Dentro da bolsa de Florence ainda estava o relógio que Lucian deixara. Ela não conseguia entender por que ele havia feito aquilo.Enquanto Florence tentava achar uma explicação, Daphne ergueu o pulso para exibir sua nova conquista.No pulso delicado, brilhava um relógio largo, cravejado de diamantes em cada centímetro. Entre as pedras, uma fileira de rubis salpicava o bracelete, e até o mostrador era coberto por rubis e diamantes, impossível ver os números ali, parecia um céu estrelado amarrado no braço, uma fita prateada e reluzente.Quem entendia do assunto percebia na hora: o relógio de Daphne era peça de leilão, praticamente impossível de encontrar no mercado, com um valor nas alturas.Uma colega segurou o braço de Daphne, admirada:— Parece uma joia antiga, a qualidade é absurda... E combinou demais com você. O Lucian deve ter gastado uma fortuna, não?Daphne puxou o braço de volta, lançou um olhar para o pulso de Florence e sorriu com lábios frios:— Tem coisa que dinheiro nenhum
Pensando melhor, um nome veio à mente de Florence: Fernando. No fundo, ela sabia que havia subestimado a habilidade de Fernando em se disfarçar.Agora, não adiantava mais ficar remoendo. Ela precisava encontrar um jeito de sair daquela situação.Com o pensamento embaralhado, Florence pegou um café e saiu da copa. De longe, ela viu Daphne parada ao lado de sua mesa.Ela se apressou e perguntou:— Daphne, precisa de alguma coisa?Daphne apontou discretamente para o celular de Florence na mesa:— Você trocou de celular?Quando Daphne quase tocou no aparelho, Florence rapidamente o pegou de volta.— Não, só troquei a película.— Entendi. — Daphne não insistiu e voltou calmamente para sua mesa.Florence, então, guardou o celular no fundo da bolsa o mais rápido que pôde....Na hora do almoço, Florence foi sozinha de táxi até uma assistência técnica.O dono da loja analisou o celular antigo, que ela tinha deixado cair na água, e franziu a testa:— Moça, esse modelo já tem mais de três anos.
O estrondo da bolsa batendo no vidro foi alto, mas o vidro nem trincou.Florence apoiou-se na porta do carro, completamente perdida.Nesse instante, o vidro baixou devagar, revelando o olhar frio de um homem. Quase ao mesmo tempo, a porta se abriu, e ele envolveu a cintura de Florence com o braço longo, levantando-a do chão. Com um único chute, afastou o homem que ainda tentava se aproximar.Assim que viu Lucian, o agressor puxou o comparsa e os dois fugiram sem olhar para trás.Lucian lançou um olhar breve para Cláudio, que entendeu o recado e saiu silenciosamente.Com os dois longe dali, Florence mal teve tempo de respirar aliviada antes de ouvir a voz grave acima dela.— O que aconteceu aqui?Florence mordeu os lábios, quase contando tudo, mas engoliu as palavras. Ela tinha quase certeza de que Daphne tinha mandado aqueles homens. Provavelmente, Daphne percebeu que seu celular era novo demais e resolveu agir para tomar o antigo. Mas Lucian acreditaria nela? Ele era o tipo de homem q
— Quem disse isso? — Perguntou Lucian.— O que você acha? De qualquer forma, eu não quero! Nunca vou usar igual ao seu...Florence sentiu a gravata apertar ainda mais no pulso, fazendo-a cair para a frente.Lucian não perdeu tempo: calou a boca dela com um beijo intenso, decidido a silenciar qualquer resposta atravessada.Florence lutou com todas as forças, mas, mesmo na confusão, sentiu o frio metálico — o relógio já estava preso em seu pulso.Pouco depois, Lucian desamarrou a gravata, puxou-a para fora do carro e a fez ir junto.Florence tentou arrancar o relógio com a outra mão, mas Lucian apertou a gravata nas mãos e advertiu:— Se tirar, pode ficar aqui mesmo.Florence xingou mentalmente, sabia que ele era capaz de tudo. Sem escolha, soltou o relógio e o seguiu.Lucian a levou até um restaurante ali perto. Parecia que já estava tudo preparado, pois o gerente os recebeu imediatamente e os conduziu até a mesa reservada.O gerente ficou ao lado, quase sem respirar:— Sr. Lucian, vai
Depois do expediente, Daphne foi direto procurar um técnico de confiança para mexer no celular.O rapaz conectou o aparelho antigo de Florence ao computador, e enquanto a tela piscava sem parar, Daphne mal conseguia esconder o sorriso de satisfação.“Florence, não adianta se esconder. No fim, eu sempre descubro tudo. Quero ver como você vai bancar a esperta sem provas contra mim.”— Srta. Daphne, consegui acessar o celular.— Mostra aqui.Daphne pegou o aparelho, ansiosa, e começou a vasculhar. Mas, fora algumas conversas comuns, não encontrou nada que a comprometesse.Incomodada, ela abriu a galeria de fotos, revirou todos os álbuns e vídeos, mas não achou nada do que procurava.— Não pode ser! Se ela protege tanto esse celular antigo, alguma coisa esconde aí! Procura pra mim se tem pasta oculta, arquivo escondido, qualquer coisa!— Vou verificar.O técnico mexeu mais um pouco, e de fato achou algo.— Srta. Daphne, tem um álbum oculto aqui.— Então abre logo! — Daphne quase não contev
Ao ouvir aquilo, Florence interrompeu na hora.— Mãe, nem pense nisso. Você sabe muito bem como anda essa família Nunes. Se não confia no Lucian, pelo menos confia no Bryan, né?— É verdade... Mas olha, o pessoal dos Nunes conseguiu convencer muita gente a investir nesse projeto. Se não tivessem certeza, não iam se arriscar desse jeito. — Lyra respondeu, mas logo bocejou de novo.Florence pediu para ela não se preocupar tanto e insistiu para que a mãe fosse descansar logo.Depois que desligou, Florence ficou ainda mais inquieta....Apesar de se sentir desconfortável com o jeito que Marcos a olhava, Florence levou o trabalho a sério e desenhou uma peça exclusiva: um broche masculino.Ela buscou inspiração no aruanã-dourado, capturando o momento elegante em que o peixe se vira nas águas cristalinas do rio. As nadadeiras, alongadas e cheias de vida, pareciam trazer sorte e força para quem as usasse.A cabeça do peixe seria justamente a safira azul que Marcos forneceu. O restante da peça
Quando todos ouviram o barulho, não teve jeito: a atenção geral se voltou para Rosana, inclusive a de Florence, que lançou um olhar de soslaio.Pelo que lembrava, aquilo era mesmo o tipo de coisa que Rosana faria. Não importava a situação, Rosana sempre dava um jeito de se mostrar vulnerável, esperando conquistar a simpatia dos outros.Na época da escola, os colegas eram ingênuos e, sabendo das dificuldades financeiras de Rosana, acabavam sentindo pena dela.Mas ali, cada olhar era afiado — ninguém caía tão fácil no jogo dela.Valentina franziu a testa:— Deixa pra lá, Rosana. Pode sair.— Sim, diretora Valentina.Rosana saiu com os olhos marejados, quase mordendo os próprios lábios, encenando perfeitamente o papel de vítima indefesa.Marcos, tentando amenizar, segurou Rosana pelo braço e sorriu:— Não foi nada grave, não precisa ficar assim.Rosana ergueu os olhos, cheios de lágrimas:— Obrigada, Sr. Marcos.Ela saiu da sala, parando várias vezes para olhar para trás, como quem espera
De acordo com as regras, ninguém da família podia assistir à cremação no crematório. Florence Winters, no entanto, pagou o que foi necessário. Com passos lentos, ela empurrou a maca de ferro gelada para dentro da sala de cremação. O ar tinha um cheiro metálico de queimado, e no feixe de luz que atravessava a janela, partículas de cinza flutuavam no ar. Talvez fossem restos de ossos. Em breve, sua querida filha também se tornaria isso. Vestida com um longo vestido preto, Florence parecia ainda menor do que era. Nem mesmo o menor tamanho escondia sua silhueta magra e abatida. Seus olhos, inchados e vermelhos de tanto chorar, estavam agora estranhamente serenos. Ela passou a mão pelo lençol branco que cobria o corpo imóvel e pálido da filha e, cuidadosamente, colocou na palma da mão fria da menina duas estrelas de papel cor-de-rosa. — Estela, espera a mamãe. Quando o tempo acabou, um funcionário aproximou-se e puxou Florence gentilmente para o lado. Ele ergueu o lençol, re