(Patricia)A semana toda foi um turbilhão de sentimentos misturados. Eu consegui ver Miguel sempre que ele tinha um tempinho, mas com a rotina dele no hospital se intensificando por causa das festas, nossos encontros eram sempre rápidos e breves. Entendia a situação dele, mas não conseguia evitar a saudade que sentia. Cada vez que nos encontrávamos, eu sentia um vazio crescente quando ele ia embora.Além disso, havia algo que estava começando a me incomodar: Natália. Parecia que, sempre que eu ia visitar Miguel, ela estava lá, de alguma forma, interferindo. Ele sempre comentava sobre o quanto ela estava, e eu não pude deixar de sentir uma pontinha de incômodo. Mesmo com essa sensação, não queria confrontar Miguel sobre isso. Confiava nele e achava que o melhor seria manter a calma e esperar.Estava no meu quarto, mergulhada nesses pensamentos, quando Perla entrou com um sorriso radiante.— Paty…— ela exclamou, seus olhos brilhando.— Oi?— perguntei, curiosa.— Vou trazer o meu namo
(Patricia)Eu me entregava às carícias de Miguel, tentando me deixar levar pelo momento, mas uma sensação incômoda persistia em meu peito. Algo não estava certo, e eu sabia que precisava ser honesta comigo mesma e com ele. Com um suspiro, me afastei um pouco e olhei diretamente nos olhos dele. Vi a confusão e a preocupação em seu olhar, e isso me deu a coragem que eu precisava para falar.— Miguel, — comecei, tentando manter a voz firme. — Eu estou realmente me esforçando para entender a situação com a Natália, mas a presença constante dela entre nós está sendo demais para mim. Eu sei que ela está doente e precisa de atenção, e eu quero ser compreensiva, mas... Eu hesitei por um momento, tentando encontrar as palavras certas.— Ela é sua ex e, apesar de eu tentar não sentir ciúmes, eu não consigo evitar. Confio em você, mas não consigo confiar nela. Ele me ouviu em silêncio, e eu podia ver a compreensão em seu olhar. Ele assentiu lentamente e começou a falar.— Eu imagino como vo
(Miguel)Eu estava na clínica, tentando me concentrar nos laudos que precisava terminar, quando Vinícius entrou na minha sala. Ele parecia mais tenso do que o normal, e isso logo chamou minha atenção.— Ei, Vinícius — cumprimentei, tentando decifrar o que poderia estar acontecendo. — Algum paciente agora? - perguntou.Ele se sentou e eu balancei a cabeça, sinalizando que não tinha pacientes naquele momento.— Não, meu próximo paciente só vai chegar em uma hora — respondi, colocando os papéis de lado e focando nele. — O que foi? Parece preocupado.Vinícius respirou fundo e começou a me contar.— Lembra da ex-viúva que eu te falei, com quem eu resolvi aquele caso e acabei me envolvendo? — ele perguntou, a voz um pouco trêmula.Assenti, curioso e preocupado. — Sim, lembro. O que aconteceu com ela?Ele deixou escapar um ar pesado e, com um olhar de desespero, revelou:— Ela apareceu. Grávida.Eu estava tomando um gole de água e quase engasguei com a surpresa. Forcei-me a me recuperar e
(Miguel)Perla se aproximou, seus olhos estreitados de raiva.— O que você estava fazendo, Miguel? — Ela perguntou, a voz baixa, mas carregada de frustração. — Você acha que a Patrícia é idiota para você brincar com ela desse jeito?Meu coração disparou, a culpa me esmagando por dentro. Eu sabia que a situação parecia ruim, mas não tinha feito nada de errado. Respirei fundo, tentando manter a calma.— Perla, eu não fiz nada. Natália apareceu aqui de repente, sem avisar, mas eu não tenho nada com ela — expliquei, a minha voz saindo tensa, mas honesta.Perla não parecia convencida. Ela estreitou os olhos ainda mais, me encarando com desconfiança.— Então por que ela te beijou tão próximo? — questionou, cruzando os braços como se estivesse me desafiando.Suspirei, passando a mão pelo cabelo em um gesto nervoso.— Eu já pedi para ela parar com isso. Mas Natália gosta de provocar, e isso não tem nada a ver comigo. Eu não quero isso — respondi, tentando fazer com que ela entendesse a situaç
(Miguel)Enquanto eu me preparava para a cirurgia, meus olhos se fixaram em Bianca, sendo anestesiada e preparada pela equipe do outro lado do vidro. Aquele instante me trouxe de volta as lembranças que eu havia enterrado há muito tempo, memórias que preferia nunca mais reviver. Lembrei-me de como ela me havia machucado, da sensação de vazio e humilhação que senti ao correr atrás dela, apenas para ser ignorado e abandonado sem qualquer explicação. Nunca imaginei que a veria novamente, e muito menos nesta situação.Suspirei, tentando afastar essas lembranças. A porta de vidro se abriu, e Vitória entrou, interrompendo meus pensamentos.— Ela está pronta, Miguel — disse, com uma expressão que misturava preocupação e profissionalismo.Assenti, tomando um último fôlego antes de entrar na sala de cirurgia. Caminhei até a mesa, deixando todos os pensamentos e emoções de lado. Ali, Bianca não era mais uma ex-namorada que partiu meu coração; era apenas uma paciente que precisava da minha a
(Miguel)Bianca me observou por um momento, seus olhos cheios de um turbilhão de emoções. Ela tentou se mover para se sentar, mas eu rapidamente a interrompi.— Fique quieta, Bianca. Acabou de passar por uma cirurgia. Não é o momento de se mexer — disse, tentando manter a calma.Ela se desculpou, sua voz baixa e fraca. Então, respirou fundo e começou a falar.— Eu sinto muito... pelo jeito que as coisas terminaram — disse ela, sua voz tremendo.Interrompi-a imediatamente, não queria ouvir mais nada sobre arrependimentos ou desculpas agora.
O som do meu celular tocando me puxou do sono profundo. Eu estava exausta, depois de ter ficado acordada até tarde estudando para as provas que estavam se aproximando.Lutei contra o desejo de voltar a dormir, abrindo os olhos só o suficiente para olhar para o celular, que estava piscando com uma mensagem de Miguel.Ele estava pedindo para eu abrir a porta.Franzi o cenho, meio confusa, e olhei para o relógio ao meu lado. Já eram quase nove horas da manhã.A última coisa que eu esperava era ter uma visita tão cedo, mas me levantei, calcei minhas pantufas e fui até a porta.Quand
(Patricia)Miguel respirou fundo e olhou para mim, os olhos cheios de um mix de dor e nostalgia.— Eu cresci com Bianca. Começamos a namorar quando tínhamos 16 anos — ele começou, a voz carregada de uma tristeza profunda. — Eu realmente a amava, Patricia. Queria construir uma família com ela, mesmo sendo tão jovem, eu já pensava nisso.Ele pausou por um momento, como se estivesse revivendo as memórias em sua mente.— Quando passei na faculdade, a gente estava indo bem. Mas, com o tempo, comecei a perceber que ela estava se afastando. Eu estudava muito, mas sempre fazia questão de separar um tempo para ela, e ainda ass