Depois de viver muitos anos, a percepção dos sonhos não é mais a mesma, tudo se torna uma grande névoa.Quando acordou, Giovanni tinha a impressão de que o sonho daquela noite era uma memória."magna mater"...Pensou naquela palavra, ainda deitado de olhos abertos para o teto, deixou que sua alma vagasse em busca do que parecia ressonar em seu ouvido continuamente e o que não esperava aconteceu.A cabeça dolorida indicava que o uso do poder estava ativo, mesmo sem qualquer esforço dele, as memórias o consumiam com uma força nunca sentida antes e foi assim que a voz da sub chefe veio a ele, seguida da imagem do seu eu ainda criança a espiar pela fresta da porta enquanto seu irmão ouvia a lenda antes de dormir.A lenda que remonta o princípio, a primeira profecia que prometia aos Capadócci uma soberania que não era fácil de conceber. Dizia que um dia nasceria uma mulher dentre todas as mulheres, abençoada pelos deuses e imbuída de poderes extraordinários, capazes de destruir ou transfor
Giovanni pediu a compreensão de Dalila, precisava caçar e ela não se atreveria a se opor, apesar de sentir falta dos braços dele em volta do seu corpo assim que se despediram.Ela saiu do quarto para tomar um banho, mas se lembrou que não estava mais com as coisas que Jenny lhe deu. Aparentemente nem estavam mais com o corvette, Giovanni pareceu lamentar a perda profundamente.Então, sem ter mais o que fazer além de esperar o momento que seu amado protetor voltaria, ou talvez Gabriel a quem esperava encontrar agora com todas as verdades expressas, ela explorou a casa. Não que houvesse muito para ver, era bastante modesta e pequena. Se entediou facilmente e acabou na sala lendo os títulos da pequena estante de livros que também pareciam em latim, aparentemente o mundo oculto adorava latim e ela se arrependeu por não ter dado atenção as suas aulas de língua morta.— Aprendendo exorcismo, Lila? — Gabriel de repente apareceu falando em tom de brincadeira, como se não estivessem fugindo do
—Eu não estou maluca, Gabe! — Dalila insistiuGabriel riu e bebeu um bom tanto de whisky e quando ela pediu a garrafa ele tirou do seu alcance segurando no alto por pura provocação.— Nem pensar, Lila. Tu tomou 2 goles e já está vendo coisa. — Fingiu repreender e ela bateu em seu peito.— Babaca! — Protestou em resposta.Giovanni permanecia compenetrado em seus pensamentos acerca do que aconteceu entre Dalila e o livro que segurava em mãos. Folheou insistentemente as páginas amareladas e não encontrou nada escrito, absolutamente nada. Tentava unir o sentido das habilidades da morena e ainda não encontrara resposta que justificasse ver qualquer coisa oculta, ainda assim, não duvidou dela por nenhum instante.Ela fitou a postura do mestiço com aquela desconfiança de hábito, dessa vez não por ele em si, mas a forma que seus olhos pareciam distantes diante das hipóteses que confirmariam a lucidez de Dalila.Giovanni admitiu que seria um momento propício para usar seu dom, acessando as mem
Naquela noite Tommaso não esperava que Jocasta estivesse ali, a ordem era que ela cuidasse das negociações com traficantes locais em seu lugar pois estaria ocupado revirando o Brasil atrás de Dalila e aquele cão traidor. A pequena no entanto, decidiu ficar quando viu no celular de Aurora, que ainda jazia naquele coma vampírico, a mensagem e as ligações de Michelle Benucci que perguntava de ninguem menos que seu homem.—Querido? — Ela chamou docemente.Tommy sentiu-se desafiado ao olhar o corpo pálido vestindo aquele sobretudo de pelúcia rosa e atravessou a sala para ter em suas mãos o rosto de maçãs redondas e nariz fino com uma delicadeza incoerente ao tamanho da pressão imposta contra a janela que ameaçou quebrar. De pronto a loirinha fechou os olhos num misto de medo e prazer e sorriu, um sorriso de provocação que fez Tommaso querer apertar os ossos de seu crânio ainda mais para testar o quanto manteria o sorriso.—O que pensa que está fazendo aqui, Jocasta? — As palavras saíram en
Inconscientes do perigo que os espreitavam, Dalila e Giovanni não podiam conter a vontade de estarem novamente juntos como a noite na cabana.O beijo antes iniciado se quebrou quando Giovanni já não podia mais aguentar o desejo de sentir novamente a temperatura e a textura irresistível da pele dela sob suas presas, a deitou no chão de madeira com cuidado. O corpo dela vibrava na ansiedade do que aquele homem faria, as orbes castanho-esverdeado ainda mais verdes naquele momento, brilhavam fitando os dele com uma sensualidade natural que, apesar de fingir não ter visto, mexeu ainda mais com ele, que sem hesitação se acomodou entre suas pernas automaticamente cruzadas ao redor dele para que a ereção pulsasse a medida que roçava o centro da excitação dela. Provocou a morena com as presas expostas sob o seu delicado pescoço e a lembrança do que sentiram durante a ligação empática bastou para se entregarem. Ele podia sentir o sangue correndo quente quando deslizou sua língua lentamente aci
No dia anterior— Sabe que não posso segurar essa desculpa por muito tempo, então vai logo Jenifer. — Diz o carrancudo tenente Pires ao abrir a maciça porta dos Feigenbaum.Jenifer havia convencido um velho amigo do seu pai a abrir a mansão, eles fizeram parecer que era uma ocorrência de invasão e por sorte, o parceiro do tenente era um jovem muito leal e logo foi convencido pela sirena que assegurou estar fazendo uma pesquisa para a universidade e nada de mais aconteceria. Gabe acompanhava o jogo de blefe e manipulação da amiga com um interesse questionável, impressionado, subiram juntos até a biblioteca sem distração alguma e assim que empurraram a porta de madeira, o cheiro de pó e papel antigo denunciou que estavam no caminho certo.— O único problema vai ser achar qualquer coisa em 30 minutos. Isso aqui é enorme! — Constatou Gabriel ao caminhar para uma das prateleiras.— Você sabe melhor do que eu como se parece esse livro, então vamos. — Encorajou ela indo para o lado oposto de
O caminhar de felino e o cabelo loiro revolto era um alerta de agouro para Dalila que via aquela figura com um misto de asco e ódio crescente, notando que o medo que tinha antes já não era mais um sentimento tão forte. Mas era só. Não viu mais nada a princípio, estava se afogando naqueles sentimentos obscuros quando sua mente passou a expandir a cena gradativamente e ela percebeu que o via em um longo corredor branco banhado por uma meia luz amarelada. Sonhos sempre foram coisas abstratas demais para a morena, aquilo era diferente. Notou o mural com colagens sobre alimentação saudável e as portas uma após a outra como um hospital, refletiu o que faria aquele monstro visitar um hospital, estava de fato confusa até o instante em que ele parou diante uma das portas, abaixou a maçaneta e revelou, com seu sorriso macabro, a senhora de olhar perdido sentada diante da janela ao qual prontamente reconheceu. Pensou em gritar, chamar sua bisavó para que ela acordasse da catatonia e chamasse p
86 anos atrásDon Giorgio segura o rosto de sua esposa pela última vez antes da sua morte, essa é a ordem final da doce Genevieve. A mão dele mancha a pele pálida dela com seu próprio sangue e apesar disso ela sorri, venera ele com seu olhos grandes e azuis como o mediterrâneo, tenta agarrar-lhe o tecido da camisa como se desejasse compartilhar as suas últimas palavras antes do grito final que veio cedo demais e interrompeu a cena. Ela se contorce e o Don assiste em completo silêncio, sozinho, apenas ele e tua dama, a mulher que traz ao mundo seu herdeiro.— Giorgio... — Ela tenta chamar, ofegante, a voz entrecortada e tão baixa que só podia ser ouvida porque ele não era humano.— Si bella mia. — Ele diz sem emoção, ainda segurando seu rosto como uma boneca.— Gio... C’e... Gio... — Ela tentava e sua palavras seguiam presas pelas contrações que vinham uma após a outra.O suor fresco de Genevieve se mistura ao sangue em seu rosto, Giorgio solta sua amada com a impressão de que algo es