Melanie povMinha pulsação acelera. Meu instinto entra em alerta. Fecho os dedos ao redor da alça da bolsa que carrego, como se isso fosse me dar algum tipo de segurança. Tento usar meu olfato para identificar quantos são, mas o cheiro se mistura ao da floresta, tornando difícil dizer.Ryan pega minha mão e me puxa levemente para outro caminho, suas passadas silenciosas e calculadas. Sei que ele está tentando evitar um confronto, e eu faço o possível para seguir seus passos sem fazer barulho, embora meu coração esteja martelando como um tambor dentro do peito.E então, o silêncio é quebrado. Tiros.O primeiro rasga o ar como um trovão, fazendo meu corpo enrijecer. Meu coração parece parar por um segundo. Os disparos atingem as árvores ao nosso redor, pedaços de casca explodindo e caindo no chão.Meu primeiro instinto é me abaixar, mas Ryan segura meu braço com firmeza.Dessa vez, eu não tenho minhas adagas comigo, apenas uma bolsa cheia de raízes. Começamos correndo para longe dos dis
Melanie Pov Por que ele está me perseguindo? O que há de errado com ele?São questões que martelam em minha mente enquanto meus pés se movem freneticamente sobre o solo irregular da floresta.O barulho de galhos quebrando atrás de mim se intensifica, acompanhado de um rosnado gutural que faz meu sangue gelar. Ele está cada vez mais perto.Então, de repente, o inevitável acontece. Meu pé se prende em uma raiz retorcida, oculta sob o tapete de folhas secas, e antes que eu possa me recuperar, meu corpo despenca. O mundo ao meu redor se transforma em um borrão de sombras e dor conforme rolo descontroladamente pelo barranco abaixo. Cada batida contra o chão rouba o ar dos meus pulmões. Finalmente, meu corpo para de se arrastar, chocando-se violentamente contra algo sólido e úmido.O impacto me atordoa, e por alguns segundos minha visão é apenas um emaranhado de escuridão e luzes piscantes.Desnorteada e com o corpo pulsando de dor, eu abro os olhos e me forço a levantar a cabeça. Minhas m
Melanie Pov “Melanie!”A voz ecoa no vazio ao meu redor, uma súplica carregada de desespero, um lamento quebrado que me arrasta para a superfície da inconsciência.Algo quente toca meu rosto, um contato hesitante, trêmulo, que me faz despertar com um sobressalto, puxando o ar com violência.“Melanie, acorde. Pela deusa da lua, por favor, acorde!”Meus olhos se abrem de imediato, arregalados e perdidos, e o primeiro rosto que vejo é o dele. Ryan. Seu olhar está carregado de uma angústia crua, um medo silencioso que se mistura com o alívio evidente ao me ver despertar.Meu instinto toma o controle, e antes que eu possa me conter, recuo, afastando-me dele com um reflexo puro de autopreservação. O movimento brusco faz meu corpo protestar com dores agudas, e um gemido baixo escapa da minha garganta antes que eu consiga contê-lo.Ryan percebe minha reação e imediatamente se afasta também, erguendo as mãos em rendição, como se temesse que qualquer aproximação pudesse me assustar ainda mais.
Melanie Pov“Quanto tempo até que o antidoto cause efeito, doutor?” Meu pai indaga apreensivo.O médico acaba de injetar a substância no braço pálido de minha mãe. Meu pai está rígido ao meu lado, seus punhos cerrados, os olhos fixos no rosto inexpressivo da mulher que sempre foi a força desta família.Eu deveria me sentir mais aliviada. Afinal, depois de tanto esforço, a raiz foi encontrada, o antídoto foi feito, e agora ele está no corpo da minha mãe. Mas, em vez disso, meu peito aperta e minha mente não consegue se desligar da sensação inquietante de que quase perdi minha mãe por culpa da Bea.Os dias se passaram desde que retornei da busca pela raiz. E, ainda assim, desde então, minha irmã sequer apareceu neste hospital. Nenhuma vez. Não questiono meu pai sobre isso. Ele já está ansioso demais. Mas sei por Amelie que Bea está em casa, agindo como se nada tivesse acontecido, como se a ausência da nossa mãe fosse um inconveniente menor, uma oportunidade para exercer sua autoridade,
Melanie Pov “Você sabe o que fazer, beta Henry,” digo séria, olhando para os portões do nosso território.“Sim, senhorita Melanie,” Henry confirma. “Deixarei você agora em casa e logo mais estarei avisando os membros da nossa alcateia sobre o ocorrido.”Ficamos em silêncio, olhando para frente. O nervosismo querendo tomar conta de mim.“Você acha que vai dar certo, Henry?” Questiono preocupada.Preciso que dê certo. Sei que foi Bea quem envenenou mamãe, mas sem as provas, sem as câmeras de vigilância, como irei provar isso? Ninguém mais suspeita da minha irmã, somente eu.“Tem que dar certo, senhorita Melanie. Nós da matilha Killmoon somos uma família, a luna Tina, sua mãe, é um dos grandes pilares para nós, junto com o alfa Tyler e você, a herdeira.” Henry declara com convicção.Isso me acalma um pouco e respiro fundo.Assim que Henry estaciona na frente de casa, meu olhar se estreita ao perceber uma movimentação anormal. Há um fluxo constante de jovens lobos entrando e saindo pela
Melanie Pov O ômega permanece imóvel, seu corpo inteiro tremendo como se cada fibra dele soubesse que seu destino está à beira do colapso. Ele respira com dificuldade, os olhos se movem de um lado para o outro, como um animal acuado buscando uma saída que não existe. O cheiro do medo exala dele, denso e amargo, se misturando ao aroma do álcool e suor que ainda paira no ar depois da festa interrompida.“Você está histérica, Melanie!” Bea lança as palavras com força, sua voz carregada de nervosismo. Ela se levanta num movimento brusco, tentando recuperar o controle da situação. “Pessoal, vão embora! A festa acabou!”“Histérica? Eu?” indago com sarcasmo na voz. “Você sabe que não tem escapatória, Bea! Tenho prova e ele com testemunha,” rebato e aponto para o ômega. “O que ela prometeu para você? Uma posição mais elevada na alcateia?”O lobo mais jovem me encara com olhos arregalados, o medo dançando em suas íris, e então seu olhar desliza até Bea, como se esperasse que ela o salvasse de
Melanie Pov “O plano inicial era envenenar seu pai, senhorita Melanie,” o ômega declara. “Porém, quando entreguei o veneno para Bea, ela disse que a melhor estratégia seria na luna Tina.”“Por quê?” questiono preocupada.“A luna Tina é o ponto fraco do alfa Tyler,” o ômega responde sério. “Com a morte da esposa, o alfa Tyler não estaria em condições emocionais para proteger a alcateia. Nós da alcateia Greenshadow iriamos fazer um ataque a vocês na cerimônia de enterro,” ômega relata.Os olhos de Bea fuzilam o ômega com uma intensidade quase palpável, uma mistura de raiva e desprezo que ferve em seu olhar, mas ele não se abala, como se já tivesse aceitado seu destino, como se já soubesse que não havia mais volta.“Bea havia prometido ao nosso alfa total controle dos recursos que vocês possuem,” o ômega revela. “O que ela queria em troca era o título de alfa e poder matar você com as próprias mãos.”Não me surpreende a parte sobre a minha morte—isso era óbvio, previsível até—mas a barg
Melanie pov Bea é insana.Esse pensamento lateja em minha mente como um fogo inextinguível, queimando qualquer traço de dúvida. Ela é mais do que perigosa, mais do que cruel. Ela é uma força destrutiva, uma tempestade de caos que se espalha por onde passa, deixando apenas ruína e desordem no caminho.Todos no nosso território estão agitados por causa dos últimos acontecimentos. A suposta morte da minha mãe ainda paira como um fantasma entre nós, mas a morte real, a de um ômega da alcateia Greenshadow dentro do nosso território, essa ninguém pode ignorar.Bea matou a sangue-frio e saio da sala como se não fosse nada, me deixando responsável pela bagunça.Antes mesmo de precisar ver, eu já sinto o cheiro do Karl chegando e também de Ryan. Meu coração salta do meu peito com a presença dos dois aqui em meu território. Entretanto, há um cheiro ainda mais impressionante que chega até mim. O cheiro do alfa Phill.“Merda…” resmungo entre dentes, uma irritação crescente fervendo no meu estôma