A semana passou voando entre tantas encomendas, tudo correu bem e, no sábado, bem cedo, começo a terminar as encomendas da Kim. O e-mail chegou na quinta à noite e agora sei exatamente como farei a surpresa no bolo e nos doces. Tudo será branco com detalhes em rosa e azul, e, por dentro, o recheio terá a cor do sexo do bebê. Quando cortarem o bolo, o recheio escorrerá, revelando a surpresa.
Por volta de meio-dia, estou com tudo pronto e amei o resultado. Espero que a Kim também goste. Coloco tudo no carro refrigerado, o que me dá tranquilidade até a hora de sair. Também arrumo a roupa que vou vestir depois, me despeço de minha mãe mais uma vez, perguntando se ela não quer mesmo ir. Mas Dona Arlet, com sua teimosia, mais uma vez diz que não, e então sigo para o prédio onde minha amiga mora.<
Assim que a porta do apartamento de minha irmã se abre, sou recebido pela visão de um paraíso. Uma mulher linda está à minha frente, com cabelos loiros que caem em ondas suaves e olhos azuis profundos, quase hipnotizantes. Ela usa um vestido que realça cada curva de seu corpo e está descalça, o que, de alguma forma, só torna a cena ainda mais encantadora. Por um momento, penso que bati na porta errada, mas, se for o caso, foi o melhor engano da minha vida.— Adam? — a mulher diz, e por um instante fico parado, como um bobo, apenas olhando para ela.Será que ela me conhece? Tento fazer um esforço para lembrar quem poderia ser, e então meus olhos se fixam nos dela, os grandes olhos azuis. São inesquecíveis.&m
Ouço as amigas de Kim gritarem que serão as tias mais babonas do mundo. Mesmo por vídeo, consigo perceber o carinho e o companheirismo delas. Kim está radiante, e é impossível não perceber o quanto todas ainda se importam uma com a outra, como se o tempo e a distância não tivessem mudado nada entre elas.— Parece que vamos nos ver muito a partir de agora, né? — sussurro no ouvido de Lunna, enquanto observamos as reações da família e amigos ao redor.— É… parece! — ela responde, um pouco sem graça. Percebo o rubor em suas bochechas e, antes que eu possa dizer mais alguma coisa, Kim entrelaça seu braço no meu e começa a me puxar para longe de Lunna.— D&aacut
Eu e Kim estamos rindo e conversando quando os rapazes voltam com uma garrafa de whisky, algumas cervejas e suco. A ideia de beber algo forte me parece tentadora, mas faz tempo que não toco em álcool, então decido ficar com as cervejas mesmo. A conversa flui com facilidade, até que Kim, sempre curiosa, me pergunta sobre a obra da confeitaria.— Como está a obra da confeitaria? — ela pergunta com aquele olhar interessado, já sabendo que vendi tudo e comprei outro lugar para tentar recomeçar do zero.— Infelizmente parada. — Respondo com um suspiro, um tanto frustrada com a situação.— Que pena! — ela lamenta, fazendo uma expressão de compaixão.— Posso pe
Voltamos para a sala, despeço-me da minha amiga mais uma vez, de seu marido, e saio do apartamento, sendo seguida pelo Adam. Ele chama o elevador e as portas se abrem. Entramos e fico olhando para aqueles números no painel descerem, tentando me concentrar neles. Sei que seus olhos estão em mim, posso sentir!— Vai precisar passar no seu carro para pegar algo?— Só preciso pegar minha carteira, está bem? — digo, sem olhá-lo.— Sem problemas.O elevador chega ao estacionamento, as portas se abrem e o lugar está com uma luz baixa, dificultando um pouco a visão. Bebida, salto alto e escuridão não combinam muito bem, acabo tropeçando e só não caí de bunda
Acordo com a cama ao meu lado vazia. Pensei que, se dissesse que precisava vir ao meu apartamento antes de levá-la para casa, seria o plano perfeito. Mas a Lunna já me viu fazer isso com muitas meninas no passado, então estou sozinho hoje, de novo. Não é por opção nem escolha, apenas uma decisão de esperar por algo muito melhor. E esse "algo" tem nome e endereço.Vou ao banheiro e tomo um bom banho. Meu celular começa a tocar e, quando vou atender, a ligação cai. Olho no visor para ver quem era e ligo de volta.— Me ligou, maninha?— Está ocupado?— Não, infelizmente.— Adam, preciso te perguntar uma coisa
Minha semana foi intensa. Na segunda-feira, minha mãe passou mal e precisou passar a noite no hospital. Fiquei tão preocupada, sozinha com ela naquele lugar, lutando contra o medo de reviver outra perda. Felizmente, a pressão dela voltou ao normal e o médico decidiu liberá-la, mas pediu alguns exames. Para garantir que tudo ficaria bem, decidi contratar uma enfermeira para acompanhá-la durante o dia enquanto estou no trabalho.É claro que foi uma batalha. Minha mãe insistiu que não era criança nem doente terminal para precisar de alguém cuidando dela. Afirmou que Paulínia, nossa ajudante de anos, bastava. Mas fui firme. Depois de alguns dias emburrada, ela finalmente cedeu. Consegui uma enfermeira por meio de uma agência que Paulínia recomendou, e tudo se ajeitou, apesar dos resmungos frequentes da senhora Arle
Kim faz uma pausa, os olhos brilhando com a lembrança.— Claro, Antony me ajudou também, mas o Adam… Ele foi como quando eu era criança. Sempre que eu me machucava, ele ficava a noite toda cuidando de mim.— Me desculpe por não ter estado com você quando passou por isso. Eu não deveria ter me afastado… Quando você mais precisou de mim, literalmente te virei as costas.— Você estava tão mal pelo que aconteceu… Não queria te sobrecarregar com os meus problemas. Não queria que ficasse ainda mais triste pela perda do seu primeiro afilhado.— Mas sou sua amiga! Eu deveria ter estado ao seu lado. Eu teria deixado minha dor de lado para cuidar de você. &E
Fiquei realmente apavorado quando recebi a ligação do Antony, dizendo que a Kim estava tendo um sangramento. Entrei no carro e saí voando do escritório, ignorando todas as regras de trânsito. Quando cheguei ao hospital, não havia ninguém para me dizer o que estava acontecendo. A espera era sufocante, e o desespero tomava conta de mim. Eu precisava de alguém, então liguei para Lunna. Ela foi a minha âncora, me ajudou a colocar a cabeça no lugar e manter a calma.Agora, estou voltando ao hospital com Antony. Assim que entramos no quarto, percebo a mudança na postura da Lunna. Ela se despede da Kim, dizendo que precisa fazer uma entrega, e sai apressada, sem nem olhar para trás.— O que rolou aqui depois que saímos? — pergunto, tentando entender.