Assim como da primeira vez que eu e o Nick dormimos juntos, acordo e vejo seu belo rosto assim que abro os olhos. Está mais abatido do que naquela ocasião, mas por baixo da casca de um homem ferido, sei que mesmo que seja lá no fundo, ainda existe o homem que eu amo.Sei que não deveria, – afinal, ele vai se casar – mas fico um bom tempo deitada ao seu lado, ouvindo os batimentos ritmados do seu coração e sentindo o seu cheiro. Normalmente eu durmo com o Nicky, meu cachorrinho de pelúcia de meio metro que o Nick ganhou pra mim quando fomos ao parque. Eu costumava esfregar as camisas do Nick no bichinho para me sentir bem na hora de dormir, toda vez que ele ia à Nova Iorque e, incrivelmente, depois de tanto tempo, o cheiro ainda está impregnado. Bem fraquinho, mas eu ainda o sinto e é com esse cheiro que eu durmo todos os dias.Agora, porém, o cheiro real do homem real, é a coisa mais reconfortante que eu tenho em meses de noites e mais noites de sono ruins. Imprensada em alguns centím
Abro a boca para dizer que não é nada do que ele está imaginando, mas é inútil. Assim como da outra vez, ele está tirando conclusões precipitadas.— Deixe-me adivinhar... é dele, não é?— É, mas...— Porra. É inacreditável. Eu aqui abrindo a porra do coração pra você, dizendo que te quero de volta, disposto a esquecer toda aquela merda que você fez e você ainda está com ele?Como ele pode dizer ainda, se eu nunca estive?— Você está errado, Nick. — digo calmamente, ou pelo menos parecendo calma já que meu coração está a mil — E se for pra repetir a briga de meses atrás, é melhor pularmos para a parte onde eu e você nos separamos novamente. Não aguentarei você falando tudo aquilo outra vez.— E você ainda age como se eu fosse um crápula? Foi você quem me traiu.— Eu nunca traí você Nick, pelo amor de Deus. — digo num tom de voz mais alto do que eu queria.— Então como você chama estar nua em uma cama ao lado de um cara que claramente não é seu namorado após a noite do dia dos namorados
NICHOLASEstou em Nova Iorque há menos de dez horas e já estou saindo novamente daqui. Desde o primeiro dia em que pus os pés de volta na cidade, sempre quis um pretexto para sair. Para qualquer lugar que fosse. Se fosse para ir à Miami, melhor ainda. Hoje, esse "pretexto" me caiu como uma luva. Envio uma mensagem pra Ellen dizendo que estou voltando e, apertando o cinto bem forte durante a decolagem de volta à Miami, permito-me pensar sobre os eventos do dia que me levaram a tomar tal decisão.Depois de deixar o quarto da Ellen de manhã, mais uma vez com o coração nas mãos e a cabeça um pouco mais fodida do que já estava, voltei imediatamente para Nova Iorque. Meu piloto mal teve tempo de descansar direito e eu já o estava arrastando novamente para o céu. Pensar nela com aquele cara foi suficiente para me fazer beber até quase chegar em casa. Também procurei a ajuda das minhas fiéis pílulas, mas não as encontrei. Devo ter deixado cair em algum momento enquanto tentava transar com ela
— Eu sei. Eu também não faço, mas não ousaria me apaixonar por um democrata com o pai que tenho. — ela diz com um leve sorriso também, mas percebo que não está brincando — Já bastou ela ter se casado com um democrata, ainda foi presenciar a vitória de um rival? Eu não estava do lado do papai, pois sei que quando se trata de amor a gente não escolhe por quem se apaixona, mas ela achou que sim e nós brigamos. Eu tenho meu orgulho e não a corrigi. Ficou por isso mesmo.Posso imaginar a situação entre elas. Ainda bem que eu nunca me aproximei realmente da família da minha mãe, – tios, primos e avós – pois não aguentaria essa coisa de "nós republicanos, eles democratas". Não acho que pessoas são definidas por partidos políticos.— Vai tentar se acertar com ela?— Ela se divorciou do marido recentemente e quer voltar à família. Papai está intransigente e eu estou...— Fazendo o papel da Suíça entre os dois.— Isso. Ela me chamou e aproveitei que você vai estar pertinho dali... tem certeza d
— Mãe, você acha que vale a pena largar tudo por alguém que a gente ama?Ela se cala, parecendo triste de repente. Seu rosto fica branco por uns longos segundos, mas então a máscara Hoffman cobre qualquer resquício de sentimento oculto que ela tenha deixado transparecer a mim. Curioso. Posso estar enganado, mas acho que sei por que ela ficou assim. Só quem já teve um coração partido sabe identificar tão bem outro.— Alguma vez você já amou o papai, mãe?— Por que acha que eu não o amo? — ela pergunta parecendo distante.— Porque eu sei reconhecer o amor e francamente não o vejo quando olho vocês dois.Ela sorri um sorriso amarelo e abaixa a cabeça, deixando de lado sua vodca.— Eu gosto de pensar que houve uma época em que seu pai era o meu príncipe encantado.— Quando ele deixou de ser?— Não sei. — ela responde pensativa — Acho que a magia estava apenas na minha cabeça.— Mas você já o amou? — pergunto novamente já que ela não respondeu.Ela me encara séria e acho, por um momento, q
A garota sai e eu me sento na cama onde eu dormi com a Ellen antes de ontem. Passa das seis da manhã e eu me pergunto por que ela já está acordada. Lembro-me dela na minha casa e ela não era uma criatura muito matinal. Sempre acordava tarde. É claro que o tempo que eu a mantinha acordada durante a noite ajudava na sua preguiça em levantar de manhã, mas mesmo assim.Em cima da cama está o ursinho de pelúcia que eu ganhei pra ela no tiro ao alvo quando visitamos o parque e as roupas que ela provavelmente acabou de tirar, pois seu cheiro está impregnado. Sem conseguir evitar, levo sua blusa de alcinha ao nariz e fico embriagado na mesma hora. Sinto meu pau endurecer e uma vontade súbita de entrar no banheiro e pegá-la nua em flagrante me invade, mas eu resisto. Não quero problemas antes de acertar tudo com ela.Escuto o chuveiro sendo desligado e meu coração começa a palpitar com a emoção de vê-la. Caramba, parece que faz meses que eu não a vejo. Não faz nem um dia inteiro. Quando ela ap
Diante do seu desprezo, eu cedo. Eu libero as lágrimas que mantinha em cativeiro. É difícil demais deixar tudo isso dentro de mim. Não sei se vou poder suportar ficar longe dela. Droga, esses meses de distância têm sido de longe os piores da minha vida...— Amor, por favor... não diz isso... diz que vai ficar comigo... diz que me aceita de volta.— Não posso. Você me magoou demais. — ela diz chorando baixinho, evitando olhar pra mim.— Eu também estava magoado.Vendo suas lágrimas, eu derramo ainda mais as minhas. Por favor Deus, faça com que ela me perdoe. Por favor, por favor.— Não parece. O modo como você tem vivido... não parece que tenha sentido minha falta como você diz sentir.— Eu estava destruído, Ellen. As coisas que eu fiz... eu só...Queria esquecer.— Eu também estava. — ela retruca sem se alterar — Mas nem por isso eu saí trepando com todo cara que eu via na rua. Você não me magoou só naquele dia. Você tem me magoado todos os dias desde aquele dia.Tenho plena consciênc
ELLENO torneio no Michigan foi totalmente maravilhoso. Tyler e eu conseguimos uma medalha de ouro e duas de prata. A equipe no geral, conseguiu o terceiro lugar. Uma ótima distração para afastar da minha mente, por uns dias pelo menos, as coisas recém-descobertas do Nick. Como eu queria que ele dissesse que aquilo tudo era um engano e que o ultrassom que eu tinha em meu poder não tinha nada a ver com ele, quando o confrontei no meu quarto semana passada. Mas sua confirmação da gravidez da Ada foi mais um soco no estômago, assim como muitos que tenho recebido.Ainda posso ouvir sua voz, dizendo que me ama e ao mesmo tempo, não negando a prova irrefutável da sua "traição" de meses atrás. Como eu deveria me sentir ao saber que aquela mulher vai dar a ele a coisa que ele mais quer no mundo? Não dá pra competir com isso. E por mais ordinária que a Ada seja, ninguém merece ter o pai de seu filho arrancado de seus braços por outra mulher. Eu não conseguiria ficar em paz sabendo que tirei de