Quando Ronaldo falou em “atacar onde dói”, ele lançou um olhar direto para Florence.Ela ficou desconfiada, prestes a perguntar o que ele queria dizer, mas foi interrompida por uma voz grave atrás de si.— Florence.Lucian apareceu com passos largos, vestindo o clássico terno preto e camisa branca. Não precisava de detalhes para impor respeito; só a presença dele já era esmagadora. Em poucos passos, ele tomou conta de todo o ambiente. O cigarro de Ronaldo se consumia até o filtro entre seus dedos, mas, diante do olhar de Lucian, ele ficou paralisado, só o ódio borbulhando nos olhos.Sem dar a mínima para Ronaldo, Lucian passou direto, segurou Florence e a pegou no colo, saindo dali sem olhar para trás.— Tio. — Ronaldo chamou, com a voz carregada de rancor.Lucian parou, mas não virou.Florence olhou para Ronaldo por cima do ombro. O olhar dele estava cada vez mais obcecado, deixando-a inquieta.Ronaldo soltou uma risada fria:— Tio, aposto que você não sabe... A Florence me disse que
Os dedos dele deslizaram pelos cabelos dela, com uma delicadeza inesperada, quase carinhosa.Florence fechou os punhos, sem dizer nada, sentindo o corpo esfriar ao invés de aquecer. Ela levantou o olhar e sustentou o dele:— Ter dormido juntos não significa nada. Você não se importa, eu também não. Se pintar uma chance, eu vou embora.— Você não vai.Florence ficou tensa, a coluna arrepiada. Ela sabia que aquilo era uma ameaça velada. Lucian conhecia o peso da família Avery sobre sua mãe.No instante seguinte, porém, ele pousou um beijo leve, quase tímido, sem a força de antes, apenas um toque suave.Enquanto ela ainda estava surpresa, ele puxou de leve o colar no pescoço dela. A esmeralda balançou entre os dois, brilhando num verde hipnotizante.Ele repetiu, em tom calmo:— Você não vai.Florence tentou pegar a corrente de volta, mas ele desviou com facilidade.Ela retrucou, mantendo a pose:— Esqueci de tirar.— Sei.Ele não insistiu. Pegou-a no colo mais uma vez e a depositou no sof
O estalo do tapa ecoou pelo quarto, jogando Daphne no chão. Ela sentiu o corpo inteiro arder, mas não ousou reclamar.Nina, cheia de pena da filha, correu para protegê-la:— Agora não adianta bater nela! O importante é não deixar ninguém da família Avery perceber nada!Guilherme arfava de raiva, o peito subindo e descendo, o dedo apontado para Daphne:— Quem é? Quem é o homem com quem você se envolveu?Daphne desviou o olhar, cheia de culpa, sem coragem de contar tudo:— Pai, fica tranquilo. Ninguém nunca vai desconfiar, nem o Lucian. Já terminei tudo com ele. Da última vez, só bebi demais com a Milena e...Ao ouvir o nome de Milena, Guilherme finalmente respirou fundo.Ele sabia que Theo ainda precisava que Daphne se aproximasse dos Milena, então, por ora, ela estava segura.Guilherme não escondeu a insatisfação:— Dê um jeito de convencer Lucian a investir no Grupo Gonçalves.Daphne mal assentiu, o celular tocou. Ela pegou o aparelho: era Rosana, que enviara dois vídeos. Em um deles,
Com o passar dos anos, as joias masculinas se tornaram cada vez mais populares. Havia homens até mais exigentes que mulheres quando o assunto era design de joias, então, não era nenhuma novidade criar algo especial para eles.O que realmente intrigava Florence era o fato de Marcos ter escolhido logo ela para esse trabalho. Gente rica como ele dava muito valor às relações sociais — se fosse para agradar, ele deveria procurar Daphne. Esse pensamento fez o coração de Florence acelerar, um pressentimento estranho tomava conta dela.Marcos tomou um gole de café e explicou, com tranquilidade:— O Grupo Nunes vai fazer uma festa de comemoração nesta semana. Eu consegui uma peça especial e queria usar algo exclusivo no evento, então pensei em desenhar uma joia para essa ocasião.Valentina se animou:— E essa peça especial seria...Marcos bateu palmas perto da porta.Um segurança entrou, trazendo uma maleta presa ao pulso por algema. Ele soltou a trava, digitou a senha e, com um clique, o estoj
Dentro da bolsa de Florence ainda estava o relógio que Lucian deixara. Ela não conseguia entender por que ele havia feito aquilo.Enquanto Florence tentava achar uma explicação, Daphne ergueu o pulso para exibir sua nova conquista.No pulso delicado, brilhava um relógio largo, cravejado de diamantes em cada centímetro. Entre as pedras, uma fileira de rubis salpicava o bracelete, e até o mostrador era coberto por rubis e diamantes, impossível ver os números ali, parecia um céu estrelado amarrado no braço, uma fita prateada e reluzente.Quem entendia do assunto percebia na hora: o relógio de Daphne era peça de leilão, praticamente impossível de encontrar no mercado, com um valor nas alturas.Uma colega segurou o braço de Daphne, admirada:— Parece uma joia antiga, a qualidade é absurda... E combinou demais com você. O Lucian deve ter gastado uma fortuna, não?Daphne puxou o braço de volta, lançou um olhar para o pulso de Florence e sorriu com lábios frios:— Tem coisa que dinheiro nenhum
Pensando melhor, um nome veio à mente de Florence: Fernando. No fundo, ela sabia que havia subestimado a habilidade de Fernando em se disfarçar.Agora, não adiantava mais ficar remoendo. Ela precisava encontrar um jeito de sair daquela situação.Com o pensamento embaralhado, Florence pegou um café e saiu da copa. De longe, ela viu Daphne parada ao lado de sua mesa.Ela se apressou e perguntou:— Daphne, precisa de alguma coisa?Daphne apontou discretamente para o celular de Florence na mesa:— Você trocou de celular?Quando Daphne quase tocou no aparelho, Florence rapidamente o pegou de volta.— Não, só troquei a película.— Entendi. — Daphne não insistiu e voltou calmamente para sua mesa.Florence, então, guardou o celular no fundo da bolsa o mais rápido que pôde....Na hora do almoço, Florence foi sozinha de táxi até uma assistência técnica.O dono da loja analisou o celular antigo, que ela tinha deixado cair na água, e franziu a testa:— Moça, esse modelo já tem mais de três anos.
O estrondo da bolsa batendo no vidro foi alto, mas o vidro nem trincou.Florence apoiou-se na porta do carro, completamente perdida.Nesse instante, o vidro baixou devagar, revelando o olhar frio de um homem. Quase ao mesmo tempo, a porta se abriu, e ele envolveu a cintura de Florence com o braço longo, levantando-a do chão. Com um único chute, afastou o homem que ainda tentava se aproximar.Assim que viu Lucian, o agressor puxou o comparsa e os dois fugiram sem olhar para trás.Lucian lançou um olhar breve para Cláudio, que entendeu o recado e saiu silenciosamente.Com os dois longe dali, Florence mal teve tempo de respirar aliviada antes de ouvir a voz grave acima dela.— O que aconteceu aqui?Florence mordeu os lábios, quase contando tudo, mas engoliu as palavras. Ela tinha quase certeza de que Daphne tinha mandado aqueles homens. Provavelmente, Daphne percebeu que seu celular era novo demais e resolveu agir para tomar o antigo. Mas Lucian acreditaria nela? Ele era o tipo de homem q
— Quem disse isso? — Perguntou Lucian.— O que você acha? De qualquer forma, eu não quero! Nunca vou usar igual ao seu...Florence sentiu a gravata apertar ainda mais no pulso, fazendo-a cair para a frente.Lucian não perdeu tempo: calou a boca dela com um beijo intenso, decidido a silenciar qualquer resposta atravessada.Florence lutou com todas as forças, mas, mesmo na confusão, sentiu o frio metálico — o relógio já estava preso em seu pulso.Pouco depois, Lucian desamarrou a gravata, puxou-a para fora do carro e a fez ir junto.Florence tentou arrancar o relógio com a outra mão, mas Lucian apertou a gravata nas mãos e advertiu:— Se tirar, pode ficar aqui mesmo.Florence xingou mentalmente, sabia que ele era capaz de tudo. Sem escolha, soltou o relógio e o seguiu.Lucian a levou até um restaurante ali perto. Parecia que já estava tudo preparado, pois o gerente os recebeu imediatamente e os conduziu até a mesa reservada.O gerente ficou ao lado, quase sem respirar:— Sr. Lucian, vai