ser paga assim, a fica com você até que eu consiga trazê-la de volta, por favor, pela nossa irmandade.

Ouvi-lo mencionar isso em voz alta, faz meu corpo enrijecer pela raiva.

Uns anos atrás eu era um garoto idiota e sem futuro, preso em um orfanato onde apanhava quase todos os dias e isso só mudou quando o homem do outro lado da linha chegou, Henrico era uma espécie de protetor para mim, depois que chegou ao orfanato com doze anos era o mais velho lá, portanto o respeitavam, mesmo que eu fosse apenas dois anos mais novo, mas o fato dele estar ali para me livrar das surras me fez também ter a oportunidade de ter uma família boa, afinal ninguém queria adotar um garoto todo arrebentado, e antes do Henrico era assim que estava.

- Alessandro, eu te protegi quando precisou e agora estou cobrando, não por mim, mas pela minha filha. __ lembra e suspiro.

Não quero conviver com uma garota que só lembro de ter visto no seu aniversário de dez anos, que foi quando tive contato com o pai dela pela primeira vez, depois de ser adotado, ao contrário de mim, Henrico acabou sendo adotado por uma família sem muitas condições financeiras, mas que conseguiu pagar para ele uma boa faculdade onde conheceu a mãe da garota para qual está me pedindo abrigo, mas ele não fez nada útil na faculdade já que me contou que não serviu para estudar e que iria investir o dinheiro que os pais lhe deixaram.

O resultado? Perdeu tudo e ainda fez mais dívidas.

- tudo bem, vou ajudá-la até que consiga levá-la de volta, mas não demore, não sou conhecido por ter paciência.

Ouço o seu suspiro e parece aliviado.

- muito obrigado, vou fazer o possível para não deixar ela muito tempo aí, você está sendo um grande amigo Alessandro.

- Tutto Bene, não precisa de bajulações, agora preciso desligar... E Henri?

- sim.

- pare de fazer dívidas e procure um trabalho, honre as calças que você veste porra.

- vou me cuidar, não se preocupe.

Quero dizer que não é com ele que estou preocupado e sim com as duas mulheres que dependem dele, mas me contenho, porque a sua vida não me diz respeito, mas a da garota que chegou a poucos minutos sim.

Uma garota de dezoito anos que não deveria estar morando em uma casa com dois homens, porquê em breve Killian vai estar aqui e não consigo pensar em nada para fazer com que a sua moral, permita que ela continue aqui.

Não vou deixar que volte para aquele prédio fodido no qual estava sofrendo assédio, agora ela é minha responsabilidade.

Digito o número do meu irmão de criação, ele atende no segundo toque.

- fala Alessandro.

- estava em aula? Não quero atrapalhar.

- não, acabei de sair da universidade, minhas coisas já estão prontas, parto para Summercity dentro de algumas horas.

- porquê deixou essa filha da puta ferrar com a sua carreira?

O seu suspiro irritado quase me fez sorrir.

- Brittany Adams é uma fodida que queria ter um romance com o professor e aí ouvir um não a desgraçada inventou que eu estava assediando ela... Me conhece, sabe que não misturo pessoal com profissional e pelo amor de Deus, ela é minha aluna muitos anos mais nova do que eu.

- é claro que te conheço, temos a mesma índole, mas sabemos que não devemos deixar as garotas nessa idade muito perto, às vezes confundem atenção com outras coisas e somos nós quem saímos como errados.

- infelizmente descobri tarde demais que não posso ser atencioso na hora de explicar algo que meus alunos não entendem, mas não irei cometer o mesmo erro em Summercity.

- quando chegar nós precisamos conversar.

- problemas?

- conhecendo a sua índole? Sim, mas não posso me livrar dele.

- não está me ajudando a entender.

- Killian, nós temos uma hospede em casa.

- quem? A prima Adel?

- não, uma garota de dezoito anos.

Explico a ele os motivos e o escuto xingar do outro lado da linha.

- porra! O que te fez aceitar uma garota de dezoito anos na nossa casa, ela é aluna da universidade? Sabe os problemas que isso pode trazer para nós dois?

- favores seu filho da mãe, devia um favor ao pai dela, que sem ajuda dele talvez nossos pais não tivessem me adotado.

E só de pensar nisso meu corpo fica tenso.

- eu não concordo com isso, mas se é o único jeito, vou aceitar a sua decisão, só precisamos fingir que ela não existe e está tudo bem.

- fingir? - sorrio com escárnio. - quando chegar aqui vai me dizer se podemos fingir que não estamos vendo ela.

- não queria ter entendido o sentido do que você disse, mas continuo com a minha sugestão.

- tudo bem irmão, você sabe o que faz, mas eu não posso fingir que não estou vendo, quando ela está sob minha responsabilidade.

- não gosto disso.

- de quê Killian?

- de como está se sentindo possessivo com ela, sempre que você faz isso com alguma coisa, nunca acaba bem.

- porra! É uma garota sozinha nessa cidade, pelo o que o pai me contou, só tem uma amiga que também estuda na nossa universidade e foi assediada no antigo apartamento.

- mas que diabos! Colocou uma sem teto para morar conosco?

- não seja um cretino, Diandra pode aparentar ser qualquer coisa, menos uma sem teto.

- desculpe, fui um imbecil, preciso desligar, tenho um compromisso antes de ir.

- claro, te espero e conversamos melhor.

Encerro a ligação e posso ouvir sua risada maliciosa, sabendo que está indo foder o seu compromisso.

E eu, continuou pensando sobre a garota hospedada na nossa casa.

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