3. Revelações

-Você só pode estar de brincadeira né? - disse ele sorrindo

 -Não mesmo! Eu estou cansada de ter que ficar provando as coisas o tempo todo! Quando eu entrei na empresa eu fazia esse mesmo interrogatório toda semana, a diferença era que o seu pai acreditava na minha palavra e sabia do que acontecia na empresa - disse revoltada

-Você quer dizer o que? Que eu não sei o que acontece na minha empresa? - ele disse meio alterado

-Exatamente isso, porque se você soubesse não estaria me questionando sobre isso -  respondi

-Que?!?!

-Olha, não quero faltar com respeito, mas para mim isso já é demais para mim - respondi

-Vou chamar o RH - ele disse enquanto pegava o telefone e discou o ramal do RH.

-Eu me levantei rapidamente e apertei o botão para desligar o telefone, ele me olhou pasmo e eu respirei isso, fiz tudo em um impulso (umas das minhas “qualidades”).

-O que você pensa que está fazendo?!?! - Ele respondeu colocando o telefone no gancho e dando a volta na mesa até ficar de cara comigo, como se isso fosse possível já que ele era muito mais alto

-Poupando o seu tempo e o meu! - Respondi suspirando me afastando dele

-Eu quero entender e tentar te ajudar Lena! - ele respondeu se encostando na mesa e cruzando os braços, eu estava nervosa e naquela posição e me deixava mais nervosa do que nunca, eu não conseguia parar de pensar besteiras!

-Por que isso agora? - respondi me afastando mais

-Somos amigos e eu quero te ajudar!

-Amigos????!!! - não me controlei e comecei a rir e repetir isso, eu olhei para ele e ele me olhava sério

-Você está brincando né?? - Perguntei esperando que eu ele falasse que era uma brincadeira

-Não, a gente se conhece desde pequeno e..

-Isso não quer dizer que somos amigos, apenas que somos conhecidos - eu disse interrompendo o discurso dele.

-Nossos pais…

-Olha eu já sei o discurso e sinceramente não estou afim de escutar! Já ouvi isso um milhão de vezes sobre a amizade da nossa família, as expectativas e tudo mais… - disse interrompendo ele novamente

-E você sabe sobre o casamento? - ele perguntou rindo

-Que casamento? - eu perguntei

-Nossos pais estão pensando em juntar nossas empresas com um casamento

-Nossa, sério? Essa é nova! Vivemos no século XV para casamentos arranjados, meu Deus era só o que faltava! Eu não acredito nisso! -  comecei a rir pensando na cena! - Imagino que o noivo seja você, né? Já que foi você que assumiu a empresa ao invés dos seus irmãos? - Perguntei depois que me joguei em um sofá que estava na outro canto da sala

-É óbvio! Apesar de não achar a situação de todo mal - disse ele sorrindo e andando até o pequeno frigobar que tinha na sala, ele abriu, agachou e pegou duas latas de suco e se sentou no mesmo sofá que eu, senti a almofada se mexendo um pouco com peso do corpo dele, me mexi um pouco incomodada com a proximidade dele.

-Laranja ou Maracujá? - ele perguntou me oferecendo uma das duas

-Maracujá - respondi pegando uma das latas e abrindo, acabei derrubando um pouco na minha calça e limpei rapidamente enquanto escutei uma risada

-Precisa mesmo de maracujá, quem sabe você não se acalma um pouco - ele disse enquanto abria a lata dele e bebia, aquilo parecia extremamente hipnotizante, percebi que ele me olhava e verei para o outro lado tentando disfarçar!

-Preciso mesmo, depois dessa notícia! Pelo menos ninguém vai se importar quando souberem que eu pedi demissão

-Eu não aceito sua demissão! Você não pode estar falando sério!

-Você não pode fazer nada e eu já me decidi! Não preciso da sua opinião e muito menos da sua opinião para isso! - respondi enquanto bebia meu suco

-É o que você acha! -  ele respondeu sorrindo

-O que você quer dizer com isso? - Perguntei sem entender nada - Ah quer saber! Que se dane, não me importa mais o que você ou a sua família acha! Só me manda o convite depois?

-Como assim? - ele perguntou preocupado

-Bom eu vou viajar e do jeito que as coisas são capaz de eu nem ser convidada! -  respondi sorrindo

-Isso seria impossível! Você tem que estar no casamento ou não vai ter casamento? - ele respondeu encostando a cabeça na parede

-O que você quer dizer com isso? Se for me chamar para ser sua madrinha pode esquecer viu! Porque eu vou viajar e nem sei se gosto tanto assim de você! - Respondi sorrindo

-Viajar para onde?

-Não te interessa! Só me avisa para que eu possa te mandar um presente, apesar de tudo o que passamos eu gosto muito da sua família, inclusive do seu pai

-É, eu soube…

-Soube de que?

-Que vocês passam muito tempo juntos! - ele disse com um tom de sarcasmo 

-Não sei se estou entendendo muito bem esse seu comentário! - me levantei e comecei a encarar ele

-Deixa para lá, é bom você cancelar sua viagem, porque você não vai ter tempo para isso!

-Quem você acha que é para dizer o que eu vou ou não fazer! Vá cuidar da sua vida! - respondi caminhando até a porta, senti um puxão e quando vi ele me segurava de frente para ele

-Eu vou me casar com você! Você é a noiva... idiota! - ele estava tão próximo que eu podia sentir a respiração dele no meu cabelo, eu tentei me afastar e ele me segurou mais próximo, era quase como um abraço e eu me sentia sufocada com tudo aqui?

-Casar? Que conversa era aquela? Eu imaginava que ele fosse se casar com a Sophia ou até mesmo a Carolina! Porque ele iria se casar comigo, minha cabeça rodava e eu não conseguia entender, lembrei da conversa daquela manhã tentando achar algum indício de que meus pais fossem me contar que simplesmente estavam me trocando e me usando como uma moeda de troca para juntar as empresas? Que merda era aquela só podia ser um sonho

-Não deve ser difícil para você, já que você era apaixonada por mim.

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