Rebecca Na manhã seguinte decidi que a partir de agora sentaria junto com Luan, não só pelo fato de estarmos namorando, mas também porque Camille agora sentava-se com seu companheiro. Ainda não entendia esse comportamento dela com relação a mim, mas todas as vezes que tentei conversar ela simplesmente me ignorou. Sentei ao seu lado e logo comecei a ouvir cochichos sobre nós. Mas ignorei e comecei a conversar animadamente com Luan. A professora ainda não havia chegado e tínhamos alguns minutos para isso. Quando Raíssa entrou na sala, seus olhos brilharam de raiva ao me ver sentada com Luan, rindo e conversando. - O que você está fazendo junto com ele? - Raíssa perguntou, sua voz gelada e ameaçadora. A encarei, com um sorriso no rosto. - Estou aqui junto com meu namorado, qual o problema? - respondi enfatizando a palavra "namorado". Raíssa deu um passo à frente, seus dentes trincados. - Você não é nada para ele - Raíssa disse, sua voz aumentando de volume. - Ele é meu, e s
Sábado finalmente chegou, mas hoje o dia amanheceu nublado. Desci para tomar o café da manhã e meus pais pareciam mais tristes do que o habitual. Como a população em nossa alcatéia é pequena, quase todo mundo se conhece. Então quando ocorria alguma morte, todos ficavam em um luto silencioso. Depois do café me dirigi para o local do sepultamento, e me encontrei com Luan, ele estava preocupado: - A polícia chegou a conclusão de que ela tirou a própria vida. - Ele disse me comunicando pela ligação mental, para ninguém ouvir. E segurando a minha mão, enquanto observamos os familiares se despedirem da jovem loba. Ela morava em uma casa simples próximo a muralha. - Isso é muito estranho. - Eu falei, me sentindo um pouco perturbada com essa informação. - E tem mais, ouvi a conversa de meu pai pelo telefone, ele mandou colocar no laudo apenas morte por afogamento. Então compreendi aonde ele queria chegar. - E se... - Não completei a frase. Nós estamos pensando exatamente a mesm
Luan Após pegar o endereço de alguns familiares próximos às vítimas por afogamento, escolhi alguns para iniciar a nossa investigação. Por coincidência, a maioria morava na região próxima a muralha. Era uma região mais pobre, onde se encontravam pequenos agricultores e prestadores de serviços da nossa alcatéia. Escolhi visitar Anna, uma senhora de idade que trabalhava com reciclagem, e a vítima era sua irmã mais nova. Assim que saímos da escola, eu e Rebecca fomos direto para o endereço de Anna. Ao chegar, notei a pobreza das casas daquela região, as ruas de estrada de chão e crianças sujas, com roupas surradas brincando em frente das casas. Olhei para Rebecca ao meu lado no carro, tão elegante mesmo com seu uniforme escolar, maquiada, cabelos incrivelmente bem cuidados, adornada com jóias, em contraste com as cenas que se passavam como um filme do lado de fora. Ela olhava pela janela, sua expressão mostrando surpresa e indignação. - Eu não sabia que as pessoas próximas à muralha
Rebecca Durante a semana, eu e Luan quase todos os dias visitamos vários parentes das vítimas por afogamento. E tirando alguns poucos que se recusaram a nos atender, a maioria contou quase a mesma história. Chegamos a conclusão que haviam muitos casos de companheiros destinados de outras alcatéias, e com a proibição destes relacionamentos para manter a linhagem pura, as vítimas entraram em depressão. Era uma situação extremamente triste, e também ficamos indignados com o descaso em que viviam as pessoas que moravam próximas à muralha. Situação de pobreza extrema. Notei que Luan ficou muito abalado com tudo que viu e descobriu. Eu sei que ele é uma ótima pessoa e que vai fazer algo para mudar a forma com que essas pessoas têm vivido. Chegou o dia do meu aniversário, durante todo dia estive tranquila como jamais imaginei que estaria, afinal Camille havia me ajudado sem querer, fazendo seu casamento no dia do meu aniversário. E sabia que todos iriam em seu casamento, pois ning
Marlon Depois da posse de Caleb, continuei na casa Lunar, agora Colin me tratava com respeito como filho. Caleb também me tratava de forma cordial, às vezes até como amigo. Decidi prolongar a minha estadia por aqui depois do que ouvi sobre a tal loba com poderes especiais que meu pai procurava. Tudo que eu quero é fazer parte do grupo que ajudará nesta busca. Tenho treinado todos os dias junto com os saldados da nossa alcatéia. Todos os dias sinto as emoções que ela transmite através do vínculo, as vezes me sinto feliz, outras vezes frustrado e então me dou conta que este sentimentos não são meus e sim dela. Estava deitado na cama confortável do meu quarto na casa Lunar, durante o dia inteiro havia sentido uma certa tranquilidade passar através do vínculo, a noite caiu e senti alegria, olhei para o céu a lua estava tão linda, cheia. Como será que ela é? E porque fez isso comigo? Será que ela realmente é minha companheira destinada, ou apenas me marcou para me fazer sofrer? Será
Rebecca O despertador tocou, abri os olhos lentamente, ainda lembrando dos acontecimentos da noite anterior, mal consegui dormir, rolando de um lado para o outro na cama. Depois da dor no meu peito passar, pedi para Luan levar Raíssa para casa para acalmá-la, ainda assim ela avançou contra mim enquanto eu dava a volta para ir embora. Ela saltou em minha direção mirando em meu pescoço, mas fui rápida em dar um passo para trás e a mordida acabou em meu antebraço, que usei para me defender. Agora meu braço estava bem melhor, apenas com as marcas leves dos seus dentes. Meu poder de cura é incrivelmente mais rápido que dos demais lobos. Várias perguntas haviam tirado o meu sono durante a noite, além da dor da mordida de Raíssa, comecei a questionar se o que eu estava fazendo era de fato a melhor coisa para Marlon, afinal de contas ele está sofrendo. Como se não bastasse, Raíssa também está sofrendo. Não que eu tenha pena dela, pois sempre foi uma vadia com todos. E está recebendo o q
Luan Minha cabeça estava cheia, desde que completei dezoito anos minha vida virou de cabeça para baixo. Até então eu vivia como em um conto de fadas, era o primogênito do alfa, meu pai sempre fez todas as minhas vontades, nunca quis algo que não pudesse ter, nem financeiramente, nem emocionalmente. Tinha amigos, namoradas e achava que a vida era muito fácil. Cresceria e meu pai me tornaria alfa e enfim, além de todas as mordomias também teria o poder. Mas depois do meu aniversário comecei a notar que as coisas não eram dessa forma, assim que comecei a me integrar do que acontecia na prefeitura, comecei a notar falhas na gestão de meu pai. A história de manter a linhagem pura a todo custo, havia tirado a vida de várias pessoas de nossa alcatéia, fora outras que viviam de forma miserável. Eu queria mudar as coisas, queria dar condições de vida melhores para nossa alcatéia, para todos, não somente alguns. Eu queria enfrentá-lo, gritar com ele, fazê-lo entrar com providência com re
Marlon Assim que saímos para vigiar a muralha da Lua Crescente, eu a vi. Sabia suas características, mas não tive dúvidas que era ela pela sua reação. Quando nossos olhares se encontraram, ela ficou muito nervosa e não parou de me olhar. Ela estava acompanhada e pediu para o lobo levá-la embora. Observei atentamente o carro se afastar. No dia seguinte eu descobri uma brecha no muro, algo que deve ter passado despercebido pelos nossos soldados. Mas encontrei um local não vistoriado e decidi que iria passar sozinho para chegar até ela. Seria uma ação rápida e discreta. Dispensei a maioria dos soldados, levando somente três comigo, e ficamos esperando o momento certo. Levei comigo uma seringa de tranquilizantes e assim que a noite caiu entrei no território da Lua Crescente, andei discretamente pelas ruas durante um bom tempo. A informação que tinha é que ela era filha do beta, e vivia em uma grande mansão do lado sul. Já passava um pouco da meia noite quando avistei a sua casa. Pulan