Gabriel sentiu o terror congelar-lhe os órgãos internos ao ouvir o que o detetive Simpson lhe disse.
— Quem será aquela garota então?— ele perguntou a si mesmo — Será que foi ela que fez aquilo?
Tratou de afastar esse pensamento da cabeça. Era absurdo pensar que uma garotinha de dez anos conseguiria fazer uma brutalidade daquelas com dois adultos, ainda mais um deles sendo um delegado treinado.
Percebeu que Raguel não estava mais na sala e voltando a sala de espera da delegacia a encontrou estática olhando para o local onde haviam deixado a garotinha sentada, ao entrarem na delegacia.
— Você viu par
Mikael programou o GPS com as coordenadas que o professor Vecchio deixou no email e deu a partida. Ao seu lado como um copiloto, Raphael segurava o aparelho celular com o cronômetro continuando a contagem de tempo iniciada por Louise assim que ligou o oxigênio do professor.— Quanto tempo ainda temos? — Mikael perguntou, sem tirar os olhos da pista — São cinquenta quilômetros até lá, na rota mais curta.— Temos pouco mais de uma hora — Raphael respondeu, enquanto colocava o cinto de segurança —, tempo de sobra, se nada nos atrapalhar.Seguiram para a avenida principal, em direção à zona sul da cidade. Era de se imaginar que o professor Jeremias Vecchio, sendo um historiador, ant
Raguel permaneceu em posição defensiva por mais alguns instantes, talvez imaginando que a criatura pudesse aparecer e atacar novamente, mas acabou por constatar que, aquela chama verde que surgiu de repente e respondia a seus comandos, havia a destruído por completo. Sentia uma corrente elétrica percorrendo todo seu corpo e todos os seus sentidos estavam mais aguçados. Não entendia de onde veio esta força, mas ela os salvou, então devia apenas ser grata.Levando uma mão às costas por sobre o ombro direito, ela sentiu o quanto essa chama, que brotava de sua pele como se fosse um novo membro do seu corpo, era densa e repetiu esse processo do lado esquerdo, constatando que eram um par, como se fossem uma espécie de asas. Concentrou-se em movimentá-las e viu que elas se dobravam ou se esticavam conforme a sua vontade.
O homem gordo e baixo tratou de ajeitar o terno e saiu apressadamente para o salão, após receber a notícia de que o General havia chegado e queria lhe ver. Não era dia de visita de rotina, mas o jovem líder das hordas nunca marcava hora ou avisava, apenas ia e sempre os pegava desprevenidos.— Meu senhor — ele disse, curvando-se em reverência, visivelmente amedrontado com a presença dele —, é uma honra recebê-lo aqui novamente!— Guarde sua bajulação e sua honra para alguém que as queira, Balthazard — ele respondeu secamente —, se quer me agradar, me dê resultados.— Prático e objetivo como sempre! — Balthazard disse, ameaçando outra reverência, mas se conteve ao lembrar-se da r
O som de batidas na porta o despertou e, ao abrir os olhos, ele pôde ver que estava em seu quarto.— O café da manhã está pronto, querido — uma voz feminina, que ele reconheceu como sendo da sua mãe, disse do outro lado da porta, despertando-o de vez —, não demore para descer, seu pai e eu estamos te esperando!O cheiro do bacon invadiu suas narinas e o fez levantar-se mais rapidamente. Estava em seu quarto, e pela janela pôde ver o sol brilhar intensamente e lá na rua, pessoas faziam suas caminhadas, ou passeavam com seus animais de estimação. Tudo estava normal, mas ele estranhou — em sua mente, ele se lembrava do terror que foi seu dia, desde o sumiço de seus pais, passando pela cena na lanchonete e culminando na batalha contra a garota demônio na delegac
Raphael mal conseguiu dormir pensando naquele beijo, mas sentia-se bem-humorado e bem disposto. Preparava um café reforçado para seu paciente, que provavelmente acordaria faminto e precisava se recuperar logo para que eles pudessem voltar ao hospital.No início ele pensou que talvez Mikael o tenha beijado por carência, devido a ele ter oferecido ajuda no momento em que ele mais precisava, mas lembrando da paixão com que ele o abraçou e a força com que o beijou, concluiu que o sentimento era real e recíproco, mesmo assim, temia que algo mudasse quando o pai dele se recuperasse. Como um Pastor reagiria ao relacionamento gay do filho? E se ele não aprovar, será que Mikael vai desafiá-lo, ou será o fim desse sonho que acabou de começar?O jeito era segurar a ans
Por mais que quisesse ficar e descobrir a importância do homem que acabara de salvar e porquê ele estava em coma induzido com aquelas instruções para sua reanimação em cima da mesa, ela teve que sair, porque mais uma situação precisava de sua intervenção.Ela dizia para si mesma que aquilo era um dom e que devia continuar, mas já estava começando a pensar que talvez fosse uma maldição. Nunca pôde ter sua própria vida e vivia fazendo emendas na vida dos outros. Talvez realmente fosse uma bênção na vida dessas pessoas, mas e quanto à sua própria vida? Será que um dia poderia voltar a ter uma, como tinha quando vivia com seus pais, ou mesmo quando ela e a mãe se mudaram para Paris, antes de começar a ter esses sonhos e essas visões e antes dessas vozes começarem a atormentá-la? Será que nunca poderia ter amigos, criar raízes, se apaixonar o
Raguel segurava firmemente a mão de Gabriel, e ambos seguiam no banco do carona da Ambulância. O Pastor Ben, dirigia rapidamente e, após virar uma esquina, eles avistaram o cemitério municipal, no topo de uma colina rodeada de árvores. De longe já avistaram as muitas lápides ornamentadas e a capela onde eram feitas as cerimônias de velório.O cemitério de Miraculous Clearing era conhecido como um dos mais belos do país, tendo todas as lápides bem cuidadas. Era feito um excelente trabalho de conservação ali, e não havia distinção entre áreas da classe média para a classe alta, como geralmente acontecia em outras cidades que só tinham um cemitério.Raguel visitava com frequência aquele local, pois seu pai havia sido enterrado ali. Ele era escritor e ficava com
— Que bom que acordou garoto! — Uma voz masculina estranha disse, enquanto ele abria os olhos. Sua cabeça doía tanto que não conseguiu erguer seus olhos para ver o rosto de quem falava — Você apagou por umas trinta horas, mas, tendo em vista a pancada que levou, até que você acordou bem rápido.Tentando mexer braços e pernas, ele viu que estavam amarrados na cadeira dura onde estava sentado e seu corpo todo doía. Tentou mais uma vez levantar a cabeça a fim de olhar para o homem que estava à sua frente, mas era como se uma agulha fosse cravada atrás de seus olhos sempre que tentava, então preferiu permanecer com ela voltada para o chão, e tentou se lembrar do que aconteceu.— Vamos, Mikael — ele pensou consigo mesmo, esforçando-se em lembrar do que aconteceu