O lobo se enfureceu com tal pensamento, mas não podia fazer nada para que Colin mudasse de opinião. — Como se sente? Está melhor? — apertou mais os braços ao redor de seu corpo. Andie estava completamente nua dificultando sua concentração. — Sim... como isso é possível? — perguntou aérea. — É o nosso vínculo. — Vínculo? — franziu a testa — tipo uma espécie de ligação. —Exato, amor — suspirou afastando o rosto para fitar seus olhos livres do desespero de minutos antes — somos o que vocês humanos chamam de almas gêmeas ou predestinados. — Como assim “vocês humanos”? Andie se afastou e dessa vez ele a deixou ir com muito custo. Doía em sua carne vê-la impor distância, mas esse não era o momento para dar vazão a sua personalidade animalesca. Querendo ou não tinha que ser paciente. — Tome — puxou o lençol da cama para que ela se cobrisse — se continuar olhando para você como veio ao mundo não serei capaz de formar uma frase coerente. O rosto de Andie se tingiu de um ver
De todas as coisas absurdas que Andie já havia ouvido na vida a mais esdrúxula com certeza era a que acabara de ouvir. “Acasalada com um lobisomem.” O único problema era que o rosto de Colin não demonstrava estar pregando uma peça ou tentando ser engraçado, além disso, as imagens em sua cabeça pareciam vivas demais para serem ignoradas. Lobisomem? Ele está brincando. Lobisomens não existem ou... não isso é impossível. Mas, e... os olhos e... os sons? Humanos não produzem esse tipo de som ou talvez sim. Incredulidade, seria a palavra que definiria o estado de Andie, porém Colin não parecia brincar. Seu rosto estava aberto, seus olhos não desviavam... na verdade eles a desafiavam a desmenti-lo. — Lobisomens não existem — disse sem muita convicção. Ele riu desgostoso. — Tem razão, Andie. Lobisomens não existem. Shifters[1] não existem, porém Licantropos existem e você está diante de um — apesar de baixa sua voz era imperiosa. — Licantropo? O que é exatamente isso? Uma doen
Pânico! Ela entrara em pânico depois que Colin se foi. O aperto ao redor do pescoço era tão sólido que sua respiração estava pesada e arenosa. Seus olhos turvos pelas lágrimas não se desviavam da porta, suplicantes por seu retorno. Idiota! A voz gritou em sua mente enfurecida por Andie não saber o que fazer, quando estava óbvio que não havia outra escolha a não ser ficar. Contudo, seu lado racional estava surtando, pois das duas uma, ou Colin era um louco que possuía um sex appeal extraordinário ou ele era um monstro. Presa entre razão e sentimento, ela se viu bombardeada pelas lembranças da noite de paixão que compartilharam com tanta entrega que seu ventre vibrava por mais. As imagens de outras épocas também não cessavam, a obrigando a reviver o sentimento que atravessava as eras como larva quente. Era como estar sendo sugada por areia movediça, quanto mais se debatia entre a lógica e a fantasia mais afundava no caos. Colin não era fruto de sua imaginação, a marca em seu p
O cheiro de Colin invadiu suas narinas como se fosse um bálsamo para suas aflições. Era estranho que a solução para os seus problemas estivesse nos braços do próprio problema e fosse capaz de convencê-la a viajar para o Canadá, com a justificativa de que esse tempo juntos traria as respostas para sua nova realidade, a levando a agir na contramão da razão. Contudo, desde que encontrara Colin a razão era a última coisa que exercia alguma espécie de governo sobre sua vida. Bastava estarem próximos para que ela mandasse as favas a prudência, fazendo de imagens avulsas de vidas passadas sua justificativa para se lançar de cabeça naquela loucura. É verdade que ninguém poderia considerá-la o tipo de pessoa espiritualizada, mas Andie tinha certeza de que não havia como tudo aquilo ser apenas uma invenção de sua imaginação... todas aquelas lembranças e sentimentos eram reais demais para serem desconsiderados... ela e Colin possuíam um passado... um passado que pelo visto estava de volta.
Desde que embarcaram naquele avião os sinais tornaram-se cada vez mais perceptíveis. Porém, como ela não entendia nada sobre licantropos e acasalamentos não percebia que a inquietação que a acometia sempre que ele a tocava era na verdade o frenesi exercido pelo seu domínio. Para os recém acasalados a proximidade e o toque eram uma forma de amenizar a luxúria avassaladora dos primeiros dias. Licantropos e companheiras tinham necessidades emocionais que precisavam ser saciadas, mas também possuíam necessidades físicas tão violentas que se fossem ignoradas poderia levar um dos parceiros à morte. Por isso, Colin estava tão ansioso para que o serviço de bordo findasse, porque assim ele poderia tomar Andie nos braços e amenizar seus efeitos. — Colin... me beije — Andie pediu ébria pelas emoções. Tentando controlar o desejo ele colou seus lábios com suavidade, mas sua companheira parecia pronta para uma briga ao puxá-lo pelos cabelos e aprofundar o beijo. Senão estivesse tão envolvid
— Porra, Andie — grunhiu, afundando os dedos por entre seus cabelos e os segurando em punho e, com a outra mão guiando seu membro — abra a boca e tome tudo. Quero foder até o fundo essa boca gostosa. Ela o obedeceu engasgando-se com sua invasão. — Relaxe a garganta — orientou — respire pelo nariz. Ele era enorme, grosso e exigente, mas a lascívia do ato falou mais alto e Andie se lançou naquela aventura de cabeça. Como uma boa aluna deixou que ele invadisse sua boca até lágrimas brotarem em seus olhos e sua vagina pulsar ansiosa. — Isso, gostosa. Mama no pau do seu macho — disse entre dentes — toma tudo nessa boca deliciosa, Andie. Isso... até o fundo, amor. Assim, devagar. A decadência de sua voz quase a fez gozar. Colin não era o tipo de homem que se escondia atrás de belas palavras, ele gostava de expor seus desejos e depravação sem medo e, isso só o tornava ainda mais pecaminoso. A mão em seus cabelos não a deixava recuar ditando um ritmo brusco, porém altamente erótico.
Quando desembarcaram Colin a levou para uma cabana no alto da reserva florestal onde ele e sua família costumavam passar férias. Durante a semana que se seguiu, Colin e Andie se amaram como se não houvesse limites para tanto desejo. O vínculo não os poupou, tampouco afrouxou seu domínio deixando que Andie aprendesse sobre a importância de uma companheira na vida de um licantropo. Aprendeu também sobre as lendas que na verdade eram histórias de almas que teriam sido condenadas a um destino de solidão e desespero se não fosse a coragem de uma mulher em superar a maldição para ficar ao lado de seu grande amor. Sentia-se cada vez mais seduzida pelas pequenas coisas que Colin fazia para agradá-la, de como sempre achava uma forma de tocá-la ou afagar seus cabelos. Ele parecia realmente interessado em tudo que ela dizia. Fazia perguntas simples sobre sua vida, rotina e planos para o futuro. E, foi somente então, que ela percebeu que havia muito tempo que alguém realmente não a escuta
O tempo compartilhado no Canadá colaborara para que Andie tivesse a certeza de que tomara a decisão certa em permanecer ao lado de Colin. Algumas semanas após retornarem ele a convencera a se mudar para sua casa alegando que desde o momento em que o vínculo fora estabelecido eles não poderiam mais se afastar. Na verdade, tudo não passava de uma grande desculpa criada por Colin devido ao resquício de medo que ainda sentia ao imaginar que Andie poderia mudar de ideia. Por isso, quando ela se instalara em seu novo lar, ele fizera questão de que ela adaptasse a casa as suas necessidades e não reclamara quando a viu se desfazer de alguns objetos que não se encaixavam em seus padrões de organização. — Tem certeza de que não se importa se eu substituir esses enfeites? — ela perguntara em uma tarde fria. — Amor, a casa é sua — ele dissera — faça o que você quiser — piscou antes de entrar no banheiro e sorriu ao ver a bancada onde seus produtos de higiene pessoal haviam sido organizado