NeamirReúno todos na sala principal, o ambiente está carregado de expectativa.Depois de Falout ter se juntado à minha brincadeira com Rosian e Ceyas ficamos um tempo sem considerar o que teríamos que fazer muito em breve, mas após decidir, não tem como retroceder.Minha mãe me ensinou que devo cuidar daquilo que amo com tudo o que tenho, seja sangue, carne ou o que for. Quando se encontra algo que é seu, não se pode abdicar. Talvez seja o meu lado lupino falando, mostrando a sua possessividade, mas não posso ignorar o meu desejo.Meus olhos percorrem cada um dos rostos presentes: Lewyn, Lugi, Julien, Yvon, Billy, Tity, Ceyas, Falout e Rosian. Sinto o peso da responsabilidade sobre meus ombros, especialmente com Éden em meu colo, que ainda dorme tranquilamente.É por ele. Vivo a minha vida desta forma, por ele.Meu filho merece uma vida tranquila, uma que não o deixe cair nas mãos de pessoas que vão apenas se aproveitar do que é. Não deixarei que as lembranças que possuirá da sua inf
Rosian— Você não costuma demonstrar manha — professo, fazendo carinho na cabeça de Neamir. Uma de suas pernas está enrolada em torno das minhas. Ceyas está deitado atrás dela, com o rosto enterrado em seus cabelos.— Não é manha, você só está cheiroso — diz, no entanto, ela não é tão carinhosa, bom, não dessa forma. Neamir tem outros meios de expressar o seu afeto, e poucas vezes ele virá em forma de palavras.Me lembro bem de quantas pessoas ela massacrou para nos tirar das grades que nos prendiam. Se penso bem naquele dia, ainda experimento o odor de sangue manchando a minha garganta.Achava que estava acostumado com o cheiro de sangue até Draven me provar que eu estava errado, porque não, eu ainda desconhecia muita da maldade humana e das suas consequências.— Se continuar falando desse jeito, ela pode se irritar — avisa Ceyas, erguendo a cabeça somente um pouco, deixando os seus fios escuros se misturarem com os de Neamir. Na maior parte do tempo, tende a amarrá-los, mas os deixa
CeyasAchei que teria algum tempo para me organizar depois que chegasse a Eldergrove, mas não tive. Depois de uma noite de descanso, Rosian passou a andar por toda a minha mansão, fazendo símbolos iguais aos que havia onde estávamos e, em pouco tempo, o lugar onde sempre morei passou a mudar.Onna ficou completamente pasmada ao ver que não trouxe apenas minha lumeny comigo, mas não tinha tempo para focar nesse assunto, já que os anciões da alcateia queriam discutir o assunto comigo o mais rápido possível.Estão temendo que esses lobos estejam vindo na nossa direção para nos atacar.Assim, tive que me apressar, além disso, não é um assunto que eu possa esconder.Vou até a sala de reuniões dos anciões da alcateia, um espaço austero e carregado de uma tensão palpável. O ambiente é sombrio, iluminado apenas pela luz fraca das velas e pelas sombras projetadas pelas paredes de pedra.Cada ancião está sentado em uma cadeira antiga, cercado por símbolos de poder e autoridade. Sinto um peso no
LugiObservo o ambiente, sentindo o peso das palavras dos anciões. Meus olhos seguem cada movimento, cada mínima expressão. Miesla, Parnit, Satitn, Rotsy e Nanyt mantêm suas posturas rígidas, esperando respostas que só Ceyas pode dar.O ar está carregado de expectativa, mas minha lealdade é clara: ficarei ao lado de Ceyas, aconteça o que acontecer. Conheço bem o homem que ele é, assim como o que deseja fazer. Sempre ficarei do lado que escolher.Ceyas parece calmo, como se o peso das suas decisões não o atingisse.No entanto, sei que não é tão simples, que usa uma máscara para esconder o que pode interferir em suas decisões. Como regente, tem que escolher o que é mais adequado para alcateia.Porém, como o lobo que possui um vínculo com pessoas que podem ser caçadas a qualquer segundo, tem outros desejos em vista. Não pode ignorar o que possivelmente se tornará um perigo para eles.Querendo ou não, essa aproximação dessa alcateia pode ser um perigo para eles.Então, de certa forma, pod
NeamirO lugar é mais sombrio do que eu imaginava.Durante minha breve estadia na mansão, não andei por muitos dos locais que possui, no entanto, agora que decidi viver aqui, é preciso conhecer cada canto para não haver empecilhos no meu caminho.Cada corredor parece ter sido projetado para ocultar segredos. A mansão de Ceyas é imensa, mas o que me chama mais atenção é a falta de luz. As cortinas pesadas bloqueiam quase toda a claridade, e os poucos feixes que escapam são engolidos pelas paredes escuras e pelo piso de pedra fria.Elas parecem ter sido uma adição feita enquanto o seu dono não estava em casa. Quem sabe não queriam fazer com que pensassem que ele estava em casa, sendo que não estava. Nem mesmo estava perto.Falout caminha ao meu lado, silencioso como sempre, mas sei que está atento a cada movimento que faço. Em seus braços, ele segura Éden com cuidado, como se carregar aquela pequena vida fosse sua missão mais importante.Por um momento, fico tentada a perguntar o que el
CeyasEles não confiam em mim. É óbvio.Cada palavra, cada olhar carregado de julgamento deixa isso claro. Os anciões são uma barreira constante, pondo empecilhos no meu caminho, como se eu não soubesse o que estou fazendo. Mas eles terão que esperar.Eventualmente, verão que minhas escolhas não são feitas ao acaso. Vejo o desconforto nos rostos deles, o ceticismo em cada gesto. Que esperem. Que assistam ao desenrolar dos meus planos. Não me resta mais explicar o que já foi dito mil vezes.Não posso apenas continuar me repetindo, perdendo um tempo precioso.Tem outros lugares em que quero estar, outras circunstâncias que preciso resolver.Se querem continuar me observando porque não acreditam em mim, que façam, não mudará como eu agirei. Eles sequer sabem o que tenho que manter em mente para garantir a segurança das pessoas que aprecio.Podem me julgar, me observar, não mudará o que tenho que fazer.Não me despeço quando me ergo, finalizando ao dizer que os planos para avaliar a capac
Ceyas— Hum, vocês não me conhecem, mas não precisam se preocupar, já que não tenho a intenção de ir contra o que o meu irmão está planejando, seja o que for — diz Faloip, sem perceber que essa não é a melhor apresentação possível.Neamir não preciso chamar pelos membros da sua alcateia muitas vezes antes de eles se reunirem na minha sala. É incrível como todos os ambientes parecem ficar menores quando nos reunimos, independente do seu tamanho.— Ah, gostei de como as coisas estão mudando, a casa parece bem melhor dessa maneira — declara por último, como se não pudesse ignorar o que viu. — Será melhor para o bebê também.— Seu irmão parece bem mais fofo do que você — anuncia Julien primeiro.— Ele é bem fofo, você só não pôde ver — declara Rosian, começando uma disputa pequena com a bruxa. — Nem vai, nós estamos oficialmente fechados. O lumeny era o único que ainda faltava.— Sou uma peça de quebra-cabeça agora? — pergunto, puxando as pernas de Rosian para cima das minhas, ele gira o
Ceyas— Bem-vindos — repete o homem, me lembro dele, não vi o seu rosto muitas vezes, mas seria estranho não reconhecer uma pessoa que Kanoi indica até para os humanos que gostam de coisas meio místicas.— Obrigado, Hivin — diz Rosian, me surpreendendo, dado que não disse o nome do sujeito a ele, mesmo assim, aqui está ele, mencionando-o como se fossem conhecidos. — Tem uma bela loja, mas a sua cobertura é meia boca — declara o bruxo ao meu lado, com um sorriso travesso no rosto.— Como sabe o nome dele? — murmuro, chegando um pouco mais perto para ouvir sua resposta, mas creio que isso não mudou a maneira como Hivin nos olha, na verdade, creio que me escutou.— Bruxos com grande sensibilidade mágica conseguem fazer muitas coisas, o que pode incluir ler o nome de quem conjurou a magia, bom, se ele não souber como ocultar a sua identidade — me conta Rosian, me revelando muitos detalhes a mais que eu nem poderia imaginar.— Um elogio acompanhado de uma crítica não é muito bom para o iní