Sorrio e vou até o bar pegar algumas bebidas pra nós. Na volta até onde ela está, um cara me puxa pelo braço e pede pra dançarmos um pouco. Por que não? Entrego a bebida da Melissa e vou com o cara até a pista. Ele é bonito e dança muito bem. Por alguns instantes, esqueço de tudo e me entrego à dança. Com os olhos fechados, jogo as mãos pra cima e deixo que o cara ponha as suas na minha cintura.O corpo dele fica mais próximo do meu, tão próximo que sinto sua respiração no meu pescoço. De repente paro. O cheiro dele é muito parecido com outro que senti hoje e que não sentia há muito tempo. Esse cara tem o mesmo cheiro do Nick. A menos que o dono seja mesmo o Nick. Viro-me devagar e vejo que o homem atrás de mim é mesmo ele.— Nick... — é tudo o que eu consigo dizer com a respiração acelerada.— Está se divertindo? — ele pergunta sério — Quem era aquele cara?Olho pra trás dele e vejo o cara com quem eu achei que estava dançando, com um olhar de medo e decepção no rosto.— O que você f
ADAEla me olha como se eu fosse uma pessoa de outro planeta. Deve estar pensando que tipo de mulher idiota eu sou para aceitar me casar com um homem que claramente ama outra mulher. Mas, ora, foda-se isso. Eu amo o Nick e aceitarei qualquer coisa que ele queira me dar. Inclusive esse tipo de humilhação porque, convenhamos, não é difícil imaginar o quê eles faziam dentro daquele banheiro. E não é como se eu não merecesse né...— Eu juro que não vou morder. Nem vou te infligir dor física. — digo com toda paciência que me é normal.Mas ela demora ainda vários minutos antes de finalmente se sentar no banquinho do bar, ao meu lado. O garçom se aproxima e pergunta o que queremos para beber. Peço um chá gelado e ela pede um gimlet.— Por que me pediu pra ficar? Nós não temos nada o que falar.— Claro que temos. — sorrio para o garçom quando ele trás as nossas bebidas — Existem alguns pontos que precisam ser esclarecidos.Ela bebe seu gimlet devagar, fazendo uma careta levemente após o gole.
ADAEla se levanta, põe-se na minha frente e me sacode devagar pelos ombros. Pelo menos devagar o suficiente para fazer com que eu me desequilibre um pouco. Caramba, ela é fortinha hein.— Ada, do que você está falando?— Todos esses meses eu fiquei pensando no motivo de vocês dois terem terminado. Aparentemente vocês se amavam. Quando os vi aqui em Nova Iorque no Natal eu cheguei a considerar deixar o Nick em paz após saber que ele sequer tinha esperado o Ano Novo pra levar você para longe. Então quando vi o Nick comprar um anel e voltar voando pra Miami em fevereiro, imaginei que ele tivesse te pedido e por causa do seu aborto e da omissão dele, você tivesse recusado.Ela toma de uma vez a segunda bebida que eu lhe pedi e volta a se sentar. Mais calma dessa vez.— Como assim comprado um anel? E como diabos você sabe do meu aborto? Ele te contou?— Não, ele não contou. O Julian contou.— Desculpa, mas não consigo imaginar você com uma bomba dessas nas mãos e não soltá-la em cima de mi
ADAEla abre a boca para responder, mas opta por mantê-la fechada. Não sei o que se passa na sua cabeça, mas obviamente é algo que ela não chegou a considerar antes. Por um instante, me pergunto que tipo de jogo eu estou armando aqui. Estou praticamente incentivando-a a esclarecer as coisas com o homem que eu amo. Mas a mínima chance que eu tiver de vê-lo ter um pouco de paz me serve de consolo, já que vejo em seus olhos a dor que ele carrega graças a esse término. Duvido que ele não se case comigo, com um filho a caminho, então não preciso me preocupar com uma futura reconciliação deles, apenas com um acerto de contas. Esclarecer as coisas com ela pode fazê-lo seguir em frente comigo. Ela me prestou esse favor uma vez ao me ligar para contar a minha versão das coisas, talvez eu possa devolver-lhe a gentileza.— Não entendo o motivo de você estar fazendo isso. Você o ama, ou não?— Claro que amo. Tanto que posso deixar que você tente esclarecer tudo com ele. Eu confio na nossa ligação
NICHOLAS— Parabéns, filho. — meu pai joga um exemplar de jornal em cima da minha mesa — Você é a capa do The Daily News de novo. Só que dessa vez não é no caderno de negócios e eles não te chamaram de salvador.Seu olhar é sério apesar da sua voz ser amistosa. Olho de relance para a matéria no jornal e faço um gesto desdenhoso com a mão para o meu pai, dizendo que estou ocupado demais para ver o que os jornais dizem sobre mim.— Não tem problema. Se você não tem tempo de ler, eu leio pra você.Ele limpa a garganta e começa.— "Presidente da HHE é flagrado aos beijos com morena misteriosa". — ele olha pra mim por cima do jornal com um olhar acusador.Eu apenas sorrio então ele continua.—"Na noite de ontem, o playboy CEO Nicholas Hoffman foi visto aos beijos dentro de uma boate aqui mesmo em Nova Iorque. Testemunhas disseram que após a sessão de beijos na pista de dança, os dois entraram em um dos banheiros e ficaram por lá por cerca de dez minutos. Não sabemos nada sobre a morena mis
Transar com ela dentro daquele banheiro só serviu para foder ainda mais com a minha cabeça. Deus, eu estava prestes a esquecer tudo e dizer que a queria de volta, implorar se fosse necessário, mas o nome daquele filho da puta em seu celular enviou ao meu cérebro uma carga de amor próprio e ao meu coração, uma onda glacial de indiferença. Sair e encontrar a Ada pronta para armar um escândalo também não ajudou em nada o meu estado de ânimo.E o resultado? Bebi até esquecer. Ou achar que esqueci. Não é de se admirar que a minha cabeça esteja a ponto de explodir essa manhã. Não fosse a Srta. Hitchcock eu ainda estaria bebendo. A visita dela à minha sala me ajudou a acordar um pouco e por ora, esquecer do meu encontro com o amor da minha vida ontem.Sou tirado dos meus pensamentos pelo som do meu e-mail. Checo rapidamente e quase deixo pra lá, já que é um e-mail da Molly, mas por fim acabo lendo. É uma série de informações sobre os negócios paralelos do Mike e umas conversas telefônicas. T
— Chame a Rachel seu idiota e você vai ver como eu posso entrar. — digo apontando o dedo no peito do cara.— A senhora Rachel não está, senhor.Rosno de raiva. Pego o frasco de comprimidos que levo sempre no bolso do meu casaco e engulo duas pílulas. Desde que vi e transei com a Ellen na boate, eu não durmo. Não consegui pregar o olho porque toda vez que fazia isso, eu a via com a cabeça jogada para trás em prazer e ouvia seus gemidos no meu ouvido.— Ela sempre está. — digo entre os dentes — Por que não está hoje?— Não conheço os detalhes da agenda da senhora Rachel, senhor. Mas se quiser, pode esperar.— Ótimo. — digo dando um passo à frente.— Aqui fora, senhor. — ele enfatiza e eu dou meia volta, irado.Espero sentado na minha moto por mais de meia hora, mas ela não aparece, então desisto e vou embora bufando de raiva. Saio a toda velocidade como se o diabo estivesse atrás de mim e por um instante acho que está mesmo. Minha mente tão nublada que mal percebo quando passo por um po
ELLENEssa cólica dos infernos não passa. Já tomei mil doses de Buscopan e nada. Está aí uma coisa que eu não sentia falta quando estava naquela maldita situação de cadeirante. Não sei por que a mãe natureza não pode simplesmente enviar uma mensagem do tipo: "Olá, você não ficou grávida. Nos vemos no mês que vem." Mas parece que desde que eu me recuperei cem por cento, meu corpo quer compensar pelos meses em que a minha menstruação não veio. E está compensando com dores horríveis e uma quantidade de sangue que pode facilmente ser confundida com uma hemorragia.— Você está um porre hoje, Ellen. — a Melissa diz, olhando por cima dos seus planos de estudo.— Estou morrendo de dor. Tenho mil e uma coisas passando na minha cabeça e você ainda quer que eu esteja distribuindo simpatia?Ela apenas sorri, sacudindo a cabeça sem nenhuma vergonha. Eu rolo os olhos e volto a encarar o teto. Agora definitivamente não pensando mais no meu ciclo menstrual restaurado e sim nas outras coisas que ronda