Melanie Pov “Obrigado por me acompanhar,” Ryan diz com a voz pesada, carregada de tristeza.Estamos dirigindo em direção à alcateia Greenshadow para revelar a Narumi o falecimento de seu pai. Aperto a mão de Ryan com carinho, com firmeza, tentando transmitir todo o meu apoio, minha presença, meu amor silencioso, como se através daquele toque eu pudesse dividir com ele a dor que pesa sobre seus ombros.“Estamos juntos nessa,” respondo, minha voz tentando soar firme, mas ainda assim suave, acolhedora. “Além do mais, Narumi acabou se tornando uma amiga minha. Não quero que ela fique sozinha nesse período difícil.”A imagem da Narumi, sempre determinada e forte, me invade. Ela não merece passar por essa dor. Ninguém merece. E ainda assim, aqui estamos, presos em um ciclo onde a perda parece sempre nos encontrar.Minha mente, então, me trai, me puxando para lembranças antigas, memórias de minha vida passada, de uma dor que ainda pulsa dentro de mim, mesmo que de forma discreta, como uma c
Melanie Pov“Até que foi uma conversa plausível, não acha?” pergunto para Ryan.Estamos de volta dentro do carro, o interior silencioso quebrado apenas pelo som constante do motor e o sutil ruído dos pneus contra o asfalto molhado da rua. As janelas ainda trazem gotas dispersas de uma chuva leve que caiu mais cedo, dando à paisagem um brilho úmido sob a luz suave do entardecer.Seguimos em direção à minha casa, e meu peito se aperta à medida que nos aproximamos. Há um peso emocional ali, uma expectativa ansiosa que cresce a cada metro que percorremos. Em breve, teremos que contar aos meus pais sobre o noivado. O falecimento de Phill ainda paira sobre mim como uma sombra. Sinto como se a minha felicidade recém-descoberta estivesse sendo abafada por uma nuvem escura.Instintivamente, levo a mão até o anel em meu dedo, os dedos roçando com delicadeza em volta da pedra central. O rubi reluz sob a luz do sol poente, refletindo tons de vermelho profundo que lembram um coração pulsando — viv
Melanie pov Meu impulso imediato é esconder a mão, fechá-la com força, esconder o anel como se fosse algo indevido, um segredo proibido que escapou antes da hora. Mas eu me recuso. Em vez disso, estendo ainda mais meus dedos e, com firmeza, seguro a mão de Ryan. Nosso entrelaçar de dedos é quase um juramento silencioso. Ela nota isso. Ela nota tudo. Os olhos dela se voltam para nós dois e, por um instante que parece durar uma eternidade, ela apenas nos observa, sem dizer uma palavra. Seu silêncio é mais ensurdecedor do que qualquer grito de reprovação.Eu não consigo decifrar seus pensamentos. Ela não franze o cenho, não sorri, não chora. Apenas nos olha. E isso me desarma.“É melhor eu pegar algo para nós bebermos, não acham?” diz de repente, sua voz alta demais, quase forçada, como se quisesse preencher o ambiente antes que algo mais escapasse.E sem esperar resposta, ela se vira e sai rapidamente da sala, seus passos apressados ecoando pelo corredor como batidas apressadas de um t
Bea Pov Eu vou enlouquecer se continuar aqui nessa casa mais um segundo!Karl não aparece aqui já faz dias. Dias inteiros e intermináveis, como uma eternidade esticada entre o nascer e o pôr do sol. Longos dias em que ele simplesmente some, desaparece como poeira ao vento, me deixando sozinha com Oliver, que agora acha que virou meu carcereiro particular. E a convivência com ele… é um tormento em forma de silêncio carregado e olhares de julgamento. Ele não precisa dizer nada para me irritar. O jeito como respira, como anda pela casa, como se acha no direito de ditar regras, já me tira do sério.“Vou dar uma volta!” grito, já descendo as escadas com passos firmes, quase furiosos. Meus pés batem nos degraus como se estivessem tentando esmagar o chão.Oliver está na cozinha, e só de sentir o cheiro da comida que ele prepara, meu estômago se revira. Não pela comida em si, mas porque tudo nele me irrita. Passo por ele sem sequer direcionar o olhar, como se ele fosse parte do mobiliário, c
Bea Pov“Mal consigo ficar de pé, quanto mais caminhar, Vicky!” rebato impaciente e com dor. “Você está sendo infantil e imatura.”“Com quem será que eu aprendi a ser assim, hein?” Vicky responde na minha mente com uma voz prepotente que me deixa ainda mais nervosa.Não tenho paciência para lidar com as infantilidades dela agora. Não mesmo. Silencio Vicky, empurrando sua presença para um canto escuro da minha consciência, onde não possa continuar atrapalhando. Ela se cala, mas sei que está ali, bufando em silêncio, esperando outra brecha para cutucar minhas feridas.Minha perna já está ficando visivelmente inchada, como se o músculo tivesse inflado por dentro. Com certeza, algo ali está fora do lugar. A dor se intensifica com o menor movimento.O esforço de fazer isso já deixa o meu corpo tenso, causando suor em minha testa. Vou pulando de uma perna só até uma árvore e me sento no chão, já ofegante pelo esforço. Tento encontrar a melhor direção plana, sem obstáculos, para voltar para
Bea Pov “Pronto, está entregue!” Oliver diz, quase me jogando em cima do sofá como se eu fosse uma pilha de roupa suja.Minha perna machucada bate nas almofadas, mesmo sendo algo macio, isso me faz gritar de dor e xingá-lo. Durante todo o trajeto pela floresta, Oliver foi atencioso e cuidadoso ao me carregar. Não posso dizer isso sobre sua língua afiada, ficamos discutindo por quase todo o caminho.“Obrigada pela brutalidade,” digo com sarcasmo carregado.Ele acena com a cabeça, o movimento carrega provocação maliciosa.“Vou buscar o kit de primeiros socorros,” ele responde antes de sair da sala.Me ajeito melhor no sofá, colocando minha perna para cima. Vasculho na minha mente a presença da Vicky, ela não abriu a boca uma única vez desde que brigamos.“Ande, apareça!” digo mentalmente, buscando a presença dela. “Já estou de volta em casa. Agora é a hora de você começar a me curar, sua mimada ingrata!”“Não, acho que o tratamento que o Oliver está te dando é o suficiente,” Vicky resp
Melanie PovTodas às vezes que chego no castelo, eu perco o fôlego. A decoração para o banquete para a oficialização do nosso noivado é simplesmente sublime. Ryan não poupou esforços ou dinheiro para fazer tudo do meu agrado. Até mesmo o vestido que estou trajando hoje, Ryan mandou que uma estilista viesse e fizesse do zero para mim.Um lindo vestido de ouro rosé com leves camadas, junto com lindos bordados florais e um lindo decote em V delicado. Me sinto uma princesa ao usar o vestido e agora, aqui em frente ao castelo, me sinto na realidade em um conto de fadas.A porta do carro é aberta por um empregado do castelo, todo elegante. Papai e mamãe me acompanham, um de cada lado.“É, o Ryan sabe esbanjar,” papai comenta enquanto observa ao redor.Meus pais ainda não se sentem confortáveis com o meu noivado, mas estão aqui ao meu lado para apoiar a minha escolha. Mamãe tem sido mais receptiva e mais animada também, ainda mais que dessa vez, fiz questão de incluí-la. Diferente de minha v
Melanie PovOuço o som de uivos e tiros ressoar por toda a propriedade da nossa alcateia Killmoon, um concerto aterrorizante de destruição que se mistura ao estalar das chamas vorazes. O cheiro acre de fumaça invade minhas narinas, queimando minha garganta, e meus olhos lacrimejam, lutando para enxergar através da névoa espessa que toma os corredores. O calor sufocante me envolve, cada lufada de ar quente parece rasgar meu peito. Meu coração dispara, batendo tão forte que parece ecoar em meus ouvidos, rivalizando com o caos que se espalha ao meu redor.Cada fibra do meu ser grita por sobrevivência. Meu corpo treme, mas não por medo—pelo menos não apenas por medo. O desespero, a necessidade de proteger a pequena vida que cresce dentro de mim, é o que me mantém correndo, impulsionando minhas pernas, mesmo quando sinto que posso desabar a qualquer momento. Nem tive tempo de contar a Karl, meu companheiro, meu marido, que eu estou grávida. Meu marido… Será que ele está bem? Será que ele