Christian Peña passou todo seu resto de tarde em frente ao espelho, ensaiando um pedido de desculpas, mas odiou cada uma das tentativas, nenhuma delas parecia honesta o bastante. Não era como se ele não estivesse arrependido, mas não sabia como se retratar sem admitir para a fotógrafa que estava completamente apaixonado por ela.Ele sequer admitiu para si mesmo. A ideia de estar apaixonado por ela era impossível. Não podia se apaixonar por alguém sem estar pronto para um compromisso.Christian acreditava no amor e tinha certeza de que sentiria isso um dia, mas a ideia era assustadora, tinha presenciado o que relacionamentos tinham feito com seu irmão, que agora se auto-intitulava “presidente do clube dos corações partidos”, já ouvira da sua mãe mais vezes do que poderia contar que o casamento com o pai dele não era todas essas maravilhas e tinha um fantasma próprio, uma pessoa no seu passado que lhe causara dores para toda uma vida.Agora, com a sua McLaren Artura preta estacionada na
O feixe de luz azul e rosa que a roda gigante produzia enquanto se movia foi a foto favorita que Alex tirou naquela noite. Todos os outros brinquedos e pessoas fora de foco, apenas o círculo enorme em evidência, a deixavam com uma sensação de nostalgia e felicidade plena que ela costumava ter quando tirava fotos na época da faculdade. Era bom fazer algo pelo qual era completamente apaixonada, para variar.Lukas sorria, de orelha a orelha, desde o momento em que ele e a fotógrafa se encontraram no estacionamento e caminharam, de mãos dadas, até o parque de diversões. Estavam, ambos, completamente vestidos de preto, o que atraía olhares ao redor, como se fossem um daqueles casais fofinhos que se vestiam combinando, mas meramente concordaram que a cor esconderia melhor qualquer mancha de graxa ou ferrugem que viesse a acontecer. Alexandria não tinha pensado em Christian por um segundo sequer desde que ela e o belga se despediram na frente do CT dos KRS algumas horas mais cedo e isso dev
— Tudo bem — ele acariciou o rosto dela com delicadeza — Eu espero. Espero até você ter certeza. Eu não quero ficar entre você e — Lukas não conseguiu pronunciar o nome do equatoriano — ele. A fotógrafa se inclinou, colocando a mão na nuca dele e, quando seus olhos se encontraram, os sons vindos de baixo pareciam ter sumido. Lukas se aproximou também. Suas testas estavam coladas, assim como a ponta dos narizes. Alex sentiu um calafrio na coluna, estava prestes a beijar o belga e algo dentro de si sabia que, quando isso acontecesse, ela teria certeza do que fazer. A roda gigante rangeu e, com um movimento um pouco mais forte do que os anteriores, o cercado que estavam tombou levemente para frente, fazendo a testa deles se chocar com certa violência e Alex despencar do banquinho, que estava sentada bem na ponta, para o chão.O acesso de riso foi incontrolável. Ele tentava, com todas as suas forças, parar de rir para ajudar a fotógrafa a se sentar de novo, que, por sua vez, não tinha
“Puta merda”, pensou. Será que existia, por mínima que fosse, a possibilidade das flores serem para ela? E se fossem? O que mudaria? Com certeza tinha sido ideia do Andrew, um pedido de desculpas bonitinho e tudo ficaria bem. Mas Andrew não teria como saber das flores. Alexandria se sentia confusa e sufocada. Uma série de repetidos sons de notificação fez Alex tirar o equatoriano dos seus pensamentos para focar nas mensagens que Lauren Hummels enviava para ela.Laurie: “Sei que não temos conversado muito ultimamente”“Mas eu não tenho outra pessoa para desabafar” “A Maya finalmente terminou comigo”“Não era como se eu não estivesse esperando por isso”“Eu nunca assumi a gente”“Eu enfiei a cara no trabalho desde que comecei minha própria marca”“Era só questão de tempo, mas ainda assim dói muito” Alex sentiu o estômago afundar. Não estava sendo uma boa amiga desde que Lukas Haus chegou a Londres. Parte de si se sentia culpada pelo término, mesmo sabendo que não poderia fazer nada
"Eu não posso estar apaixonado por um babaca de personalidades múltiplas.”A frase não parava de rebobinar na memória de Andrew como um maldito disco arranhado. Toda vez que ele sentia sua mente relaxar, pela menor fração de segundos possível, a imagem do rosto decepcionado de Harry Zhao aparecia, como um espectro para assombrar sua vida.Estava sentado na última fileira de cadeiras de uma sala espaçosa e escura que usavam para assistir aos jogos de times adversários e os próprios para estudá-los e fazer reconhecimento das jogadas. Sua cabeça não estava mais ali há muito tempo e ele agradeceu aos céus por Teddy Tapper e sua comissão estarem na primeira fileira, fazendo anotações e comentários sem mover os olhos para trás.Andrew encostou a cabeça em uma pilastra no fundo da sala, tentando aliviar a tensão e expulsar o turbilhão de pensamentos que o invadiam, mas a única coisa que ele conseguiu foi tirar Afonso do seu raio de visão para ganhar uma vista privilegiada de Harry. Drew solt
Keegan sorriu para ele. Aquele tipo de sorriso triste que pessoas falsamente felizes dão quando alguém cava além da superfície bem-humorada. — Obrigado, Andrew. Isso significa muito. Desde aquele dia, as coisas estão sendo complicadas. — Foi o tom de voz mais sério que o espanhol usou nos últimos meses, sem floreios, sem palavrões e sem piadas. Apenas Keegan Asper sendo transparente com ele. O jogo ainda passava na tela diante deles, mas nenhum dos dois se dava mais ao trabalho de fingir que estava prestando atenção. Ainda usavam um tom baixo para não serem ouvidos, apesar de ter certeza de ter visto Afonso olhar sobre o ombro para ver quem murmurava.— Os boatos sobre as ameaças que você recebeu — Andrew perguntou, um pouco tenso por estar sendo invasivo demais. — São reais?— Joder, Andrew — o espanhol rolou os olhos, o sorriso brincalhão de volta aos lábios. — Quer uma biografia da minha vida e não quer ser sincero sobre uma fração da sua? Achei que podíamos ser amigos.Andrew s
O ambiente precariamente iluminado tinha um charme elegante que fez Andrew sorrir ao passar pela porta. As poucas luzes amarelas espalhadas pelas paredes davam a sensação de conforto, contrastando com o frio do exterior. O norueguês agradeceu mentalmente ao goleiro por tê-lo feito tirar a gravata. Os garçons passeavam pelo salão com a mesma combinação que ele usava momentos atrás, camisa social branca, totalmente fechada, e gravatas borboletas pretas. As paredes tinham um tom vermelho escuro que ajudava o restaurante a ter um ar mais convidativo e misterioso. Para todos os lados, ele via chamas vindas de maçaricos e o cheiro inconfundível de molhos japoneses e peixe.Um som agradável ocupava o ambiente, uma melodia lenta, do tipo que toca em valsas de bailes de colégio quando um rei e uma rainha são elegidos, a diferença é que Andrew não entendia uma palavra do que a música dizia. Uma moça sorriu para eles com um tablet em mãos, trajando um vestido preto delineado por um cobra ver
— Não tem muito o que falar — foi a vez de Andrew dar um gole longo na bebida vermelha viva que ocupava a taça logo à sua frente, ele não tinha certeza se gostava muito do gosto — É tudo muito confuso e difícil. Nós trabalhamos juntos numa profissão que nem de longe apoiaria nosso relacionamento. — Então esse é o problema? — O espanhol apoiou os antebraços sobre a mesa, se inclinando um pouco para frente. — Você tem medo da repercussão? Do preconceito?Era uma resposta óbvia para ele mas, por um momento, ele percebeu que nunca deixou isso tão claro assim para o egípcio. E se Harry achasse que Andrew não sentia algo verdadeiro por ele? — Claro — respondeu impetuoso, como se falasse isso para o próprio Harry — Você conhece algum jogador assumido que não seja hetero? — e quando Keegan negou com a cabeça, ele prosseguiu. — Não é como se eu não estivesse completamente apaixonado, Keegs, é só que… Isso iria foder a carreira de nós dois. A gente não pode fazer isso.— Você não pode tomar de