(Patricia)Eu estava saindo da faculdade quando meu celular tocou. Olhei para a tela e vi o nome de Miguel. Meu coração acelerou um pouco, e eu me perguntei se devia atender ou não. Perla estava ao meu lado e percebeu minha hesitação.— Ah, para de teimosia e atende logo — ela disse, com uma leve risada. — Vai saber o que ele tem para falar.Suspirei e, com um último olhar para Perla, decidi atender.— Alô?— Oi, Patrícia — a voz de Miguel veio do outro lado da linha, soando um pouco nervosa. — Me desculpe por não ter conversado com você mais cedo. Eu queria falar com você pessoalmente. Eu respirei fundo, tentando manter a calma.— Tudo bem. Eu só… não sabia o que pensar. — minha voz estava tensa, mas eu tentei soar o mais calma possível.Houve um suspiro de alívio do outro lado da linha.— Ótimo. Então podemos nos encontrar no estacionamento do prédio às 17 horas?— Está bem — concordei. — Até mais.Nos despedimos e desliguei, sentindo um misto de ansiedade e alívio. A ideia de fi
(Patricia)A semana toda foi um turbilhão de sentimentos misturados. Eu consegui ver Miguel sempre que ele tinha um tempinho, mas com a rotina dele no hospital se intensificando por causa das festas, nossos encontros eram sempre rápidos e breves. Entendia a situação dele, mas não conseguia evitar a saudade que sentia. Cada vez que nos encontrávamos, eu sentia um vazio crescente quando ele ia embora.Além disso, havia algo que estava começando a me incomodar: Natália. Parecia que, sempre que eu ia visitar Miguel, ela estava lá, de alguma forma, interferindo. Ele sempre comentava sobre o quanto ela estava, e eu não pude deixar de sentir uma pontinha de incômodo. Mesmo com essa sensação, não queria confrontar Miguel sobre isso. Confiava nele e achava que o melhor seria manter a calma e esperar.Estava no meu quarto, mergulhada nesses pensamentos, quando Perla entrou com um sorriso radiante.— Paty…— ela exclamou, seus olhos brilhando.— Oi?— perguntei, curiosa.— Vou trazer o meu namo
(Patricia)Eu me entregava às carícias de Miguel, tentando me deixar levar pelo momento, mas uma sensação incômoda persistia em meu peito. Algo não estava certo, e eu sabia que precisava ser honesta comigo mesma e com ele. Com um suspiro, me afastei um pouco e olhei diretamente nos olhos dele. Vi a confusão e a preocupação em seu olhar, e isso me deu a coragem que eu precisava para falar.— Miguel, — comecei, tentando manter a voz firme. — Eu estou realmente me esforçando para entender a situação com a Natália, mas a presença constante dela entre nós está sendo demais para mim. Eu sei que ela está doente e precisa de atenção, e eu quero ser compreensiva, mas... Eu hesitei por um momento, tentando encontrar as palavras certas.— Ela é sua ex e, apesar de eu tentar não sentir ciúmes, eu não consigo evitar. Confio em você, mas não consigo confiar nela. Ele me ouviu em silêncio, e eu podia ver a compreensão em seu olhar. Ele assentiu lentamente e começou a falar.— Eu imagino como vo
(Miguel)Eu estava na clínica, tentando me concentrar nos laudos que precisava terminar, quando Vinícius entrou na minha sala. Ele parecia mais tenso do que o normal, e isso logo chamou minha atenção.— Ei, Vinícius — cumprimentei, tentando decifrar o que poderia estar acontecendo. — Algum paciente agora? - perguntou.Ele se sentou e eu balancei a cabeça, sinalizando que não tinha pacientes naquele momento.— Não, meu próximo paciente só vai chegar em uma hora — respondi, colocando os papéis de lado e focando nele. — O que foi? Parece preocupado.Vinícius respirou fundo e começou a me contar.— Lembra da ex-viúva que eu te falei, com quem eu resolvi aquele caso e acabei me envolvendo? — ele perguntou, a voz um pouco trêmula.Assenti, curioso e preocupado. — Sim, lembro. O que aconteceu com ela?Ele deixou escapar um ar pesado e, com um olhar de desespero, revelou:— Ela apareceu. Grávida.Eu estava tomando um gole de água e quase engasguei com a surpresa. Forcei-me a me recuperar e
(Miguel)Perla se aproximou, seus olhos estreitados de raiva.— O que você estava fazendo, Miguel? — Ela perguntou, a voz baixa, mas carregada de frustração. — Você acha que a Patrícia é idiota para você brincar com ela desse jeito?Meu coração disparou, a culpa me esmagando por dentro. Eu sabia que a situação parecia ruim, mas não tinha feito nada de errado. Respirei fundo, tentando manter a calma.— Perla, eu não fiz nada. Natália apareceu aqui de repente, sem avisar, mas eu não tenho nada com ela — expliquei, a minha voz saindo tensa, mas honesta.Perla não parecia convencida. Ela estreitou os olhos ainda mais, me encarando com desconfiança.— Então por que ela te beijou tão próximo? — questionou, cruzando os braços como se estivesse me desafiando.Suspirei, passando a mão pelo cabelo em um gesto nervoso.— Eu já pedi para ela parar com isso. Mas Natália gosta de provocar, e isso não tem nada a ver comigo. Eu não quero isso — respondi, tentando fazer com que ela entendesse a situaç
(Miguel)Enquanto eu me preparava para a cirurgia, meus olhos se fixaram em Bianca, sendo anestesiada e preparada pela equipe do outro lado do vidro. Aquele instante me trouxe de volta as lembranças que eu havia enterrado há muito tempo, memórias que preferia nunca mais reviver. Lembrei-me de como ela me havia machucado, da sensação de vazio e humilhação que senti ao correr atrás dela, apenas para ser ignorado e abandonado sem qualquer explicação. Nunca imaginei que a veria novamente, e muito menos nesta situação.Suspirei, tentando afastar essas lembranças. A porta de vidro se abriu, e Vitória entrou, interrompendo meus pensamentos.— Ela está pronta, Miguel — disse, com uma expressão que misturava preocupação e profissionalismo.Assenti, tomando um último fôlego antes de entrar na sala de cirurgia. Caminhei até a mesa, deixando todos os pensamentos e emoções de lado. Ali, Bianca não era mais uma ex-namorada que partiu meu coração; era apenas uma paciente que precisava da minha a
(Miguel)Bianca me observou por um momento, seus olhos cheios de um turbilhão de emoções. Ela tentou se mover para se sentar, mas eu rapidamente a interrompi.— Fique quieta, Bianca. Acabou de passar por uma cirurgia. Não é o momento de se mexer — disse, tentando manter a calma.Ela se desculpou, sua voz baixa e fraca. Então, respirou fundo e começou a falar.— Eu sinto muito... pelo jeito que as coisas terminaram — disse ela, sua voz tremendo.Interrompi-a imediatamente, não queria ouvir mais nada sobre arrependimentos ou desculpas agora.
O som do meu celular tocando me puxou do sono profundo. Eu estava exausta, depois de ter ficado acordada até tarde estudando para as provas que estavam se aproximando.Lutei contra o desejo de voltar a dormir, abrindo os olhos só o suficiente para olhar para o celular, que estava piscando com uma mensagem de Miguel.Ele estava pedindo para eu abrir a porta.Franzi o cenho, meio confusa, e olhei para o relógio ao meu lado. Já eram quase nove horas da manhã.A última coisa que eu esperava era ter uma visita tão cedo, mas me levantei, calcei minhas pantufas e fui até a porta.Quand