ELLENEssa cólica dos infernos não passa. Já tomei mil doses de Buscopan e nada. Está aí uma coisa que eu não sentia falta quando estava naquela maldita situação de cadeirante. Não sei por que a mãe natureza não pode simplesmente enviar uma mensagem do tipo: "Olá, você não ficou grávida. Nos vemos no mês que vem." Mas parece que desde que eu me recuperei cem por cento, meu corpo quer compensar pelos meses em que a minha menstruação não veio. E está compensando com dores horríveis e uma quantidade de sangue que pode facilmente ser confundida com uma hemorragia.— Você está um porre hoje, Ellen. — a Melissa diz, olhando por cima dos seus planos de estudo.— Estou morrendo de dor. Tenho mil e uma coisas passando na minha cabeça e você ainda quer que eu esteja distribuindo simpatia?Ela apenas sorri, sacudindo a cabeça sem nenhuma vergonha. Eu rolo os olhos e volto a encarar o teto. Agora definitivamente não pensando mais no meu ciclo menstrual restaurado e sim nas outras coisas que ronda
Ao redirecionar a atenção de volta pra mim, Cami e Loren me olham com curiosidade estampada. Sobre o quê mesmo estávamos conversando? Ah, sobre o quando o Nick é bom de cama. Ou de chão. Ou de parede. Ou de qualquer lugar onde ele trepe com alguém. Quanto a isso, não há mais nada que eu possa falar. Eu transei com ele. Foi uma delícia, embora não tenha sido uma decisão lá muito inteligente. Francamente eu estava com tanto tesão que não poderia ter pensado racionalmente mesmo que eu quisesse. Mas eu não me arrependo do que fiz.— Ainda não consigo acreditar que você não me contou antes que namorava um cara como aquele, Ellen. — Melissa resmunga, penteando os cabelos loiros curtinhos.— Eu não queria que ninguém soubesse sobre o meu envolvimento com o patrocinador da nossa equipe. Não queria que pensassem que conseguimos porque eu transava com ele.Tecnicamente não é mentira.— Não vem com essa. A equipe só pegou o contrato de patrocínio agora e vocês já terminaram há meses. E mesmo ass
Ele olha a minha boca por poucos segundos, mas suficientes para fazê-la secar. Depois se inclina um pouco e eu penso em me lançar contra ele, mas recuo no último minuto. Nick fecha os olhos com força e quando os abre, enfia a mão dentro do bolso da sua jaqueta de couro e tira um pequeno frasco. Põe uma pílula na mão e a engole rápido. Solto um longo e audível suspiro ao ver isso. Ele realmente voltou a se drogar. Mas além de mim, eu sei a razão de tudo isso.— Sinto muito pelo Oliver, Nick.Ele abaixa a cabeça e de repente seus ombros começam a tremer. Percebo que é porque ele está chorando. Não emite nenhum barulho, mas a quantidade de lágrimas que descem pelo seu rosto é absurda. Sento-me ao lado dele e trago sua cabeça ao meu encontro. Ele se aninha na curva do meu pescoço e me abraça. Nossa! Sua dor também me machuca. Eu começo a dizer palavras de consolo no seu ouvido, como "fique calmo", "vai melhorar", "você vai ficar bem", mas ele não parece estar me ouvindo porque em contradi
Assim como da primeira vez que eu e o Nick dormimos juntos, acordo e vejo seu belo rosto assim que abro os olhos. Está mais abatido do que naquela ocasião, mas por baixo da casca de um homem ferido, sei que mesmo que seja lá no fundo, ainda existe o homem que eu amo.Sei que não deveria, – afinal, ele vai se casar – mas fico um bom tempo deitada ao seu lado, ouvindo os batimentos ritmados do seu coração e sentindo o seu cheiro. Normalmente eu durmo com o Nicky, meu cachorrinho de pelúcia de meio metro que o Nick ganhou pra mim quando fomos ao parque. Eu costumava esfregar as camisas do Nick no bichinho para me sentir bem na hora de dormir, toda vez que ele ia à Nova Iorque e, incrivelmente, depois de tanto tempo, o cheiro ainda está impregnado. Bem fraquinho, mas eu ainda o sinto e é com esse cheiro que eu durmo todos os dias.Agora, porém, o cheiro real do homem real, é a coisa mais reconfortante que eu tenho em meses de noites e mais noites de sono ruins. Imprensada em alguns centím
Abro a boca para dizer que não é nada do que ele está imaginando, mas é inútil. Assim como da outra vez, ele está tirando conclusões precipitadas.— Deixe-me adivinhar... é dele, não é?— É, mas...— Porra. É inacreditável. Eu aqui abrindo a porra do coração pra você, dizendo que te quero de volta, disposto a esquecer toda aquela merda que você fez e você ainda está com ele?Como ele pode dizer ainda, se eu nunca estive?— Você está errado, Nick. — digo calmamente, ou pelo menos parecendo calma já que meu coração está a mil — E se for pra repetir a briga de meses atrás, é melhor pularmos para a parte onde eu e você nos separamos novamente. Não aguentarei você falando tudo aquilo outra vez.— E você ainda age como se eu fosse um crápula? Foi você quem me traiu.— Eu nunca traí você Nick, pelo amor de Deus. — digo num tom de voz mais alto do que eu queria.— Então como você chama estar nua em uma cama ao lado de um cara que claramente não é seu namorado após a noite do dia dos namorados
NICHOLASEstou em Nova Iorque há menos de dez horas e já estou saindo novamente daqui. Desde o primeiro dia em que pus os pés de volta na cidade, sempre quis um pretexto para sair. Para qualquer lugar que fosse. Se fosse para ir à Miami, melhor ainda. Hoje, esse "pretexto" me caiu como uma luva. Envio uma mensagem pra Ellen dizendo que estou voltando e, apertando o cinto bem forte durante a decolagem de volta à Miami, permito-me pensar sobre os eventos do dia que me levaram a tomar tal decisão.Depois de deixar o quarto da Ellen de manhã, mais uma vez com o coração nas mãos e a cabeça um pouco mais fodida do que já estava, voltei imediatamente para Nova Iorque. Meu piloto mal teve tempo de descansar direito e eu já o estava arrastando novamente para o céu. Pensar nela com aquele cara foi suficiente para me fazer beber até quase chegar em casa. Também procurei a ajuda das minhas fiéis pílulas, mas não as encontrei. Devo ter deixado cair em algum momento enquanto tentava transar com ela
— Eu sei. Eu também não faço, mas não ousaria me apaixonar por um democrata com o pai que tenho. — ela diz com um leve sorriso também, mas percebo que não está brincando — Já bastou ela ter se casado com um democrata, ainda foi presenciar a vitória de um rival? Eu não estava do lado do papai, pois sei que quando se trata de amor a gente não escolhe por quem se apaixona, mas ela achou que sim e nós brigamos. Eu tenho meu orgulho e não a corrigi. Ficou por isso mesmo.Posso imaginar a situação entre elas. Ainda bem que eu nunca me aproximei realmente da família da minha mãe, – tios, primos e avós – pois não aguentaria essa coisa de "nós republicanos, eles democratas". Não acho que pessoas são definidas por partidos políticos.— Vai tentar se acertar com ela?— Ela se divorciou do marido recentemente e quer voltar à família. Papai está intransigente e eu estou...— Fazendo o papel da Suíça entre os dois.— Isso. Ela me chamou e aproveitei que você vai estar pertinho dali... tem certeza d
— Mãe, você acha que vale a pena largar tudo por alguém que a gente ama?Ela se cala, parecendo triste de repente. Seu rosto fica branco por uns longos segundos, mas então a máscara Hoffman cobre qualquer resquício de sentimento oculto que ela tenha deixado transparecer a mim. Curioso. Posso estar enganado, mas acho que sei por que ela ficou assim. Só quem já teve um coração partido sabe identificar tão bem outro.— Alguma vez você já amou o papai, mãe?— Por que acha que eu não o amo? — ela pergunta parecendo distante.— Porque eu sei reconhecer o amor e francamente não o vejo quando olho vocês dois.Ela sorri um sorriso amarelo e abaixa a cabeça, deixando de lado sua vodca.— Eu gosto de pensar que houve uma época em que seu pai era o meu príncipe encantado.— Quando ele deixou de ser?— Não sei. — ela responde pensativa — Acho que a magia estava apenas na minha cabeça.— Mas você já o amou? — pergunto novamente já que ela não respondeu.Ela me encara séria e acho, por um momento, q