Daniel observava tudo das sombras, com os olhos fixos na cena à sua frente. ‘‘Ela deveria ser minha’’, pensava, enquanto a amarga realidade do presente o esmagava. Agora, ele não tinha mais nada.Desde o início da dança, Daniel não havia sequer considerado convidá-la para dançar.Sophia, por outro lado, sentia como se todos ao seu redor estivessem rindo dela em silêncio, como um espetáculo que feria seu orgulho. Ela cerrou os punhos, tentando controlar a frustração.Enquanto isso, Sra. Luiza observava Vitória, cuja presença dominava o salão, e sua inveja crescia como veneno. ‘‘Essa mulher... É uma verdadeira sedutora’’, pensou. Mesmo tendo Ângelo como namorado, Vitória ainda conseguia atrair a atenção de Yuri com uma facilidade desconcertante. O que será que ele via nela? — Daniel, vai dançar com Sophia. Não precisa ficar aqui comigo. — Disse Sra. Luiza, empurrando-o suavemente.— Daniel, se não quiser, tudo bem... — Sophia começou, mas ele, sem dizer uma palavra, segurou sua mão e
— Para ser sincera, eu também achava o Daniel incrível antes. Mas, ao lado desse homem, parece que o Daniel perde um pouco do brilho.Os murmúrios das jovens herdeiras enchiam o salão. Todas sonhavam em ser a mulher nos braços de Ângelo.Enquanto isso, os homens presentes só conseguiam desejar que fosse Vitória quem estivesse em seus braços.Vitória, a primeira-dama da Cidade J. Desde o seu retorno, nenhuma das outras belezas parecia ter a menor chance de competir com seu brilho.Enrico também observava tudo, atento a cada movimento.Primeiro, Vitória havia dançado com Yuri, e agora com Ângelo. E ele? Nem teve coragem de convidá-la para dançar.O medo da rejeição o paralisava.Sr. Ramos, vendo o estado do filho, não pôde evitar balançar a cabeça com desânimo.— Se gosta dela, seja ousado e vá atrás. Ficar escondendo seus sentimentos só vai te fazer sofrer.— Mas e se ela não gostar de mim? Pai, será que eu não sou bom o suficiente para ela?Enrico, normalmente tão seguro e cheio de s
— Não precisa, de verdade. Mas obrigada pela gentileza de vocês.Vitória recusou com firmeza, mas de forma educada. Enrico sentiu uma pontada de decepção. Ainda assim, não queria insistir e acabar deixando-a desconfortável. Além disso, ela parecia realmente exausta. — Então, tome cuidado no caminho. Vitória apenas assentiu e seguiu com Ângelo. Enrico permaneceu parado, observando enquanto os dois se afastavam. Dentro do salão, o Sr. Ramos e Enrico voltaram a se acomodar, mas a Sra. Luiza, como era de costume, viu nisso mais uma oportunidade para insistir em suas intenções. Porém, não importava o quanto ela insistisse, o Sr. Ramos mantinha uma postura evasiva, respondendo com frases genéricas que não ofereciam nem promessas nem satisfação. Já irritado, o Sr. Ramos não demorou a inventar uma desculpa e se retirou. A Sra. Luiza ficou furiosa. Nem mesmo um dragão poderia reinar em um território desconhecido! Mas o que estava acontecendo com aquele Sr. Ramos? Ele não sab
Vitória ficou sem palavras, olhando para Ângelo sem saber como reagir à situação. Ele deu a volta no carro, abriu a porta do lado oposto e entrou, acomodando-se ao lado dela no banco traseiro. Apesar de terem bebido apenas champanhe, nenhum dos dois parecia disposto a dirigir naquela noite. Enquanto esperavam pelo motorista, que ainda estava a caminho, o silêncio no carro os envolvia, trazendo um ar de tensão carregado de algo não dito. Os olhos de Ângelo estavam fixos nos pés dela. Os pés de Vitória eram pequenos e delicados, marcados pelos calos dolorosos dos saltos altos. Sob o olhar penetrante dele, ela começou a se sentir desconfortável. A atmosfera no interior do veículo foi mudando, lentamente, tornando-se cada vez mais íntima. Naquela proximidade, as memórias daquela noite entre eles vieram à tona na mente de Ângelo. Ele engoliu em seco, sentindo o desejo crescer a cada segundo. De repente, como se incapaz de resistir por mais tempo, ele a puxou para o colo dele.
— Sr. Ângelo, o senhor está bem? Aconteceu alguma coisa? A voz do motorista, hesitante, ecoou pelo carro após ouvir o som inesperado do banco traseiro. — Nada. Apenas dirija direito. — Respondeu Ângelo, visivelmente irritado. — Sim, senhor! O motorista, experiente e discreto, percebeu que era melhor não fazer mais perguntas.Com um simples toque, ele levantou a divisória entre os bancos, sem que Ângelo dissesse uma palavra, garantindo a privacidade deles. Ele sabia que algumas cenas eram melhor não observadas, e decidiu agir de forma prudente, embora, na verdade, ele nada tivesse visto.Quando Vitória percebeu o gesto do motorista, ela lançou um olhar fulminante em direção a Ângelo, surpresa pela atitude dele. — Por que você gritou daquele jeito? Está tentando chamar atenção? Ele encostou a cabeça no ombro dela, a voz baixa e provocativa em seu ouvido. — Você me apertou com tanta força que quase me machucou. Não posso nem expressar a dor?Embora a dor fosse real, a satisf
Vitória fechou os olhos, determinada a ignorar a tensão crescente entre os dois. Apesar do turbilhão de emoções, ela sabia que aquele não era o momento apropriado para se entregar aos impulsos.O carro atravessava a estrada silenciosamente, até que finalmente estacionaram diante da mansão de Ângelo.O motorista desligou o motor e virou-se para trás.— Sr. Ângelo, vou indo agora.Com um aceno breve, Ângelo permitiu que o homem se retirasse.Assim que viu o motorista partir, ele saiu do veículo e olhou para Vitória, que parecia estar completamente exausta.Momentos antes, ela parecia cheia de energia, mas agora dormia profundamente, como se todo o peso do mundo finalmente tivesse desabado sobre seus ombros. Suspirando, Ângelo a pegou no colo, seus movimentos cuidadosos para não a perturbar, e entrou na casa.Na suíte principal, ele a deitou gentilmente na cama. Mas, para sua surpresa, assim que Vitória tocou o colchão, seus olhos se abriram lentamente.— Quer mesmo? — Ela perguntou com
Ângelo era, sem dúvida, um amante excepcional.Tanto nas negociações de fronteira quanto no mundo corporativo, ele demonstrava uma determinação impecável, sempre firme e decidido. Contudo, com Vitória, ele era completamente diferente. Ao invés da força bruta que usava em seus negócios, ele se tornava delicado, paciente, quase reverente.Na intimidade, Ângelo sempre colocava Vitória em primeiro lugar, fazendo-a sentir-se como uma rainha. Ele a guiava com cuidado, apresentando novos mundos e sensações de maneira que só um amante experiente e genuinamente dedicado poderia fazer. Ele não era apenas um homem, mas o primeiro dela, alguém que havia moldado os momentos mais íntimos de sua vida com intensidade e afeto.Seus gestos começavam sempre de maneira carinhosa. Beijos na testa, descendo suavemente para os lábios e até o contorno delicado da clavícula. Cada toque era calculado para deixar um rastro de arrepios, um misto de ternura e desejo que fazia o coração dela acelerar.— Confie
— Ontem à noite eu não consegui me controlar, você deve estar exausta.Ângelo a abraçou e a acomodou suavemente no sofá, entregando a ela um copo de água na temperatura ideal. Vitória se sentou e começou a beber.O tempo estava passando, ela precisava ir para o escritório.Hoje era o dia da licitação do Grupo Ramos, e aquele projeto era de extrema importância para ela. Ela precisava garantir o apoio incondicional dos diretores do Grupo GY para se tornar a líder da empresa.— Não se apresse, depois do café da manhã eu te levo, vou garantir que não vamos nos atrasar.E mesmo que chegassem um pouco mais tarde, o que poderia acontecer? O Sr. Ramos certamente fecharia a parceria com ela, enquanto o pessoal do Grupo Laporta ficaria apenas como figurante.Vitória tomou um gole de água morna e beliscou um pouco do café da manhã.De qualquer forma, aquele homem tinha se levantado cedo para preparar a refeição. Se ela não comesse nada, ele provavelmente ficaria triste.Ao vê-la comer, Ângelo sen