CeyasPor mais que tenha se passado algum tempo desde que Rosian está se curando, não consigo tirar os olhos do local onde havia um buraco tão grande. Mesmo que haja roupas cobrindo o lugar, ainda mantenho os meus olhos ali.É algo que não consigo impedir, o meu ser apenas reage dessa maneira, porque quer garantias de que está se curando. O cheiro de seu sangue continua se espalhando pela mansão.Os lobos do lado de fora, fazendo a guarda do território, demonstraram muita curiosidade pelo corrido, uma vez que nos viram saindo, mas não nos detectaram chegando, somente viram que retornamos.Sem explicações, é claro que comentários serão gerados, além disso, devem ter sentido o odor do sangue de Rosian. Não tinha como não sentir quando a ferida foi tão grande.— Por que estamos sentados afastados? — pergunta Rosian, apesar de ter sido aquele a começar com a ideia de que nossas conversas devem ser realizadas enquanto mantemos distância um dos outros.— Porque posso querer te amarrar em ca
Ceyas— Bom dia — me diz Onna se pendurando em meu corpo enquanto observa o que estou fazendo. É apenas um passatempo, gosto de organizar a nossa sala de arma, embora não a usemos tanto, bom, os meus irmãos não usam tanto.Lugi sempre me arrasta com ele até aqui.Gosta de se livrar das suas frustrações, batendo em coisas que não podem revidar e em mim, que não vou atacá-lo com vontade de matar. Meu amigo pode ter pequenas atitudes questionáveis devido ao seu interesse em Lewyn.— Bom dia? — pergunto, o que a leva a me olhar de soslaio, fazendo com que nossos pontos de visão se encontrem de um modo estranho. — O que aconteceu para vir me encontrar tão cedo?— Eu só queria saber se viu o papai mais cedo — me questiona e eu não compreendo o que eu deveria ter visto. — O Rira saiu com ele.— Não vi os dois — comento e ela se afasta de mim somente para se acocorar do meu lado. — Tem algo te preocupando?Minha irmã apoia o braço em uma de suas pernas, depois coloca o seu rosto em cima do se
Ceyas— Onde vocês estão aprendendo essas coisas? — pergunta Lugi, balançando o seu bastão sem parar, porque se diverte vendo Faloip caído e Onna apoiando-se em seu joelho porque se sente cansada demais para tentar lutar mais uma vez. — O treinamento dos lobos é tão ridículo assim?— Pegue leve, eles não têm tanta experiência em missões fora da alcateia — articulo, uma vez que às vezes recebemos pedidos de pessoas que não são da nossa alcateia para resolver algum problema e, dependendo do preço, não nos importamos de seguir suas ordens.Bom, é dessa maneira que o meu pai mantém a alcateia. Tem alguns grandes caçadores de recompensas entre os nossos lobos. Alguns, como Lewyn, apenas são bons demais em missões de assassinato.Os caçadores, embora não gostem de admitir, às vezes precisam da ajuda de alguém que conhece bem lobos ou qualquer outro ser sobrenatural que estejam tentando eliminar.— Desse jeito, é melhor que não saiam de casa — zomba o meu amigo, apoiando o bastão na frente d
Ceyas— Não estou pedindo que me elogie — digo para Rira e ele abre um sorriso largo como se eu não devesse brincar com isso, já que ele também não tem intenção de gastar do tempo dele me elogiando.Melhor do que dizer na minha cara é apenas dar esse sorriso sacana do qual o papai costuma reclamar porque não parece em nada com o que alguém bonzinho faria, e para nosso pai é muito melhor quando ele é a criança comportada da família.— Só quero que você se lembre de que posso ficar do seu lado quando quiser, basta me chamar — afirmo para o meu irmão, tirando o riso do seu rosto somente para ele abandonar a forma descontraída como estava sentado. — Mesmo se for o inferno, basta me chamar.— Não vou mais dizer que é um ótimo irmão mais velho — reclama, como se suas palavras já não fossem um sinal claro do que gostaria de dizer. — Não tenho nada para te dizer no momento, a não ser que deveria comprar outra camisa.— Não fale das minhas roupas — demando, mantendo o tom de zombaria que usa c
Ceyas— Agora você parece tão preocupado quanto eu — comenta Onna sentando-se do meu lado de um grande balanço que, um tempo atrás, logo antes do nascimento de Faloip, fez os meus pais brigarem.Minha mãe queria que houvesse algo para a criança mais jovem brincar. Meu pai achava desnecessário, já que ele, possivelmente, evoluiria tão rápido quanto nós. Meu pai estava certo nessa parte, Faloip cresceu rápido, como um bom filhote de lobo.Passou pela sua primeira lua cheia sem problemas. Se transformou e voltou a forma humana como se fosse simples, anunciando que nenhuma parte de sua natureza estava em desequilíbrio.Faloip é o que alguns pais chamariam de filho que dá orgulho desde o ventre, no entanto, com os olhos do meu pai sempre voltados para o Rira, não teve como meu irmão ma
Ceyas— Você está fazendo o que nesse momento? — me pergunta o ancião, fazendo com que eu olhe para trás para verificar o motivo para ter vindo analisar o que faço, uma vez que, pelo que saiba, tenho todo o direito de estar aqui.— Nesse momento? — questiono, engolindo as palavras que falaria, dado que pareceriam irresponsáveis para alguém sendo considerado o próximo líder da alcateia.Conter o meu deboche não impede que um sorriso estranho se forme em minha face. Talvez eu não seja tão bom em me conter, embora acredite que sou. Quem sabe a expressão dele não permita que eu esconda tão bem os meus sentimentos, porque tenho o direito de estar aqui.Se quero ser capaz de lidar com a alcateia em algum momento no futuro, preciso conhecer muito bem cada um dos lobos que podem se tornar u
Ceyas— Como está se sentindo hoje? — pergunto para o meu irmão, porém, é bem nítido pela sua expressão que não está bem, que precisa se esforçar um pouco mais hoje para conseguir demonstrar o mínimo que seja de vitalidade.Infelizmente, não há muito o que fazer. Eu até tentei encontrar begônia de sangue para utilizar o seu extrato para o ajudar, mas parece que todos os bruxos esqueceram como é plantá-la e meu pai não deixa chegar perto do estoque da família.Segundo ele, é apenas para momentos importantes, situações de conflitos. Pelo que entendi, a saúde fragilizada do seu filho não é importante a ponto de ele usar o que temos. Me pergunto o quanto o Rira tem que estar doente para ele finalmente fazer alguma coisa.Dessa vez, minh
Ceyas— Mãe, não acha que é hora de fazermos mais do que falar com o papai? — pergunto a ela e é estranho que tenha deixado que nosso pai fosse tão longe com essa história de arrastar o Rira para onde bem quer.Há tempos estamos vendo o quanto ele tem ficado mais doente, no entanto, parece que meus irmãos e eu somos os únicos que mais nos preocupamos com o que pode estar acontecendo, dado que estamos tentando enfrentar a loucura que nosso pai expressa sem parar.Não tem outra maneira de chamar, uma vez que arrasta o filho doente com ele e, depois de chegar em casa, sequer demonstra alguma preocupação pelo estado dele. Apenas se enfurna no seu escritório e fica lá, pesquisando algo que não temos ideia.Meu pai nunca foi muito de pesquisa. Era um homem de batalhas, de força, mas desde que