Keegan sorriu para ele. Aquele tipo de sorriso triste que pessoas falsamente felizes dão quando alguém cava além da superfície bem-humorada. — Obrigado, Andrew. Isso significa muito. Desde aquele dia, as coisas estão sendo complicadas. — Foi o tom de voz mais sério que o espanhol usou nos últimos meses, sem floreios, sem palavrões e sem piadas. Apenas Keegan Asper sendo transparente com ele. O jogo ainda passava na tela diante deles, mas nenhum dos dois se dava mais ao trabalho de fingir que estava prestando atenção. Ainda usavam um tom baixo para não serem ouvidos, apesar de ter certeza de ter visto Afonso olhar sobre o ombro para ver quem murmurava.— Os boatos sobre as ameaças que você recebeu — Andrew perguntou, um pouco tenso por estar sendo invasivo demais. — São reais?— Joder, Andrew — o espanhol rolou os olhos, o sorriso brincalhão de volta aos lábios. — Quer uma biografia da minha vida e não quer ser sincero sobre uma fração da sua? Achei que podíamos ser amigos.Andrew s
O ambiente precariamente iluminado tinha um charme elegante que fez Andrew sorrir ao passar pela porta. As poucas luzes amarelas espalhadas pelas paredes davam a sensação de conforto, contrastando com o frio do exterior. O norueguês agradeceu mentalmente ao goleiro por tê-lo feito tirar a gravata. Os garçons passeavam pelo salão com a mesma combinação que ele usava momentos atrás, camisa social branca, totalmente fechada, e gravatas borboletas pretas. As paredes tinham um tom vermelho escuro que ajudava o restaurante a ter um ar mais convidativo e misterioso. Para todos os lados, ele via chamas vindas de maçaricos e o cheiro inconfundível de molhos japoneses e peixe.Um som agradável ocupava o ambiente, uma melodia lenta, do tipo que toca em valsas de bailes de colégio quando um rei e uma rainha são elegidos, a diferença é que Andrew não entendia uma palavra do que a música dizia. Uma moça sorriu para eles com um tablet em mãos, trajando um vestido preto delineado por um cobra ver
— Não tem muito o que falar — foi a vez de Andrew dar um gole longo na bebida vermelha viva que ocupava a taça logo à sua frente, ele não tinha certeza se gostava muito do gosto — É tudo muito confuso e difícil. Nós trabalhamos juntos numa profissão que nem de longe apoiaria nosso relacionamento. — Então esse é o problema? — O espanhol apoiou os antebraços sobre a mesa, se inclinando um pouco para frente. — Você tem medo da repercussão? Do preconceito?Era uma resposta óbvia para ele mas, por um momento, ele percebeu que nunca deixou isso tão claro assim para o egípcio. E se Harry achasse que Andrew não sentia algo verdadeiro por ele? — Claro — respondeu impetuoso, como se falasse isso para o próprio Harry — Você conhece algum jogador assumido que não seja hetero? — e quando Keegan negou com a cabeça, ele prosseguiu. — Não é como se eu não estivesse completamente apaixonado, Keegs, é só que… Isso iria foder a carreira de nós dois. A gente não pode fazer isso.— Você não pode tomar de
O garçom voltou, finalmente, com seus pratos e um drink rosa sobre uma bandeja preta. Ele os serviu, o aglomerado de tilápia e salada embebidos em limão em um bowl adornado para Keegan e seus bolinhos distribuídos lateralmente em um prato retangular acompanhados de molho shoyu antes de confirmar com o espanhol para qual das mulheres deveria servir a bebida. — Madame, o cavalheiro de azul pediu para a senhorita — Drew ouviu o homem falar às suas costas, seguido pelo leve arrastar de uma cadeira. Keegan sorriu tão abertamente que Andrew foi capaz de notar quão brancos eram os dentes perfeitos do espanhol. Nunca tinha visto um sorriso tão largo vindo do goleiro antes. — Como você… — ouviu uma voz conhecida, mas não teve tempo de virar antes que Keegan a interrompesse.— Eu te reconheceria em qualquer lugar, Alexandria Vilela Tapper.Andrew sentiu as bochechas queimarem, tinha certeza de que Keegan estava encarando a bunda da fotógrafa momentos antes, mas meramente se ateve a sorrir cor
Quando entraram na sala privada, Keegan encostou a porta e imediatamente a melodia sutil que Andrew reconheceu como Valsa das Flores de “O Quebra Nozes” ecoou pelo espaço. Uma das mãos de Alexandria se apoiou em seus ombros e ele mantinha a dele no quadril dela, arrastando o sapato social que usava e o salto plataforma branco da fotógrafa pelo chão iluminado. — Eu não fazia ideia de que você e o Keegan eram próximos — Alex murmurou depois do norueguês rodopiá-la pelas mãos que mantinham entrelaçadas. — Não éramos, até hoje, quando ele enfiou aquele nariz enorme na minha vida e desenterrou meu segredo mais profundo — Andrew olhou sob o ombro de Alexandria para encarar o goleiro, dançando completamente fora de ritmo com a estilista. — O meu romance secreto.Alex não respondeu de imediato. Seus olhos azuis se arregalaram e ela não se deu ao trabalho de conter sua melhor expressão de incredulidade.— Não existem muitas coisas que me deixam em choque no mundo — disse, antes de Drew rodop
Andrew estava atrasado e isso raramente acontecia. Christian estava incomodado com isso, se sentia vazio quando Drew não estava lá para ajudá-lo com suas dúzias de problemas pessoais e ajudar a tomar decisões sábias. — Eu não sou um idiota, eu sinto isso, Chris, eu só quero que você admita. — Jaden repetiu a variação da frase que não parava de falar naquela manhã.— Pela milionésima vez, Jay — o equatoriano falou, irritado. — Eu não gosto mais do Drew do que de você e não gosto mais de você do que do Drew. É só que, nesse caso, os conselhos dele são melhores.— Mas eu estou em um relacionamento e o Andrew não — Jay argumentou.“Em um relacionamento onde você chama a Claire de leite do seu chá da tarde.” Christian quis responder, mas ficou calado, magoar mais um coração era a última coisa que ele queria. Seus pés batiam freneticamente contra o chão do vestiário e Jaden parecia ter se dado por vencido, se jogando no chão e voltando a dar sua atenção completa ao celular.Tinha visto al
Andrew entrou pela porta do vestiário apressado, desejou um bom dia coletivo e genérico, se atendo apenas em cumprimentar Keegan com um soquinho e dar dois cordiais tapinhas nos ombros dos melhores amigos, sentados nas laterais da sua cabine. O norueguês tinha acabado de se trocar quando o preparador físico dos KRS abriu a porta dos fundos do vestiário e iniciou o que seria um longo dia de treinamento. — Você não tem que malhar mais o peito. — Jay disse rodando os ombros e esticando os braços de musculatura definida para se aquecer. — Lukas Haus tem muito menos peitoral que você e a Alexandria gosta mais dele. — Vai se foder, Jaden — Christian mostrou o dedo do meio para o amigo, que sorria abertamente. O equatoriano tinha um sorriso amarelo nos lábios, mas por dentro estava se corroendo com a ideia.E se ela gostasse mesmo mais de Lukas Haus? ******************************Lukas Haus mal sentia as pernas no fim daquele dia. Te
— Desculpa — Beatrice gritou com a voz fina — Eu não queria interromper a conversa, mas, Chris, você pode me ajudar? — a fisioterapeuta sacudiu a mão com a chave do carro na direção dele.Ele assentiu, mal olhando na direção da mulher e Lukas se sentiu estranhamente mal por isso. Fazer de tudo para chamar atenção de alguém que se sentia atraído por outra pessoa era, no mínimo, humilhante. Ele estava mais perto dela do que o equatoriano e ela poderia usar a mão que usava para puxar a maleta, mas ainda assim, preferiu pedir ajuda ao camisa 10. — É melhor a gente acabar essa conversa aqui, eu estava começando a gostar de você e agora… — Olha, Chris, é como eu te disse, eu não quero ficar entre vocês dois, mas eu gosto dela, gosto muito dela e se você não me garantir que o que vocês têm é real, eu não vou desistir da Alex. — ele suspirou, interrompendo a frase do equatoriano. — Eu não posso abrir mão de algo que eu, legitimamente, sinto só para você se divertir. — Você acabou de cheg