Melanie Pov “Melanie!”A voz ecoa no vazio ao meu redor, uma súplica carregada de desespero, um lamento quebrado que me arrasta para a superfície da inconsciência.Algo quente toca meu rosto, um contato hesitante, trêmulo, que me faz despertar com um sobressalto, puxando o ar com violência.“Melanie, acorde. Pela deusa da lua, por favor, acorde!”Meus olhos se abrem de imediato, arregalados e perdidos, e o primeiro rosto que vejo é o dele. Ryan. Seu olhar está carregado de uma angústia crua, um medo silencioso que se mistura com o alívio evidente ao me ver despertar.Meu instinto toma o controle, e antes que eu possa me conter, recuo, afastando-me dele com um reflexo puro de autopreservação. O movimento brusco faz meu corpo protestar com dores agudas, e um gemido baixo escapa da minha garganta antes que eu consiga contê-lo.Ryan percebe minha reação e imediatamente se afasta também, erguendo as mãos em rendição, como se temesse que qualquer aproximação pudesse me assustar ainda mais.
Melanie Pov“Quanto tempo até que o antidoto cause efeito, doutor?” Meu pai indaga apreensivo.O médico acaba de injetar a substância no braço pálido de minha mãe. Meu pai está rígido ao meu lado, seus punhos cerrados, os olhos fixos no rosto inexpressivo da mulher que sempre foi a força desta família.Eu deveria me sentir mais aliviada. Afinal, depois de tanto esforço, a raiz foi encontrada, o antídoto foi feito, e agora ele está no corpo da minha mãe. Mas, em vez disso, meu peito aperta e minha mente não consegue se desligar da sensação inquietante de que quase perdi minha mãe por culpa da Bea.Os dias se passaram desde que retornei da busca pela raiz. E, ainda assim, desde então, minha irmã sequer apareceu neste hospital. Nenhuma vez. Não questiono meu pai sobre isso. Ele já está ansioso demais. Mas sei por Amelie que Bea está em casa, agindo como se nada tivesse acontecido, como se a ausência da nossa mãe fosse um inconveniente menor, uma oportunidade para exercer sua autoridade,
Melanie Pov “Você sabe o que fazer, beta Henry,” digo séria, olhando para os portões do nosso território.“Sim, senhorita Melanie,” Henry confirma. “Deixarei você agora em casa e logo mais estarei avisando os membros da nossa alcateia sobre o ocorrido.”Ficamos em silêncio, olhando para frente. O nervosismo querendo tomar conta de mim.“Você acha que vai dar certo, Henry?” Questiono preocupada.Preciso que dê certo. Sei que foi Bea quem envenenou mamãe, mas sem as provas, sem as câmeras de vigilância, como irei provar isso? Ninguém mais suspeita da minha irmã, somente eu.“Tem que dar certo, senhorita Melanie. Nós da matilha Killmoon somos uma família, a luna Tina, sua mãe, é um dos grandes pilares para nós, junto com o alfa Tyler e você, a herdeira.” Henry declara com convicção.Isso me acalma um pouco e respiro fundo.Assim que Henry estaciona na frente de casa, meu olhar se estreita ao perceber uma movimentação anormal. Há um fluxo constante de jovens lobos entrando e saindo pela
Melanie Pov O ômega permanece imóvel, seu corpo inteiro tremendo como se cada fibra dele soubesse que seu destino está à beira do colapso. Ele respira com dificuldade, os olhos se movem de um lado para o outro, como um animal acuado buscando uma saída que não existe. O cheiro do medo exala dele, denso e amargo, se misturando ao aroma do álcool e suor que ainda paira no ar depois da festa interrompida.“Você está histérica, Melanie!” Bea lança as palavras com força, sua voz carregada de nervosismo. Ela se levanta num movimento brusco, tentando recuperar o controle da situação. “Pessoal, vão embora! A festa acabou!”“Histérica? Eu?” indago com sarcasmo na voz. “Você sabe que não tem escapatória, Bea! Tenho prova e ele com testemunha,” rebato e aponto para o ômega. “O que ela prometeu para você? Uma posição mais elevada na alcateia?”O lobo mais jovem me encara com olhos arregalados, o medo dançando em suas íris, e então seu olhar desliza até Bea, como se esperasse que ela o salvasse de
Melanie Pov “O plano inicial era envenenar seu pai, senhorita Melanie,” o ômega declara. “Porém, quando entreguei o veneno para Bea, ela disse que a melhor estratégia seria na luna Tina.”“Por quê?” questiono preocupada.“A luna Tina é o ponto fraco do alfa Tyler,” o ômega responde sério. “Com a morte da esposa, o alfa Tyler não estaria em condições emocionais para proteger a alcateia. Nós da alcateia Greenshadow iriamos fazer um ataque a vocês na cerimônia de enterro,” ômega relata.Os olhos de Bea fuzilam o ômega com uma intensidade quase palpável, uma mistura de raiva e desprezo que ferve em seu olhar, mas ele não se abala, como se já tivesse aceitado seu destino, como se já soubesse que não havia mais volta.“Bea havia prometido ao nosso alfa total controle dos recursos que vocês possuem,” o ômega revela. “O que ela queria em troca era o título de alfa e poder matar você com as próprias mãos.”Não me surpreende a parte sobre a minha morte—isso era óbvio, previsível até—mas a barg
Melanie pov Bea é insana.Esse pensamento lateja em minha mente como um fogo inextinguível, queimando qualquer traço de dúvida. Ela é mais do que perigosa, mais do que cruel. Ela é uma força destrutiva, uma tempestade de caos que se espalha por onde passa, deixando apenas ruína e desordem no caminho.Todos no nosso território estão agitados por causa dos últimos acontecimentos. A suposta morte da minha mãe ainda paira como um fantasma entre nós, mas a morte real, a de um ômega da alcateia Greenshadow dentro do nosso território, essa ninguém pode ignorar.Bea matou a sangue-frio e saio da sala como se não fosse nada, me deixando responsável pela bagunça.Antes mesmo de precisar ver, eu já sinto o cheiro do Karl chegando e também de Ryan. Meu coração salta do meu peito com a presença dos dois aqui em meu território. Entretanto, há um cheiro ainda mais impressionante que chega até mim. O cheiro do alfa Phill.“Merda…” resmungo entre dentes, uma irritação crescente fervendo no meu estôma
Melanie pov “Temos regras, Majestade.” Phill pronuncia cada palavra com escárnio, mas também com um respeito relutante, como se tivesse sido obrigado a engolir sua própria raiva. “O senhor sabe disso. Meu ômega foi morto de forma injusta, em uma emboscada,” Phill declara irritado.“Sim, ele foi morto de forma injusta, alfa Phill,” respondo séria. “Mas não por mim. Nunca planejei a morte dele, afinal, seu ômega havia confessado a cooperação entre sua alcateia e Bea, com planos de envenenar minha mãe, a luna Tina.”Phill bufa como se as minhas palavras fossem a coisa mais absurda que ele já ouviu na vida. Seu rosto se contorce em uma expressão de pura incredulidade, seus olhos flamejam com desprezo e irritação mal contida.“Sua irmã está certa,” Karl se manifesta com uma voz carregada de escárnio, seu tom é venenoso, como se a simples ideia de eu estar me defendendo fosse ridícula. Ele se inclina levemente para frente, seus olhos brilhando com diversão cruel. “Você está louca!”Olho pa
Melanie Pov “Senhorita Melanie, o carro já está pronto.” Amelie diz perto da porta do meu quarto.Me olho no espelho e verifico pela segunda vez a minha aparência. Estou usando um vestido social azul que realça meus cabelos ruivos ondulados.Ao descer as escadas, vejo Henry me esperando do lado de fora da casa, parado ao lado do carro preto, com expressão séria e preocupada.“Tem certeza de que não quer que eu te acompanhe, senhorita Melanie?” Henry pergunta, sua voz carregada de cautela.Paro diante dele e forço um pequeno sorriso, tentando transmitir uma confiança que nem eu mesma sei se possuo neste momento.“Sim, alguém precisa ficar aqui cuidando da matilha, prefiro que seja você do que qualquer outra pessoa, beta Henry,” declaro com confiança.Papai ainda está com mamãe na cabana. Todos acreditam que papai se isolou para lidar melhor com o luto. Após o Ryan ter declarado ordem de prisão para o alfa Phill, nossa alcateia foi invocada para uma reunião para lidar com as acusações